Leão XIV, um Papa Eucarístico
Qui manducat meam carnem et bibit meum sanguinem, in me manet, et ego in illo. (Jo 6, 57)

Papa Leão XIV segura o ostensório durante uma procissão eucarística até Santa Maria Maior em Roma – 22 de Junho de 2025.
Após o simbólico encerramento dos primeiros cem dias de pontificado do Papa Leão XIV, debate-se ainda sobre as tendências e preferências do novo Papa, que inaugurou seu pontificado em maio deste ano. Após um período conturbado e um conclave de grandes expectativas, certamente o mais noticiado nas últimas décadas, o Papa Leão XIV se destaca, paradoxalmente, por sua discrição. Os grandes temas e as grandes polêmicas ainda não foram endereçados, nem sequer seu sucessor na congregação para os bispos foi nomeado. Mas o Papa Leão XIV não parece ser uma pessoa de ações bruscas e midiáticas, parece alguém que tudo observa, medita e deixa que os problemas se resolvam ou vai dando um sutil direcionamento, com calma, tranquilidade, discrição e oração.
Em pequenas declarações, homilias e gestos o Papa vai dando a conhecer sua personalidade, suas preferências e pensamento. Dentre tantos gestos, destacam-se a importância que o Papa dá à vida de oração, à vida religiosa, à reverência litúrgica, à devoção mariana, com as diversas visitas a santuários marianos – notavelmente a visita a Santa Maria Maggiore e Nossa Senhora do Bom Conselho. Mas, de modo singular, o Papa tem voltado a atenção de toda a Igreja para o centro da vida cristã: A Devoção Eucarística.
A devoção Eucarística, repetimos, é o centro da vida cristã. É o Sacramento por meio do qual Nosso Senhor Jesus Cristo deseja comunicar-Se a nós. É o mais Santo de todos os Sacramentos, porque é o próprio Deus, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. É o Sacramento por meio do qual nós nos tornamos um só com Ele, assim como Ele é um só com Deus Pai (Jo 6, 57). E talvez o leitor nos considere românticos por ver profunda devoção eucarística no Papa Leão XIV, mas podemos mostrar isso por atos concretos:
I. Procissão Eucarística em Roma
Na festa de Corpus Christi desse ano o Papa Leão XIV retomou uma tradição antiquíssima, de carregar o Santíssimo Sacramento pelas ruas de Roma em procissão. Esse gesto do Papa não acontecia há alguns bons anos, pois o Papa Francisco, no auge de suas forças, fez a procissão, não levando o Santíssimo Sacramento, mas acompanhando a procissão à pé. O Papa Bento XVI a fez ajoelhado do papamóvel e o Papa João Paulo II também o fez do papamóvel. Desta vez o Papa Leão XIV fez questão de retomar a procissão e ele mesmo levar o Santíssimo Sacramento no ostensório à pé pelas ruas da Cidade Eterna.
II. Vigília Eucarística no Jubileu dos Jovens
O Papa reuniu-se com uma multidão na ocasião do jubileu dos jovens em 2 de agosto deste ano. Uma cena marcante desse encontro foi o momento de adoração eucarística, em que o Papa adorou o Santíssimo Sacramento em profundo silêncio com mais de um milhão de jovens. Falar sobre a Eucaristia é algo, mas quando é o Papa que se coloca à frente, que guia o futuro da Igreja em uma piedosa adoração, ele dá o exemplo do que devemos fazer. Disse ainda o Papa nessa mesma ocasião aos jovens:
“Estejais unidos a Jesus Cristo na Eucaristia. Adorai Cristo no Santíssimo Sacramento, fonte da vida eterna. Estudai, trabalhai e amai segundo o exemplo de Jesus, o bom Mestre que caminha sempre ao nosso lado. […] Cada vez que adoramos Cristo na Eucaristia, os nossos corações estarão unidos n’Ele.”1
O Papa quer que tenhamos maior amor e devoção eucarística. Nosso Senhor disse que “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6, 35). Quem tem devoção eucarística quer também que todos se aproximem mais de Nosso Senhor, que também proclamou: “Eu vim trazer fogo à terra; e que quero eu, senão que ele se acenda?” (Lc 12, 49). Qui non ardit non incendit. Quem sabe o Papa não nos presenteia com uma boa encíclica sobre a Eucaristia?
III. Emoção do Papa ao consagrar o Corpo de Cristo
Na festa da Assunção da Santíssima Virgem Maria, o Papa celebrou a Missa na capela do Castel Gandolfo e se emocionou ao consagrar o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, como que, mesmo depois de 40 anos de sacerdócio, parece não acreditar que recebeu o poder de transformar um mero pedaço de pão no Corpo Eucarístico de Cristo. Não se deixou vencer pela repetição da rotina e mantém uma vida interior pela Eucaristia. Vídeo2
IV. Discurso do Papa aos bispos da Amazônia reunidos em conferência na Colômbia Enquanto tantas novidades foram tentadas pelos inovadores com a desculpa de uma pretensa preocupação com os povos da Amazônia, o Papa Leão XIV foi claríssimo ao indicar aos bispos o que deve ser feito a esses povos: “É necessário que Jesus Cristo, em quem se recapitulam todas as coisas, seja anunciado com clareza e imensa caridade entre os habitantes da Amazônia, de tal forma que temos de nos esforçar por lhes dar o pão fresco e límpido da Boa Nova e o alimento celeste da Eucaristia, único meio para ser verdadeiramente o povo de Deus e o corpo de Cristo”. Notícia3 O Papa, de forma discreta, mas límpida, deixa claro que o que deve ser levado aos povos da Amazônia não são inovações, “diaconisas” ou “viri-probati”: o que é necessário levar a esses povos é o pão fresco de uma doutrina sem misturas e sem contaminações, o alimento celeste da Eucaristia e ainda cita diretamente o lema pontifical de São Pio X, o Papa da Eucaristia: “Instaurare omnia in Christo”. Nós, como habitantes da região amazônica, podemos falar com propriedade sobre esse tema. Vemos que o interior do estado é dominado pelas seitas protestantes por falta de sacerdotes, por falta de sacerdotes que se sacrifiquem a ponto de ir até esses povos isolados como fizeram os fundadores do Brasil no século XVI sem qualquer auxílio tecnológico moderno. Por falta de sacerdotes que se sacrifiquem a ponto de ir até esses povos isolados e não lhes falem de política, de inclusão ou de opressão, mas que levem a eles o catecismo, a doutrina límpida, o santo sacrifício da Missa! Vemos que o Papa Leão XIV tem feito um certo movimento – discreto, mas contundente – de colocar Nosso Senhor Jesus Cristo Eucarístico no centro da vida dos fiéis, dos sacerdotes, dos bispos, de toda a Igreja. É como se estivesse tentando amarrar novamente a barca de São Pedro à coluna da Eucaristia, como no sonho profético de Dom Bosco. Aqui o leitor certamente poderia nos acusar de românticos e de hiper-otimistas. Mas claro que não! Reconhecemos que ainda há tantos problemas, a doutrina modernista triunfa, mas não podemos deixar que reconhecer isso nos faça perder a docilidade que o bom católico deve ter para com o Supremo Pontífice. Também não ousamos defender a ideia de que seria esse o Papa do sonho profético de Dom Bosco, a situação parece bem distante disso, mas quem somos nós para pormos obstáculos à Providência Divina? Se Nosso Senhor desejasse, essa terrível crise cessaria imediatamente, mas enquanto isso não acontece, nos submetemos à autoridade do Romano Pontífice e nos alegramos em constatar que, sim, seu amor à Eucaristia é notável e nos inspira a também aprofundarmos a nossa devoção a Cristo Eucarístico tão acessível a nós nos sacrários do mundo inteiro, enquanto rezamos pelo pontificado do Papa Leão XIV: ℣.Oremus pro Pontifice nostro Leone. ℣. Tu es Petrus, Oremus. Per Christum, Dominum nostrum.
℟. Dominus conservet eum, et vivificet eum, et beatum faciat eum in terra, et non tradat eum in animam inimicorum eius.
℟. Et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam.
Deus, omnium fidelium pastor et rector, famulum tuum Leonem, quem pastorem Ecclesiae tuae praeesse voluisti, propitius respice: da ei, quaesumus, verbo et exemplo, quibus praeest, proficere: ut ad vitam, una cum grege sibi credito, perveniat sempiternam.
℟. Amen.