Leão XIV: encontro com defensores da Missa Tridentina poderá ocorrer em breve
Fonte: Rorate Caeli
Trecho da entrevista que o papa concedeu a jornalista Elise Ann Allen do site católico de notícias Crux:
[Elise Ann Allen]: Em relação ao grupo de estudo sobre liturgia, o que está sendo estudado? Até que ponto a motivação para sua criação se relaciona com as divisões em torno da Missa Tradicional em Latim, por exemplo, ou questões como o novo rito amazônico?
[Leão XIV]: Pelo que entendi, a principal motivação do grupo veio de questões ligadas à inculturação da liturgia. Como continuar o processo de tornar a liturgia mais significativa dentro de uma cultura diferente, em um lugar específico, em um momento específico. Penso que esse foi o tema principal.
Há também outra questão, que é igualmente delicada, sobre a qual já recebi vários pedidos e cartas: a questão da chamada “Missa em latim”. Bem, é possível celebrar a Missa em latim hoje, sem problema, se for no rito do Vaticano II. Obviamente, entre a Missa Tridentina e a Missa do Vaticano II, a Missa de Paulo VI, não sei exatamente para onde isso vai. É claramente uma questão muito complicada.
Sei que parte dessa questão, infelizmente, tornou-se novamente um processo de polarização — usaram a liturgia como desculpa para levantar outros temas. Tornou-se uma ferramenta política, e isso é muito lamentável. Creio que, às vezes, os abusos na celebração do que chamamos Missa do Vaticano II não ajudaram aqueles que buscavam uma experiência mais profunda de oração, de contato com o mistério da fé que pareciam encontrar na celebração da Missa Tridentina. Mais uma vez, ficamos polarizados, a ponto de não podermos nos perguntar: se celebrarmos a liturgia do Vaticano II de maneira adequada, existe realmente tanta diferença entre essa experiência e aquela?
Ainda não tive a oportunidade de me sentar com um grupo de pessoas que defendem o rito tridentino. Mas haverá em breve uma ocasião para isso, e estou certo de que surgirão outras oportunidades. Esse é um tema que, penso eu, talvez com a sinodalidade, precisemos sentar e conversar. Tornou-se um assunto tão polarizado que as pessoas muitas vezes não estão dispostas a ouvir umas às outras. Já ouvi bispos me contarem sobre isso: disseram-me que convidaram tais grupos para isso ou aquilo, e simplesmente não quiseram ouvir. Não querem nem mesmo conversar. Isso já é um problema em si. Significa que entramos no campo da ideologia, e já não estamos mais no terreno da experiência da comunhão eclesial. Esse é um dos pontos da agenda.