Dom Athanasius Schneider defende o título de Maria como Corredentora e Medianeira de Todas as Graças

Fonte: Diane Montagna

Eles Não Poderiam Estar Errados: A Voz dos Santos, dos Doutores e do Magistério Ordinário da Igreja ao Afirmar Maria como “Corredentora” e “Medianeira de Todas as Graças”

por Dom Athanasius Schneider

Ao longo do tempo, o Magistério Ordinário, juntamente com numerosos Santos e Doutores da Igreja, ensinou as doutrinas marianas da Corredenção e da Mediação, empregando, entre outras expressões, os títulos específicos de “Corredentora” e “Medianeira de Todas as Graças”. Consequentemente, não se pode sustentar que o Magistério Ordinário, juntamente com Santos e Doutores da Igreja ao longo de tantos séculos, tenha podido induzir os fiéis ao erro por meio de um uso constante e inadequado desses títulos marianos. Além disso, ao longo dos séculos, essa doutrina mariana e o uso desses títulos expressaram também o sensus fidei — o senso de fé dos fiéis. Portanto, ao aderir ao ensinamento tradicional do Magistério Ordinário sobre a Corredenção e a Mediação, e ao reconhecer a legitimidade dos títulos “Corredentora” e “Medianeira de Todas as Graças”, os fiéis não se afastam do caminho reto da fé, nem de uma piedade sã e bem formada para com Cristo e sua Mãe.

Na Igreja primitiva, Santo Ireneu, Doutor da Igreja do século II, lançou as bases essenciais para as doutrinas marianas da Corredenção e da Mediação, que seriam posteriormente desenvolvidas por outros Doutores da Igreja e pelo Magistério Ordinário dos Pontífices Romanos. Ele escreveu: “Maria, obedecendo, tornou-se causa de salvação, tanto para si mesma quanto para todo o gênero humano.”[1]

Entre as inúmeras afirmações do Magistério Ordinário dos Papas sobre as doutrinas marianas da Corredenção e da Mediação, e sobre os títulos correspondentes “Corredentora” e “Medianeira de Todas as Graças”, pode-se citar primeiramente a encíclica Adjutricem Populi, de Leão XIII, na qual ele se refere à Santíssima Virgem como cooperadora na obra da Redenção e como dispensadora da graça que dela flui. Ele escreve:

“Aquela que esteve tão intimamente associada ao mistério da salvação humana está igualmente associada à distribuição das graças que, por todo o tempo, fluirão da Redenção.”[2]

De modo semelhante, na encíclica Jucunda Semper Expectatione, Leão XIII fala da mediação de Maria na ordem da graça e da salvação. Ele escreve:

“O recurso que temos a Maria na oração decorre do ofício que ela exerce continuamente junto ao trono de Deus como Mediadora da graça divina; sendo por dignidade e mérito a mais aceita a Ele, e, portanto, superando em poder todos os anjos e santos no Céu… São Bernardino de Sena afirma: ‘Toda graça concedida ao homem passa por três graus: de Deus é comunicada a Cristo, de Cristo passa à Virgem, e da Virgem desce até nós’… Que Deus, ‘que em sua providência misericordiosa nos deu esta Mediadora’ e ‘decretou que todo bem nos viesse pelas mãos de Maria’ (São Bernardo), receba propício nossas orações e realize nossas esperanças… A ti elevamos nossas súplicas, pois tu és a Mediadora poderosa e misericordiosa da nossa salvação… pela tua participação em suas indizíveis dores… sê misericordiosa, escuta-nos, embora indignos!”[3]

O Papa São Pio X, na encíclica Ad Diem Illum, oferece uma exposição teológica precisa da Corredenção, ensinando que, em razão de sua maternidade divina, Maria merece na ordem da caridade aquilo que Cristo, como Deus, merece na ordem da justiça estrita — isto é, a nossa redenção — e que ela é a dispensadora de todas as graças. Ele escreve:

“Quando chegou a suprema hora do Filho, junto à Cruz de Jesus estava Maria, sua Mãe, não apenas ocupada em contemplar aquele espetáculo cruel, mas alegrando-se porque seu Filho único era oferecido para a salvação do gênero humano, e participando inteiramente de sua Paixão, de modo que, se fosse possível, ela teria suportado todos os tormentos que seu Filho suportou.
E dessa comunhão de vontade e sofrimento entre Cristo e Maria, ela mereceu tornar-se dignissimamente a Reparadora do mundo perdido e a Dispensadora de todos os dons que nosso Salvador nos adquiriu por sua morte e por seu sangue. […]
Assim, foi concedido à Virgem augusta ser a Mediadora e Advogada mais poderosa do mundo inteiro junto a seu Filho.”[4]

O Papa Bento XV ensina:

“Ao unir-se à Paixão e Morte de seu Filho, ela sofreu até quase a morte… para aplacar a justiça divina, na medida em que lhe era possível, ela ofereceu seu Filho — de modo que se pode dizer com razão que ela, juntamente com Cristo, redimiu o gênero humano.”[5]

O Papa Pio XI declara:

“Por necessidade, o Redentor não pôde deixar de associar sua Mãe à sua obra. Por isso, a invocamos sob o título de Corredentora.”[6]

O Papa Pio XII, na encíclica Mediator Dei, afirma:

“Deus quis que nós tivéssemos tudo através de Maria.”[7]

O Papa São João Paulo II reiterou inúmeras vezes a doutrina católica da Corredenção e da Mediação. Ele afirmou:

“Maria… participou de modo admirável nos sofrimentos de seu Filho divino, para ser Corredentora da humanidade.”[8]
“Sua função de Corredentora não cessou com a glorificação de seu Filho.”[9]
“O título ‘Mãe na ordem da graça’ explica que a Bem-Aventurada Virgem coopera com Cristo no renascimento espiritual da humanidade.”[10]

O Papa Bento XVI ensinou:

“Não há fruto de graça na história da salvação que não tenha como instrumento necessário a mediação da Virgem.”[11]

O Santo Cardeal John Henry Newman, recentemente proclamado Doutor da Igreja, defendeu o título de Corredentora contra um prelado anglicano, dizendo:

“Tendo os Padres chamado Maria de Mãe de Deus, Nova Eva, Mãe dos Viventes… teriam considerado uma compensação pobre protestar contra chamá-la de Corredentora.”[12]

O termo Corredentora, há vários séculos, significa cooperação secundária e dependente, nunca paralela ou igual à de Cristo. Por isso, não apresenta problema doutrinal, quando usado corretamente.[13]

Considerando o consistente ensinamento do Magistério Ordinário e dos Santos sobre esses títulos, não há risco em empregá-los de modo apropriado, pois destacam que Maria está unida a Cristo por um vínculo indissolúvel[14] e é a Mãe de todos os remidos.[15]

Em certas versões do Sub Tuum Praesidium, os fiéis invocam Maria como:

“Nossa Senhora, nossa Mediadora, nossa Advogada.”

E Santo Efrém, Doutor da Igreja do século IV, rezava:

“Minha Senhora, Mãe Santíssima de Deus e cheia de graça… após o Mediador és tu a Mediadora do mundo inteiro… depois de Deus, és toda a nossa esperança… Eu te saúdo, ó grande Mediadora da paz entre os homens e Deus… Amém.”[16]

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