A Devoção Mariana de São Gabriel de Nossa Senhora das Dores
Nascido Francisco Possenti, no dia 01 de Março de 1838 em Assis. Recebeu desde o berço a fé católica de sua mãe, católica muito piedosa, que sempre se esforçou em educar os filhos no amor a Jesus e Maria.
Em decorrência de sua entrada para o colégio na cidade de Spoleto, teve contato com distrações mundanas, o que lhe foram motivos de empecilho para realizar sua vocação. Tinha como atividades ir a teatros, caçar e até bailes, adquirindo fama na região pelas suas habilidades na dança e na caça.
Entretanto, desde cedo já tinha grande devoção a Nossa Senhora e também noção de que sua vocação era a vida religiosa, mas a mera cogitação em entrar em uma ordem religiosa foi adiada. Mesmo após cair enfermo e prometer entrar em uma ordem caso conseguisse se curar, ele tornou a adiar a realização de sua vocação.
Quando, então, na oitava da Festa da Assunção Gloriosa de Nossa Senhora, São Gabriel avistou o ícone da Virgem Santíssima, famoso na região por muitos milagres, ouviu em seu interior as palavras que lhe deram a firmeza para seguir sua vocação: “Francisco, o que fazes no mundo? Tu não foste feito para ele. Segue tua vocação!”
Com efeito, no ano 1856, abandonou tudo para adentrar a augusta Congregação da Paixão de Jesus Cristo, fundada por São Paulo da Cruz, com a intenção de concretizar sua vocação, viver a perfeição da vida cristã e ter uma vida de oração e penitência. Em suas cartas à família e amigos, percebe-se o mais íntimo da personalidade e piedade de São Gabriel. Logo que entrou para o noviciado, escreve ao pai pedindo-lhe perdão pelas vezes em que foi desobediente e que lhe causou problemas.
Nas suas primeiras cartas percebe-se a grande lástima por ter demorado tanto a realizar sua vocação, por ter perdido tanto tempo com vaidades e distrações mundanas. Por estes erros, se arrepende profundamente e propõe-se a viver uma vida de penitências e sacrifícios. Com o mesmo vigor, demonstra grande gratidão a Deus e Nossa Senhora, pela grande graça dada a ele de viver a vida monástica. No domingo após a profissão de seus votos, escreveu ao pai: “Pela Graça de Deus e proteção de Nossa Senhora das Dores, e para minha indescritível felicidade, minha vontade foi realizada e fiz minha santa profissão. Tamanha graça não pode ser adequadamente avaliada e, portanto, como fui favorecido por Deus Todo Poderoso com tamanho privilégio, sinto-me sujeito a uma obrigação cada vez maior de corresponder a este privilégio”.
Em suas cartas, São Gabriel não hesita em admoestar os irmãos para que se afastem das más companhias, que evitem as ocasiões de pecado, maus livros, espetáculos teatrais e que mantenham os exercícios de piedade e devoção à Virgem Santíssima. Conselhos muito importantes e atuais. A um irmão, descreve sua rotina muito corrida de orações, cantos e estudos no mosteiro: “Com alegria, rapidez e boa vontade, cada dia chega ao fim. Oh, como é agradável colocar-se para descansar tendo servido a Deus (mesmo que indignamente) durante todo o dia!”
Sua vida religiosa era marcada pela devoção a Nosso Senhor Crucificado e a Nossa Senhora das Dores, cujos ícones ele tinha em sua cela e contemplava em suas orações. As graças que obtivera, atribuiu a Nossa Senhora das Dores, que lhe acompanhou durante toda a vida. Vivia diariamente propósitos que ele havia feito a si mesmo. Alguns deles podemos inclusive por em nossos exercícios de piedade:
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Não negligenciarei meus exercícios espirituais;
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Mortificarei meus olhos e língua;
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Não perguntarei por coisas movido pela curiosidade;
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Subjugarei meu apetite à razão;
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Não me felicitarei por elogios recebidos;
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Não permitirei interesses em coisas vãs ou frívolas;
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“Ser fiel às coisas pequenas”, este será meu lema;
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Darei meu melhor a Deus.[1]
Sua firmeza nos princípios, disciplina e devoção a Nossa Senhora eram admiráveis. Movido pelo amor à Mãe de Nosso Senhor, escreveu um credo proclamando as virtudes e glórias da Virgem Mãe de Deus:
“[…] eu confesso com São Bernardino que não há criatura cuja humildade se compare com a sua, e que não há nada no mundo que se compare com o menor degrau de sua humildade.
[…] Creio que vós somente completais perfeitamente o preceito ‘Amarás o Senhor teu Deus’, que vós superais todos os homens e todos os anjos no amor a Deus, desde o primeiro momento de vossa vida, e que mesmo os santos serafins aprendem de Vosso Coração como amar a Deus.
[…] E que se unissem o amor de todas as mães pelos seus filhos, de todas as esposas pelos seus maridos e de todos os anjos e santos pelos seus devotos, ainda não chegaria nem perto do amor que Vós tendes por apenas uma alma e que o amor de todas as mães pelos seus filhos é apenas uma mera sombra do amor que tendes por nós.
[…] Creio que Vós sois nossa vida, ‘e depois de Deus, nossa única esperança’, como disse Santo Agostinho.
[…] Creio que Vós desejais ajudar todos os que Vos invocam, e que Vós sois ‘a salvação dos que Vos invocam’, e que ‘vossa vontade de nos fazer bem é maior do que nosso desejo de o receber’. […] Creio com Santo Antônio de Pádua que no vosso nome está a mesma docilidade que São Bernardo encontrou no nome de Jesus: ‘Vosso Nome, oh Maria, é júbilo para o coração, mel para os lábios e música para os ouvidos’.
[…] Creio que ‘Deus decidiu conceder nada, a não ser por Vós’, que ‘nossa salvação encontra-se em vossas mãos’ e que ‘aqueles que estão sem vossa ajuda são como os que tentam voar sem asas’.
[…] Creio que Vós sois a tesoureira de Jesus e que ‘ninguém recebe qualquer coisa de Deus a não ser por Vós’ e que ‘em Vós encontra-se todo o bem’.” [2]
Seguindo a espiritualidade passionista, uma característica marcante de São Gabriel é sua compaixão pelas dores de Nossa Senhora. A grande confiança na Santa Mãe de Deus lhe acompanhou durante toda sua vida, como no dia em que se deu a graça de visitar a Santa Casa em Loreto, quando foi avidamente abatido pelo chamado de sua vocação enquanto contemplava o ícone de Nossa Senhora e quando foi investido nos Passionistas, no dia de Nossa Senhora das Dores.
Seu grande amor e devoção por Nossa Senhora, inspiram ainda muitos jovens que desejam crescer na devoção à Virgem Santíssima e na prática das virtudes. Entregou sua alma a Deus no dia 27 de fevereiro de 1862. Foi beatificado por São Pio X em 1908 e canonizado por Bento XV, em 1920.
Fontes:
[1] https://stgabriel.wordpress.com/5/st-gabriels-resolutions/
[2] https://stgabriel.wordpress.com/5/3-gabriels-marian-creed/
Imagens do site https://stgabriel.wordpress.com/
Gratidão. Deus abençoe vcs pelos méritos da sempre Virgem Maria