Preparação para a Consagração – 6º dia da Primeira Semana

Primeira Semana - Conhecimento de Si Mesmo

Façamos valer  nosso segredo de graça

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Orações

O rosário e a coroinha de Nossa Senhora podem ser encontrados aqui

Veni, Sancte Spiritus

Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação.Por Cristo Senhor Nosso. Amém

Veni Sancte Spíritus reple tuórum corda fidélium, et tu amóris in eis ignem accénde. Emítte Spíritum tuum et creabúntur. Et renovábis faciem terrae.

Oremus: Deus, qui corda fidélium Sancti Spíritus illustratióne docuisti da nobis in eódem Spíritu recta sápere, et de ejus semper consolatióne gaudére. Per Christum Dóminum nostrum. Amen

Ladainha do Espírito Santo

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Divino Espírito Santo, ouvi-nos.
Espírito Paráclito, atendei-nos.

Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, redentor do mundo,
Deus Espírito Santo,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus.
Espírito da verdade,
Espírito da sabedoria,
Espírito da inteligência,
Espírito da fortaleza,
Espírito da piedade,
Espírito do bom conselho,
Espírito da ciência,
Espírito do santo temor,
Espírito da caridade,
Espírito da alegria,
Espírito da paz,
Espírito das virtudes,
Espírito de toda graça,
Espírito da adoção dos filhos de Deus,
Purificador das nossas almas,
Santificador e guia da Igreja Católica,
Distribuidor dos dons celestes,
Conhecedor dos pensamentos e das intenções do coração,
Doçura dos que começam a vos servir,
Coroa dos perfeitos,
Alegria dos anjos,
Luz dos patriarcas,
Inspiração dos profetas,
Palavra e sabedoria dos apóstolos,
Vitória doa mártires,
Ciência dos confessores,
Pureza das virgens,
Unção de todos os santos,

Sede-nos propício, perdoai-nos, Senhor.
Sede-nos propício, atendei-nos, Senhor.

De todo o pecado, livrai-nos, Senhor.
De todas as tentações e ciladas do demônio,
De toda a presunção e desesperação.
Do ataque à verdade conhecida,
Da inveja da graça fraterna,
De toda a obstinação e impenitência,
De toda a negligência e tepor do espírito,
De toda a impureza da mente e do corpo,
De todas as heresias e erros,
De todo o mau espírito,
Da morte má e eterna,

Pela vossa eterna procedência do Pai e do Filho,

Pela milagrosa conceição do Filho de Deus,
Pela vossa descida sobre Jesus Cristo batizado,

Pela vossa santa aparição na transfiguração do Senhor,
Pela vossa vinda sobre os discípulos do Senhor,
No dia do juízo,
Ainda que pecadores,nós vos rogamos, ouví-nos.

Para que nos perdoeis,
Para que vos digneis vivificar e santificar todos os membros da Igreja,
Para que vos digneis conceder-nos o dom da verdadeira piedade, devoção e oração,
Para que vos digneis inspirar-mos sinceros afetos de misericórdia e de caridade,
Para que vos digneis criar em nós um espírito novo e um coração puro,
Para que vos digneis conceder-nos verdadeira paz e tranqüilidade no coração,
Para que vos digneis fazer-nos dignos e fortes, para suportar as perseguições pela justiça,
Para que vos digneis confirmar-nos em vossa graça,
Para que vos digneis receber-nos o número dos vossos eleitos,
Para que vos digneis ouvir-nos,
Espírito de Deus,

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, envia-nos o Espírito Santo.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, mandai-nos o Espírito prometido do Pai.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, dai-nos o Espírito bom.
Espírito Santo, ouví-nos.
Espírito Consolador, atendei-nos.

V. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. E renovareis a face da terra.

Oremos: Deus, que instruístes o coração de vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo,
concedei-mos que, no mesmo Espírito, conheçamos o que é reto,
e gozemos sempre as suas consolações.

Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.

Kyrie, Eleison
Christie, Eleison
Spiritus Sancte, audi nos
Spiritus Paraclite, exaudi nos

Pater de caelis, Deus, miserere nobis.
Fili redemptor mundi Deus,
Spiritus Sancte Deus,
Sancta Trinitas, unus Deus,
Spiritus veritatis,
Spiritus sapientiae,
Spiritus intellectus,
Spiritus foritudinis,
Spiritus pietatis,
Spiritus recti consilit,
Spiritus scientiae,
Spiritus sancti timoris,
Spriritus caritatis,
Spiritus gaudii,
Spiritus pacis,
Spiritus virtutum,
Spiritus multiformis gratiae,
Spiritus adoptionis Filiorum Dei,
Purificatur animarum nostrarum,
Ecclesiæ catholicæ sanctificator et rector,
Caelestium donorum distributor,
Discretor cogitationum et intetionum cordis,

Dulcedo in tuo servitio incipientium,
Corona perfectorum,
Gaudium angelorum,
Iluminatio patriarcarum,
Instpiratio prophetarum,
Os et sapientiae apostolorum,
Victoria Martyrium,
Scientia Condessorum,
Puritas virginum,
Unctio sanctorum omnium,

Propitius esto, parce nobis Domine,
Porpitius esto, exaudi nos Domine,

Ab omni peccato libera nos Domine,
Ad omnibus tentationinbus et insidiis diaboli,
Ab omnine presumptione e desesperatione,
Ab impugnationem veritatis agnitae,
Ab invidentia fraternae gratiae,
Ab omni obstinatione et impoenitentia,
Ab omni negligentia et tepore animi,
Ab omni immunditia mentis et corporis,
Ab haeresibus et erroribus universais,
Ab omni malo spiritu,
A mala et aeterna morte,

Per aeternam ex Patre ex Filioque processionem tuam,
Per miraculosam conceptionem Filii Dei,
Per descensionem tuam super Christum baptizatum,
Per sanctam apparitionem tuam in tranfiguratione Domine,
Per adventum tuum super discípulos Christi,
In die iudicii.
Peccatores, te rogamus, audi nos.

Ut nobis parcas,
Ut omnia Ecclesia membra vivificare et sanctificare digneris,
Ut verae pietatis, devotionis et orationis donum nobis dare digneris,
Ut sinceros misericordiae charitatisque affectus nobis inspirare digneris,
Ut spiritum novum et cor mundum in nobis creare digneris,
Ut veram pacem et cordis tranquilitatem nobis dare digneris,
Ut ad tollerandas propter iustitiam persecutiones nos dignos et fortes efficias,
Ut nos in gratia tua confirmare digneris,

Ut nos in numerum electorum tuorum recipias,
Ut nos exaudire digneris,
Spiritus Dei,

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, effunde in nos Spiritum Sanctum.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, emitte promissum in nos Patris Spiritum.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, da nobis Spiritum bonum.
Spiritus Sanctum, audi nos.
Spiritus Paraclite, exaudi nos.

V. Emitte Spiritum tuum et creabuntur.
R. Et renovabis faciem terrae.

Oremus: Deus qui corda fidelium Sancti Spiritus illustratione docuisti, da nobis in eodem Spiritu recta sapere et de eius semper consolatione gaudere.

Per Christum Dominum nostrum. Amen.

 

Ladainha de Nossa Senhora

Kyrie, eleison.
Christe, eleison.
Kyrie, eleison.

Christe, audi nos.
Christe, exaudi nos.

Pater de cælis, Deus, miserere nobis.
Fili Redemptor mundi, Deus, miserere nobis.
Spiritus Sancte, Deus, *
Santa Trinitas, unus Deus, miserere nobis.

Sancta Maria, ora pro nobis.
Sancta Dei Genitrix, *
Sancta Virgo virginum, *
Mater Christi, *
Mater divinæ gratiæ, *
Mater purissima, *
Mater castissima, *
Mater inviolata,
Mater intemerata,
Mater amabilis,
Mater admirabilis,
Mater boni consilii,
Mater Creatoris,
Mater Salvatoris,
Mater Ecclesiae,
Virgo prudentissima,
Virgo veneranda,
Virgo prædicanda,
Virgo potens,
Virgo clemens,
Virgo fidelis,
Speculum justitiæ,
Sedes sapientiæ,
Causa nostræ lætitiæ,
Vas spirituale,
Vas honorabile,
Vas insigne devotionis,
Rosa mystica,
Turris Davidica,
Turris eburnea,
Domus aurea,
Fœderis arca,
Janua cæli,
Stella matutina,
Salus infirmorum,
Refugium peccatorum,
Consolatrix afflictorum,
Auxilium Christianorum,
Regina Angelorum,
Regina Patriarcharum,
Regina Prophetarum,
Regina Apostolorum,
Regina Martirum,
Regina Confessorum,
Regina Virginum
Regina Sanctorum omnium,
Regina Sine labe originali concepta,
Regina in cælum assumpta,
Regina sacratissimi Rosarii,
Regina pacis,

Agnus Dei, qui tollis peccata 
mundi,
parce nobis, Domine.
Agnus Dei, qui tollis peccata 
mundi,
exaudi nos, Domine
Agnus Dei, qui tollis peccata 
mundi,
miserere nobis

℣. Ora pro nobis, sancta Dei Genitrix.
℟. Ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Oremus: Concede nos famulos tuos, quæsumus, DomineDeus, perpetua mentis et corporis sanitate gaudere: et gloriosa beatæ Mariæ semper Virginis intercessione, a præsenti liberari tristitia, et æterna perfrui lætitia. Per Christum Dominum nostrum. Amen.

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade *
Senhor, tende piedade de nós.

Cristo, ouvi-nos.
Cristo, atendei-nos.

Deus, Pai dos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, *
Deus Espírito Santo, *
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, *

Santa Maria, rogai por nós.
Santa Mãe de Deus, *
Santa Virgem das virgens, *
Mãe de Jesus Cristo, *
Mãe da divina graça, *
Mãe puríssima, *
Mãe castíssima, *
Mãe intacta,
Mãe intemerata,
Mãe amável,
Mãe admirável,
Mãe do bom conselho,
Mãe do Criador,
Mãe do Salvador,
Mãe da Igreja,
Virgem prudentíssima,
Virgem venerável,
Virgem louvável,
Virgem poderosa,
Virgem benigna,
Virgem fiel,
Espelho de justiça,
Sede da sabedoria,
Causa de nossa alegria,
Vaso espiritual,
Vaso honorífico,
Vaso insigne de devoção,
Rosa mística,
Torre de David,
Torre de marfim,
Casa de ouro,
Arca da aliança,
Porta do Céu,
Estrela da manhã,
Saúde dos enfermos,
Refúgio dos pecadores,
Consoladora dos aflitos,
Auxílio dos cristãos,
Rainha dos Anjos,
Rainha dos Patriarcas,
Rainha dos Profetas,
Rainha dos Apóstolos,
Rainha dos Mártires,
Rainha dos Confessores,
Rainha das Virgens,
Rainha de todos os Santos,
Rainha concebida sem pecado original,
Rainha assunta aos céus,
Rainha do santo Rosário,
Rainha da paz,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
tende piedade de nós

℣. Rogai por nós, santa Mãe de Deus
℟. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Oremos: Concedei, Senhor, a vossos servos lograr perpétua saúde de alma e corpo; e que, pela gloriosa intercessão da bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da presente tristeza e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Ave Maris Stella

Clique aqui para ouvir o canto gregoriano

Ave, do mar Estrela
De Deus mãe bela,
Sempre virgem, da morada
Celeste Feliz entrada.

Ó tu que ouviste da boca
Do anjo a saudação;
Dá-nos a paz e quietação;
E o nome da Eva troca.

As prisões aos réus desata.
E a nós cegos alumia;
De tudo que nos maltrata
Nos livra, o bem nos granjeia.

Ostenta que és mãe, fazendo
Que os rogos do povo seu
Ouça aquele que, nascendo
Pos nós, quis ser filho teu.

Ó virgem especiosa,
Toda cheia de ternura,
Extintos nossos pecados
Dá-nos pureza e bravura,

Dá-nos uma vida pura,
Põe-nos em vida segura,
Para que a Jesus gozemos,
E sempre nos alegremos.

A Deus Pai veneremos:
A Jesus Cristo também:
E ao Espírito Santo; demos
Aos três um louvor: Amém.

Ave, Maris Stella,
Dei mater alma,
Atque semper Virgo,
Felix caeli porta.

Sumens illud Ave,
Gabrielis ore,
Funda nos in pace
Mutans Evae nomen.

Solve vincla reis,
Profer lumen caecis,
Mala nostra pelle,
Bona cuncta posce.

Monstra te esse Matrem,
Sumat per te preces,
Qui pro nobis natus
Tulit esse tuus.

Virgo singularis,
Inter omnes mitis,
Nos, culpis solutos,
Mites fac et castos.

Vitam praesta puram,
Iter para tutum:
Ut, videntes Jesum,
Semper collaetemur.

Sit laus Deo Patri,
Summo Christo decus
Spiritui Sancto,
Tribus honor unus. Amen.

Leitura Espiritual

Estas leituras espirituais podem ser feitas no dia anterior, em preparação para a meditação do dia.

Evangelho - Lc 17, 12-19.18, 9-14 — Os dez leprosos; O fariseu e o publicano

12.Ao entrar numa aldeia, vieram-lhe ao encontro dez leprosos, que pararam ao longe e elevaram a voz, clamando:
13.“Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!”.
14.Jesus viu-os e disse-lhes: “Ide, mostrai-vos ao sacerdote”. E, quando eles iam andando, ficaram curados.
15.Um deles, vendo-se curado, voltou, glorificando a Deus em alta voz.
16.Prostrou-se aos pés de Jesus e lhe agradecia. E era um samaritano.
17.Jesus lhe disse: “Não ficaram curados todos os dez? Onde estão os outros nove?
18.Não se achou senão este estrangeiro que voltasse para agradecer a Deus?!”.
19.E acrescentou: “Levanta-te e vai, tua fé te salvou”.
Lc18, 9.Jesus lhes disse ainda esta parábola a respeito de alguns que se vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros:
10.“Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano.
11.O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali.
12.Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros.
13.O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!
14.Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado”.

Imitação de Cristo - Livro III, Cap XXX

Como se há de pedir o auxílio divino e confiar para recuperar a graça

1. Jesus: Filho, eu sou o Senhor, que te conforta no dia da tribulação (Na 1,7). Vem a mim quando te achares aflito. O que mais te impede de receber a consolação é que tarde recorres à oração. Antes que ores com atenção, procuras consolar-te, recreando-te com vários divertimentos exteriores. Daqui vem que pouco proveito tiras de tudo, até que conheças que sou eu quem salva do perigo os que em mim esperam, e que fora de mim não há auxílio valioso, nem conselho útil, nem remédio durável. Uma vez, porém, que recobraste alento depois da tempestade, procura readquirir forças à luz das minhas misericórdias; pois estou perto, diz o Senhor, para tudo restaurar, não só com integridade, mas também com abundância e profusão.

2. Porventura há para mim alguma coisa dificultosa (Jer 32,37), ou sou semelhante àquelas que dizem e não fazem? Onde está a tua fé? Tem firmeza e segurança! Mostra-te corajoso e magnânimo, e a seu tempo te virá a consolação. Espera por mim, espera! Virei e te curarei. É tentação o que te atormenta, é temor vão o que te assusta. Que ganhas com a solicitude de
um futuro contingente, senão que tenhas tristeza sobre tristeza? A cada dia basta seu fardo (Mt 6,34). Coisa vã e inútil é entristecer-se ou regozijar-se com as coisas futuras, que talvez nunca venham a realizar-se.

3. É próprio do homem deixar-se iludir por tais imaginações, mas é sinal de pouco ânimo ceder tão facilmente às sugestões do inimigo. A ele pouco importa se é por meios verdadeiros ou falsos que te seduz e engana, se é com amor dos bens presentes, ou com o temor dos males futuros que te deita a perder. "Não se perturbe, pois, teu coração, nem se amedronte" (Jo 14,27). Crê em mim, e tem confiança em minha misericórdia. Quando te julgas muito longe de mim, mais perto estou, às vezes, de ti. Quando pensas que está tudo quase perdido, muitas vezes está próxima a ocasião de granjeares maior merecimento. Nem tudo está perdido, por te acontecer alguma contrariedade. Não julgues pela impressão do momento, nem te aflijas com qualquer tribulação, venha donde vier, como se não houvesse esperança de remédio.

4. Não te julgues inteiramente desamparado, ainda quando, de tempos a tempos, te mando alguma tribulação ou te privo de alguma consolação desejada; porque é este o caminho por onde se vai ao reino dos céus. E isto, sem dúvida, convém mais a ti e a todos os meus servos, serdes exercitados nas adversidades, do que se tudo vos sucedesse à vossa vontade. Eu conheço os pensamentos escondidos, e sei que muito importa à tua salvação seres, às vezes, privado de toda consolação espiritual, para que não te exalte o bom progresso e te desvaneças do que não és. O que dei posso tirar, e dar de novo, quando me aprouver.

5. É sempre meu o que dou, e quando o tiro; não tomo coisa tua, pois "de mim procede qualquer dádiva boa de todo dom perfeito" (Tg 1,17). Se eu te enviar qualquer pena ou contrariedade, não te revoltes nem desfaleça teu coração; eu posso num momento aliviar-te e transformar tua mágoa em alegria. Todavia, procedendo eu assim para contigo, sou justo e digno de louvor.

6. Se refletires bem e julgares as coisas segundo a verdade, não deves afligir-te tanto com a adversidade, nem desanimar, mas, ao contrário, alegrar-te e dar-me graças. Até deve ser tua única alegria que eu te aflija com dores, sem poupar-te. Assim como meu Pai me amou, também eu vos amo a vós (Jo 15,19), disse eu a meus diletos discípulos, e, entretanto, não os enviei às delícias temporais, mas às grandes pelejas, não às honras, mas aos desprezos, não aos passatempos, mas sim a produzir fruto copioso na paciência. Meu filho, lembra-te bem destas palavras.

Meditação

A Consagração, que nos preparamos para professar ou renovar, não nos pede somente para renunciar – para o maior benefício de nossas almas – a querer conservar por nossos próprios meios os tesouros que recebemos de Deus, ela exige também muitas outras renúncias.

Ao terminar nossa primeira Semana, não podemos fazer nada melhor do que considerar as renúncias que exige nossa Consagração, e a riqueza de santificação que essas renúncias trazem às nossas almas. Roguemos ao Espírito santificador e à Virgem, Mediadora de todas as graças. Veni, sancte Spiritus! Ave, gratia plena.

I. RENÚNCIAS QUE PEDE NOSSA CONSAGRAÇÃO.

Entregando a Maria nosso CORPO com todos os seus sentidos e membros, renunciamos a nos servir deles de modo diferente ao que ela mesma nos inspira a fazer. Essa ideia já nos conduz para além da simples renúncia, assinalada em nossa meditação do terceiro Dia: ela nos leva a sacrifícios imediatos mais generosamente consentidos.

Que se trate de nossos olhares, de nossas conversações, do que afeta nosso paladar, nosso olfato, nosso tato, não nos contentaremos somente em afastar o que seria mau ou rasteiro; mas vigiaremos para orientar a atividade de nossos sentidos interiores na direção do que os eleva, regozija, dilata, aumenta, rumo ao que favorece a irradiação interior. Olhar uma imagem ou estátua da Santa Virgem e sorrir-lhe se estamos sofrendo; falar às almas da felicidade de pertencer-lhe, oferecer-lhe certas pequenas privações, o sábado principalmente, saber dizer sempre que possível, com São Francisco de Sales: “Os maus odores são rosas para mim”; aceitar com alegria as estações como se apresentam... Maria está ali, sempre muito próxima, com suas graças atuais que ela nos convida a possuir por meio das renúncias aceitas por seu amor.

Quanto a nossos membros, se são fortes, sejamos felizes por oferecer-lhe, todos os dias, as fadigas do trabalho da jornada; se estão doentes ou frágeis, nossa oferenda, feita de paciência, de submissão, de abandono, será ainda mais meritória.

Entregando a Maria nossa ALMA com todas as suas faculdades, o horizonte se amplia ainda mais. Nossa inteligência, nosso juízo, nosso querer, e nossos sentidos inteiros de imaginação, de sensibilidade, de memória, são em nós maravilhosas capacidades de luz, de amor, de devotamento; forças de radiação e de apostolado, recursos de vida e de imolação. Cabe à nossa generosidade abri-las também tão amplamente quanto possível à ação santificadora de Maria, rogar a ela que penetre como em seu domínio, para que nos leve a nos servir delas no esquecimento de nós mesmos e dos desejos de conquista.

Estimaremos ocupar nosso pensamento com a Virgem, ler e meditar sobre o que pode nos ajudar a aprofundar seu mistério. Estimaremos oferecer-lhe uma vontade forte, intransigente em face do pecado; uma vontade obediente, impregnada do espírito de dependência, pronta a perceber suas inspirações.

Estimaremos descobrir, tanto nas belezas da natureza quanto no contato das coisas familiares, evocações Daquela que a Igreja canta em suas Ladainhas de Loreto e nas estrofes do Cântico dos Cânticos.

Vigiaremos, semelhantemente, para ordenar nossa sensibilidade segundo a direção que a própria Virgem lhe imprime. Sendo Maria a Rainha de nosso coração, seu amor deve dirigir todas as nossas afeições. Não era para ela, antes dos outros, que se dirigia a ternura do divino Mestre? Maria não deseja nos ver amar nossos irmãos como seu divino Filho amou a todos nós, com bondade, doçura, paciência, condescendência, misericórdia, com espírito de solidariedade e de auxílio mútuo? Conservaremos assim da nossa sensibilidade – essa preciosa faculdade que não é, de modo algum, sentimentalidade ou pieguice – toda a sua força de devotamento ao serviço de uma vontade unicamente desejosa de testemunhar compaixão aos que têm mais necessidade.

Quanto à nossa memória, o melhor não é conservá-la sempre rica da lembrança dos benefícios dos quais fomos objeto da parte de Maria? De quantos favores nos cobriu ela? De quantas quedas nos reergueu? De quantos acidentes nos preservou! Cultivemos essas reconfortantes lembranças: elas nos libertarão de certas outras nas quais se agitam os ressentimentos, os rancores, as voltas e o isolamento sobre nós mesmos.

Com nosso corpo e nossa alma, entregamos a Maria todos os BENS que possuímos: bens exteriores de ordem temporal e, sobretudo, bens interiores de ordem espiritual. Os primeiros concernem principalmente ao nosso corpo; os segundos constituem a riqueza de nossa alma.

Entregando a Maria nossos bens exteriores, renunciamos a considerá-los senão como pertencendo a ela em primeiro lugar. Na realidade, ela já os possui, visto que o universo inteiro é seu domínio; mas queremos que ela os possua também pelo motivo particular de nossa doação pessoal. Reconhecemos expressamente que eles são sua propriedade, que conservamos somente o seu uso. Vemos, logo, que elevação de espírito supõe semelhante renúncia.

Aparentemente, aos olhares daqueles no meio dos quais vivemos, continuamos nossas compras e nossas despesas segundo as necessidades da existência e segundo as exigências de nossa situação. É preciso que seja assim. Mas, no íntimo, uma nova luz está presente, projetando seus raios sobre o uso que devemos fazer, na dependência da vontade de Maria, dos bens de fortuna, do fruto de nosso trabalho, de nossas economias, para não dispor deles senão em um grande espírito de desapego, de justiça, de gratidão, de moderação quanto a si mesmo e caridade para com os outros.

Da mesma forma, quando compramos ou recebemos uma roupa, um alimento, um remédio, um livro, tal utensílio de escritório, tal artigo de toilette, etc., nosso primeiro gesto deve ser aceitar essas coisas como provenientes das mãos da Santa Virgem. Devemos agradecer-lhe imediatamente, oferecer-lhe o uso que faremos delas e sempre considerar sua glória antes de nosso proveito.

A completa doação à Santa Virgem de nossos bens interiores exige ainda outras renúncias. É toda a riqueza de nossa vida espiritual que lhe entregamos; e, além disso, o valor que contêm nossas boas ações passadas, presentes e futuras: seu triplo valor de mérito, de oração e de sacrifício.

Seu valor de mérito é confiado à guarda da Santíssima Virgem. É coisa estritamente pessoal, inalienável, incomunicável. Nossos méritos são os títulos com os quais compramos nosso lugar no paraíso. Mas esses títulos, como vimos em nossa meditação precedente, não estão em maior segurança nas mãos de Maria do que nas nossas? Ela saberá guardá-los fielmente, visando nosso melhor interesse. Saberá defendê-los. Entreguemos-lhos com confiança.

Seu valor de oração e de sacrifício não é coisa inalienável: podemos beneficiar outras pessoas com ele. Por meio de nossas preces, podemos obter favores espirituais e temporais para esta ou aquela pessoa. Por meio de nossos sacrifícios, nossas satisfações, podemos obter para pecadores, moribundos, para almas do Purgatório a redução da pena, devida aos pecados perdoados. As indulgências, que nos dedicamos a ganhar, abrangem essencialmente essa vantagem tão apreciável.

Desse duplo valor da prece e do sacrifício, fazemos a Maria um abandono completo, incondicional. Renunciamos a dispor deles, e deixamo-la livre para utilizá-los conforme sua vontade, como bem lhe parecer. Nossa primeira e direta intenção não é precisamente nos privar em favor dos outros, mas deixar a Maria a inteira liberdade de fazer o que desejar, no maior desinteresse de nós mesmos.

II. A RIQUEZA DE SANTIFICAÇÃO

Para intensificar nossa gratidão, consideremos agora A RIQUEZA DE SANTIFICAÇÃO que beneficiará nossas almas. Nossas renúncias entre as mãos de Maria nos fazem exercer, com efeito, de maneira muito perfeita, a caridade para com Deus e a caridade para com o próximo.

É tão fácil iludir-nos sobre aquilo que cremos ser a maior glória de Deus, e, sobretudo, tão difícil afastar toda busca de interesse pessoal. Mas “Maria conhece muito perfeitamente onde está a maior glória de Deus, e tudo faz pela maior glória de Deus. Podemos, pois, estar seguros de que o valor de todas as nossas ações, pensamentos e palavras será empregado para a maior glória de Deus”! A Santa Virgem exerce assim, em nosso nome, a primeira das caridades, essa caridade perfeita que faz os interesses de Deus estarem antes dos nossos.

Além disso, se a Santa Virgem quiser também exercer, em nosso nome, a caridade para com o próximo, o próximo conhecido e desconhecido, o próximo da Igreja universal, o das missões longínquas e das regiões mais abandonadas do Purgatório, perderemos nisto alguma coisa? Aqui também, não é a caridade que causa o mérito, que aumenta nossos méritos? E como nossos méritos são coisa pessoal e inalienável, não teremos ganhado com isto a posse de um Céu mais belo?

Quão vã parece, então, a apreensão, às vezes manifesta, de uma estadia prolongada no Purgatório! Como “uma alma fervorosa e generosa, que faz os interesses de Deus e do próximo estarem antes dos seus; e que dá a Deus tudo o que tem, sem reserva, de modo que não pode mais: non plus ultra; como essa alma generosa e liberal, que não respira senão a glória de Deus e o reino de Jesus Cristo por sua santa Mãe, e que se sacrifica inteiramente para conquistá-lo, será punida no outro mundo, por ter sido mais liberal e mais desinteressada do que as outras? Pelo contrário, afirma Montfort; essa alma será mais magnificamente recompensada neste mundo e no outro.” (V. D., n. 133.)

Ofereçamos, pois, a Maria, com a mais absoluta confiança, todas as renúncias que nos pede nossa Consagração. Digamos-lhe, desde agora, o que lhe diremos com ainda mais fervor no fim destes Exercícios preparatórios, que nós lhe “deixamos o inteiro e pleno direito de dispor de nós e de tudo o que nos pertence, sem exceção, segundo sua vontade, para a maior glória de Deus, neste mundo e na eternidade”.

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