Knoxville torna-se diocese-piloto para eliminar a Missa tradicional

Fonte: Infovaticana

O Vaticano, por meio do Dicastério para o Culto Divino, tem promovido uma política litúrgica que suprime a missa tradicional de 1962, substituindo-a pela missa nova celebrada em latim e com elementos tradicionais:

Há alguns dias, a diocese de Knoxville anunciou a eliminação definitiva da Missa tradicional em uma de suas paróquias. Paralelamente, em Chattanooga (Tennessee), fiéis ligados à liturgia em latim ouviram, estupefatos, uma homilia proferida pelo pároco da basílica local, que justificava essa mesma reforma sob o lema da “unidade”.

Não é coincidência: os dois fatos evidenciam uma estratégia litúrgica coerente, orientada a suprimir — ou melhor, “unificar” — a tradição em diversas dioceses do estado do Tennessee.

A homilia pronunciada em 12 de outubro pelo pároco da Basílica de São Pedro e São Paulo, em Chattanooga, Pe. David Carter, revelou o que muitos já suspeitavam: a eliminação da Missa tradicional na diocese de Knoxville não é apenas uma decisão local, mas uma ordem direta do Dicastério para o Culto Divino em Roma, declarou o sacerdote em sua homilia:

“Após um ano de discernimento e consulta com os pastores onde se celebra o usus antiquior, o bispo Mark Beckman recebeu um pedido do Dicastério para o Culto Divino em Roma para implementar o Traditionis Custodes na Diocese de Knoxville”.

Ou seja, Knoxville foi escolhida como diocese-piloto para aplicar em toda a sua extensão a política de “unidade litúrgica”, de acordo com as instruções do motu proprio de Francisco de 2021. A decisão significa a transição forçada de todas as celebrações do Missal de 1962 para o Missal reformado de 2002, ainda que se prometa que este último será celebrado em latim e com certa solenidade:

“Conservaremos o antigo — o latim, o canto, o silêncio sagrado, a celebração ad orientem, etc. — e receberemos o novo — o ciclo mais completo de leituras bíblicas, o calendário unificado e a participação mais profunda prevista pelo Concílio”.

Obediência cega

Longe de reconhecer a fidelidade daqueles que amam a liturgia de sempre, o sermão caiu nos velhos clichês: advertências contra o cisma e insistentes apelos à obediência cega.

O Pe. Carter chegou a afirmar que aqueles que se apegam à Missa de 1962 correm o risco de romper a comunhão com Roma — como a FSSPX —, comparando essa fidelidade a atitudes de rebeldia. Uma comparação dolorosa para os fiéis, que não pedem outra coisa senão continuar celebrando a liturgia que a própria Roma, sob Bento XVI, reconheceu como “nunca ab-rogada”.

Unidade ou uniformidade forçada

A decisão implica a transição compulsória de todas as celebrações do Missal de 1962 para o reformado de 2002, ainda que se prometa que este último será celebrado em latim e com certa solenidade. Nas palavras do pároco: “Não estamos perdendo a Missa, mas ganhando unidade”.

Contudo, para muitos fiéis, a medida não é um ganho, mas uma perda real: são privados do rito que, por mais de uma década, floresceu em Chattanooga e em outras paróquias da diocese, sob o amparo do Summorum Pontificum. O que se apresenta como “unidade” é, na realidade, uniformidade imposta desde Roma.

Falar em “unidade” enquanto se arranca pela raiz a tradição que nutriu gerações de santos é nada menos que impor uniformidade. Uma uniformidade que não respeita a legítima diversidade de ritos reconhecida ao longo dos séculos na Igreja e que estigmatiza aqueles que buscam reverência, sacralidade e continuidade com a fé de seus antepassados.

Uma visão sombria para os fiéis que amam a tradição

A mensagem que vem de Chattanooga é clara e preocupante: o Vaticano já não se limita a restringir a Missa tradicional — agora busca eliminá-la por completo sob o lema da “unidade”. Knoxville torna-se símbolo dessa ofensiva, não por iniciativa local, mas por ordem direta de Roma.

O bispo Beckman — nomeado para Knoxville por Francisco em 2024 — aparece assim mais como executor do que como discernidor: não se trata de uma decisão pastoral própria, mas de obediência a uma instrução do Dicastério. E o que se experimenta no Tennessee pode, depois, ser exportado para outras dioceses do mundo, justificado com as palavras de “obediência, unidade e renovação”, segundo o Traditionis Custodes.

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