Conselhos às Congregadas Marianas

Congregadas, diz Tomás de Kempis, cônego regular: “Se quereis ter algum adiantamento espiritual, não vivas à vossa vontade, mas sujeitai todos os vossos sentidos ao suave jugo da disciplina”. — “Uma Regra de Vida bem observada conduz a uma grande perfeição, livra da condenação eterna e prepara no céu uma esplêndida coroa de glória”. E todos os mestres da vida espiritual são conformes em afirmar que quem vive segundo uma boa regra vive em Deus. Se é necessário um regulamento de vida para qualquer cristão, muito mais para vós se desejais passar a vida no temor de Deus e na devoção a Maria. Lede, pois, muitas vezes, vossas regras, vosso regulamento de costumes e estes conselhos e ponde-os sempre em prática.

  1. Procurai levantar-vos habitualmente a uma hora certa, deitar-vos igualmente a uma hora determinada, dando ao corpo o descanso preciso, não o descanso que chegue à moleza. Fazei sempre as vossas orações da manhã e da noite, de joelhos, sendo possível. Quando não as puderdes fazer todas, fazei ao menos algumas, embora breves.
  2. Vesti-vos com toda a modéstia, e, finda a oração da manhã, assim como ao meio-dia e à noite ao toque do Angelus, saudai  Virgem Santíssima com 3 Ave-Marias e as orações próprias.
  3. Fazei um breve exame de previsão — pensando rapidamente nos perigos, ocasiões e circunstâncias em que podereis encontrar-vos nesse dia, tomando logo a resolução de evitar o mais possível tudo o que puder ser prejudicial à vossa alma.
  4. Acostumai-vos a fazer todos os dias diante do crucifixo, ao menos um quarto de hora de meditação; e se alguma vez não puderdes fazê-la, supri-a durante o dia com algumas reflexões sobre as máximas eternas ou sobre a paixão de Jesus Cristo, o que podereis fazer mesmo no meio das vossas ocupações. Esta prática é muito importante: quem medita vive bem. Santa Teresa de Jesus afirma, com todos os mestres de vida espiritual, que “quem faz todos os dias uma quarto de hora de meditação não se pode condenar”.
  5. Se puderdes, assisti à Santa Missa, sendo diligente em vos levantar cedo. Comungai todos os dias, para o que deveis estar sempre preparada, pois se todo o cristão deve estar sempre preparado para comungar e para morrer, muito mais uma Congregada.
  6. Comungai sempre com pureza de intenção e ardente desejo de vos purificardes das vossas faltas. Nunca falteis voluntariamente à sagrada comunhão. Quando vos for impossível comungar durante a semana, comungai ao menos no domingo, ainda que a confissão não se faça todas as semanas, nem mesmo a cada quinze dias, contanto que comungueis com a consciência isenta de pecado mortal e com reta intenção. O ter passado bastante tempo sem vos confessardes ou muitos dias sem poderdes ir à sagrada comunhão não é pecado algum.
  7. Ainda que saibais que no dia de amanhã não tereis ocasião de comungar, vivei hoje como se tivésseis de comungar amanhã; para manterdes esse ardente desejo de receber a sagrada comunhão, fazei amiudadas vezes a comunhão espiritual, mesmo nos dias em que comungais.
  8. Fazei todos os dias a visita a Jesus Sacramentado e a Maria Santíssima, não podendo ser na igreja, em casa.
  9. Sede exatíssima no desempenho de todos os vossos deveres; fazei o sinal da santa cruz antes de vos entregardes ao trabalho, oferecendo-o a Deus com todos os incômodos e contrariedades que o acompanharem, para assim tornardes tudo meritório.
  10. Procurai durante o dia unir-vos a Deus, mediante frequentes jaculatórias, como esta de São Vicente de Paulo: “Filha, Deus te vê”; ou qualquer outra indulgenciada. Lembrai-vos que Deus vê todas as vossas ações, ainda as mais insignificantes, e todos os vossos pensamentos, ainda os mais recônditos.
  11. Antes de praticar qualquer ação, perguntai-vos: “Faria eu isto, se tivesse de morrer daqui a alguns momentos?!
  12. Fazei em tudo a vontade de Deus, para que possais sempre e em tudo dizer como São Luiz Gonzaga, que estando um dia a brincar com os seus companheiros e perguntando-lhe alguém: “Luis, que farias agora, se te viessem dizer que ias morrer daqui a um quarto de hora?” “Continuaria a brincar, respondeu ele, porque estou a fazer a vontade de Deus, cumprindo as justas ordens dos meus superiores”.
  13. À noite, recitadas as vossas orações, fazei um breve exame de consciência das culpas cometidas durante o dia, pedindo a Deus perdão de todas as faltas e a graça de vos emendardes delas.
  14. Deitai com toda a modéstia, pensando na presença de Deus e do anjo da guarda, pois que essa noite poderá ser a última de vossa vida, e perguntai a vós mesmas: Onde aparecerei amanhã? Continuarei neste mundo como até aqui ou aparecerei na eternidade? E será no céu ou no inferno?
  15. Ponde-vos sob o manto de Maria, beijai o crucifixo e a medalha de Nossa Senhora, deitai-vos com toda a compostura e adormecei no Santíssimo Coração de Jesus, dizendo-lhe: “No Coração amorosíssimo de Jesus, que me resgatou, quero dormir em paz e repousar”, ou algumas das jaculatórias indulgenciadas
  16. Contraí o santo hábito de fazer uma consagração especial à Santíssima Virgem, aos domingos, primeiro dia da semana. Sede solícita e pronta em assistir sempre às reuniões semanais da Congregação.
  17. No sábado, privai-vos de alguma coisa em honra de Maria, segundo o conselho do vosso Confessor ou do Diretor da Congregação, fazendo um obséquio especial a Maria Santíssima neste dia que lhe é consagrado. Imitai S. Luis Gonzaga, que, para refrear a sensualidade, destinava, em cada uma das refeições, alguma coisa para o seu anjo da guarda, privando-se dela; é uma mortificação que podeis fazer, ao menos ao sábado, com muita vantagem para o vosso progresso na virtude e sem perigo para a saúde do corpo.

 

Que o vosso procedimento seja um exemplo vivo, uma lição sempre presente, do espírito cristão de uma jovem piedosa. Antes de tudo, trazei vossa consciência limpa do pecado mortal. Andai, sempre, em estado de graça, não retardando, jamais, a vossa confissão, desde que tenhais a desgraça de cair em pecado mortal. Pelo estado de graça, na presença de Deus, santificareis vossas ações, dareis valor sobrenatural a vossos trabalhos, tornareis meritório e fecundo o vosso apostolado.

O vosso comportamento não deve, simplesmente ser isento de crítica ou censura, mas, ainda, edificar, lembrar, a cada instante, a vossa dignidade de Congregada, Filha de Maria. Por isso, mantende, sempre, uma atitude verdadeiramente cristã, em face de todas as circunstâncias e imposições da vida moderna, em sociedade.

Hoc fac, et vives.  Se assim fizeres, salvar-te-ás.

Excertos do Manual Tradicional da Pia União das Filhas de Maria

 

Procissão de uma Congregação Mariana Feminina de Pirassununga, SP, em 1955

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