O grande tesouro que é a fidelidade

por un Congregado Mariano que está todavía lejos

“Não se cria uma grande fidelidade com pequenas infidelidades.”

Essas palavras foram ditas por um padre — um padre que também posso chamar de pai, uma das maiores graças que recebi de minha Mãe do Céu. Não sei se, quando ele as pronunciou, imaginava que ficariam tão gravadas em minha alma. Mas ficaram. Tornaram-se meu pensamento constante, algo que tenho a impressão de que levarei até o meu leito de morte.

Longe de casa, vi muitas coisas diferentes: algumas que não compreendo, outras que me deixaram profundamente reflexivo. E percebo que todas elas têm algo em comum.

Posso dizer que, pessoalmente, tudo isso fez crescer em mim o amor pelo tesouro que recebi em casa. E o que é a minha casa? É o lugar onde estão os filhos de minha Mãe; onde recebi a verdadeira fé da Igreja; os primeiros sacramentos; onde me consagrei à Medianeira de Todas as Graças; onde aprendi a rejeitar a tibieza, a desejar as coisas do céu e a evitar as vaidades do mundo. A tudo isso me sinto fiel — nada disso posso rejeitar.

Estar longe pela primeira vez foi também um modo de me conhecer melhor. Percebi com clareza minha miséria, meus julgamentos tortos, minha incapacidade de fazer o bem e como nem mesmo poderia buscar os bens naturais sem a infinita misericórdia de meu Senhor. Sou tão pequeno — e, no entanto, minha Mãe e meu Deus são tão grandes.

Não fossem as orações dos filhos de minha Mãe, creio que não teria suportado o fardo. E, de fato, é um fardo: estar longe, em outro país, outro idioma, outra cultura, outro modo de pensar — é algo difícil de carregar.

Se ainda me mantenho firme, apesar das dificuldades, é porque fui e sou sustentado por muitas coisas: por um religioso que provavelmente me deu o melhor conselho sobre a quem pedir conselhos; por aquele que me fez ter tão grande devoção pela Santa Missa e que também me deu os meios para compreender como um apostolado só se sustenta com uma profunda vida interior; também por outra pessoa que tantas vezes me animou e encorajou, tornando até possível que eu estivesse onde estou; e por muitas outras pessoas que guardo em meu coração.

E àquele que me disse essas palavras tão importantes sobre fidelidade, creio ser a quem mais devo meu reconhecimento. Espero, muito em breve, poder dizer: padre, eu sou verdadeiramente vosso filho.

Aqui, apesar da distância física, nunca me senti tão unido em espírito. O amor pela Eucaristia, a devoção a Nossa Senhora e ao nosso padroeiro, Santo Afonso, as conversas sempre voltadas ao céu e até a fuga de certas coisas lícitas — por turbarem nosso espírito das coisas do alto — estão tão entranhados em minha alma que posso dizer: Mãe, sou vosso filho. Onde quer que eu esteja, mais que tudo continuarei a ser vosso filho.

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