Preparação para a Consagração – 5º dia da Segunda Semana
Na segunda semana, deve-se rezar ao menos um terço do Rosário de Nossa Senhora, que pode ser encontrado aqui
Veni, Sancte Spiritus
Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação.Por Cristo Senhor Nosso. Amém
Oremus: Deus, qui corda fidélium Sancti Spíritus illustratióne docuisti da nobis in eódem Spíritu recta sápere, et de ejus semper consolatióne gaudére. Per Christum Dóminum nostrum. Amen
Ladainha do Espírito Santo
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Divino Espírito Santo, ouvi-nos.
Espírito Paráclito, atendei-nos.
Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, redentor do mundo,
Deus Espírito Santo,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus.
Espírito da verdade,
Espírito da sabedoria,
Espírito da inteligência,
Espírito da fortaleza,
Espírito da piedade,
Espírito do bom conselho,
Espírito da ciência,
Espírito do santo temor,
Espírito da caridade,
Espírito da alegria,
Espírito da paz,
Espírito das virtudes,
Espírito de toda graça,
Espírito da adoção dos filhos de Deus,
Purificador das nossas almas,
Santificador e guia da Igreja Católica,
Distribuidor dos dons celestes,
Conhecedor dos pensamentos e das intenções do coração,
Doçura dos que começam a vos servir,
Coroa dos perfeitos,
Alegria dos anjos,
Luz dos patriarcas,
Inspiração dos profetas,
Palavra e sabedoria dos apóstolos,
Vitória doa mártires,
Ciência dos confessores,
Pureza das virgens,
Unção de todos os santos,
Sede-nos propício, perdoai-nos, Senhor.
Sede-nos propício, atendei-nos, Senhor.
De todo o pecado, livrai-nos, Senhor.
De todas as tentações e ciladas do demônio,
De toda a presunção e desesperação.
Do ataque à verdade conhecida,
Da inveja da graça fraterna,
De toda a obstinação e impenitência,
De toda a negligência e tepor do espírito,
De toda a impureza da mente e do corpo,
De todas as heresias e erros,
De todo o mau espírito,
Da morte má e eterna,
Pela vossa eterna procedência do Pai e do Filho,
Pela milagrosa conceição do Filho de Deus,
Pela vossa descida sobre Jesus Cristo batizado,
Pela vossa santa aparição na transfiguração do Senhor,
Pela vossa vinda sobre os discípulos do Senhor,
No dia do juízo,
Ainda que pecadores,nós vos rogamos, ouví-nos.
Para que nos perdoeis,
Para que vos digneis vivificar e santificar todos os membros da Igreja,
Para que vos digneis conceder-nos o dom da verdadeira piedade, devoção e oração,
Para que vos digneis inspirar-mos sinceros afetos de misericórdia e de caridade,
Para que vos digneis criar em nós um espírito novo e um coração puro,
Para que vos digneis conceder-nos verdadeira paz e tranqüilidade no coração,
Para que vos digneis fazer-nos dignos e fortes, para suportar as perseguições pela justiça,
Para que vos digneis confirmar-nos em vossa graça,
Para que vos digneis receber-nos o número dos vossos eleitos,
Para que vos digneis ouvir-nos,
Espírito de Deus,
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, envia-nos o Espírito Santo.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, mandai-nos o Espírito prometido do Pai.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, dai-nos o Espírito bom.
Espírito Santo, ouví-nos.
Espírito Consolador, atendei-nos.
V. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. E renovareis a face da terra.
Oremos: Deus, que instruístes o coração de vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo,
concedei-mos que, no mesmo Espírito, conheçamos o que é reto,
e gozemos sempre as suas consolações.
Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.
Christie, Eleison
Spiritus Sancte, audi nos
Spiritus Paraclite, exaudi nos
Pater de caelis, Deus, miserere nobis.
Fili redemptor mundi Deus,
Spiritus Sancte Deus,
Sancta Trinitas, unus Deus,
Spiritus veritatis,
Spiritus sapientiae,
Spiritus intellectus,
Spiritus foritudinis,
Spiritus pietatis,
Spiritus recti consilit,
Spiritus scientiae,
Spiritus sancti timoris,
Spriritus caritatis,
Spiritus gaudii,
Spiritus pacis,
Spiritus virtutum,
Spiritus multiformis gratiae,
Spiritus adoptionis Filiorum Dei,
Purificatur animarum nostrarum,
Ecclesiæ catholicæ sanctificator et rector,
Caelestium donorum distributor,
Discretor cogitationum et intetionum cordis,
Dulcedo in tuo servitio incipientium,
Corona perfectorum,
Gaudium angelorum,
Iluminatio patriarcarum,
Instpiratio prophetarum,
Os et sapientiae apostolorum,
Victoria Martyrium,
Scientia Condessorum,
Puritas virginum,
Unctio sanctorum omnium,
Propitius esto, parce nobis Domine,
Porpitius esto, exaudi nos Domine,
Ab omni peccato libera nos Domine,
Ad omnibus tentationinbus et insidiis diaboli,
Ab omnine presumptione e desesperatione,
Ab impugnationem veritatis agnitae,
Ab invidentia fraternae gratiae,
Ab omni obstinatione et impoenitentia,
Ab omni negligentia et tepore animi,
Ab omni immunditia mentis et corporis,
Ab haeresibus et erroribus universais,
Ab omni malo spiritu,
A mala et aeterna morte,
Per aeternam ex Patre ex Filioque processionem tuam,
Per miraculosam conceptionem Filii Dei,
Per descensionem tuam super Christum baptizatum,
Per sanctam apparitionem tuam in tranfiguratione Domine,
Per adventum tuum super discípulos Christi,
In die iudicii.
Peccatores, te rogamus, audi nos.
Ut nobis parcas,
Ut omnia Ecclesia membra vivificare et sanctificare digneris,
Ut verae pietatis, devotionis et orationis donum nobis dare digneris,
Ut sinceros misericordiae charitatisque affectus nobis inspirare digneris,
Ut spiritum novum et cor mundum in nobis creare digneris,
Ut veram pacem et cordis tranquilitatem nobis dare digneris,
Ut ad tollerandas propter iustitiam persecutiones nos dignos et fortes efficias,
Ut nos in gratia tua confirmare digneris,
Ut nos in numerum electorum tuorum recipias,
Ut nos exaudire digneris,
Spiritus Dei,
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, effunde in nos Spiritum Sanctum.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, emitte promissum in nos Patris Spiritum.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, da nobis Spiritum bonum.
Spiritus Sanctum, audi nos.
Spiritus Paraclite, exaudi nos.
V. Emitte Spiritum tuum et creabuntur.
R. Et renovabis faciem terrae.
Oremus: Deus qui corda fidelium Sancti Spiritus illustratione docuisti, da nobis in eodem Spiritu recta sapere et de eius semper consolatione gaudere.
Per Christum Dominum nostrum. Amen.
Ave Maris Stella
Clique aqui para ouvir o canto gregoriano
Ave, do mar Estrela
De Deus mãe bela,
Sempre virgem, da morada
Celeste Feliz entrada.
Ó tu que ouviste da boca
Do anjo a saudação;
Dá-nos a paz e quietação;
E o nome da Eva troca.
As prisões aos réus desata.
E a nós cegos alumia;
De tudo que nos maltrata
Nos livra, o bem nos granjeia.
Ostenta que és mãe, fazendo
Que os rogos do povo seu
Ouça aquele que, nascendo
Pos nós, quis ser filho teu.
Ó virgem especiosa,
Toda cheia de ternura,
Extintos nossos pecados
Dá-nos pureza e bravura,
Dá-nos uma vida pura,
Põe-nos em vida segura,
Para que a Jesus gozemos,
E sempre nos alegremos.
A Deus Pai veneremos:
A Jesus Cristo também:
E ao Espírito Santo; demos
Aos três um louvor: Amém.
Dei mater alma,
Atque semper Virgo,
Felix caeli porta.
Sumens illud Ave,
Gabrielis ore,
Funda nos in pace
Mutans Evae nomen.
Solve vincla reis,
Profer lumen caecis,
Mala nostra pelle,
Bona cuncta posce.
Monstra te esse Matrem,
Sumat per te preces,
Qui pro nobis natus
Tulit esse tuus.
Virgo singularis,
Inter omnes mitis,
Nos, culpis solutos,
Mites fac et castos.
Vitam praesta puram,
Iter para tutum:
Ut, videntes Jesum,
Semper collaetemur.
Sit laus Deo Patri,
Summo Christo decus
Spiritui Sancto,
Tribus honor unus. Amen.
Evangelho - Lc 2, 1-29 — Nascimento de Jesus
1. Naqueles tempos, apareceu um decreto de César Augusto, ordenando o recenseamento de toda a terra.
2.Esse recenseamento foi feito antes do governo de Quirino, na Síria.
3.Todos iam alistar-se, cada um na sua cidade.
4.Também José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi,
5.para se alistar com a sua esposa, Maria, que estava grávida.
6.Estando eles ali, completaram-se os dias dela.
7.E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria.
8.Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite.
9.Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor.
10.O anjo disse-lhes: “Não temais, eis que vos anuncio uma Boa-Nova que será alegria para todo o povo:
11.hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor.
12.Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura”.
13.E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia:
14.“Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina).”
15.Depois que os anjos os deixaram e voltaram para o céu, falaram os pastores uns com os outros: “Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou”.
16.Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura.
17.Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino.
18.Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os pastores.
19.Maria conservava todas essas palavras, meditando-as no seu coração.
20.Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, e que estava de acordo com o que lhes fora dito.
21.Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno.
Tratado da Verdadeira Devoção n. 213 - 217 — Os fruto maravilhosos da Perfeita Devoção
213. Meu querido irmão, convencei-vos de que, se vos tornardes fiel às práticas interiores e exteriores desta devoção, que vos indico em seguida:
Artigo I
Conhecimento e desprezo de si mesmo1o Pela luz que o Espírito Santo vos dará por intermédio de Maria, sua querida esposa, conhecereis vosso fundo mau, vossa corrupção e vossa incapacidade para todo bem, e, em conseqüência deste conhecimento, vos desprezareis, e será com horror que pensareis em vós mesmo. Considerar-vos-eis como uma lesma asquerosa que tudo estraga com sua baba, como um sapo repugnante que tudo envenena com sua peçonha, ou como a serpente traiçoeira que só busca enganar. A humilde Maria vos dará, enfim, parte de sua profunda humildade, com que vos desprezareis a vós mesmo, sem desprezar pessoa alguma, e gostareis até de ser desprezado.
Artigo II
Participação da fé de Maria214. 2o A Santíssima Virgem vos dará uma parte na fé, a maior que já houve na terra, maior que a de todos os patriarcas, profetas, apóstolos e todos os santos. Agora, reinando nos céus, ela já não tem esta fé, pois vê claramente todas as coisas em Deus, pela luz da glória. Com assentimento do Altíssimo, ela, entretanto, não a perdeu ao entrar na glória; guardou-a para seus fiéis servos e servas na Igreja militante. Quanto mais, portanto, ganhardes a benevolência desta Princesa e Virgem fiel, tanto mais profunda fé tereis em toda a vossa conduta: uma fé pura, que vos levará à despreocupação por tudo que é sensível e extraordinário; uma fé viva e animada pela caridade que fará com que vossas ações sejam motivadas por puro amor; uma fé firme e inquebrantável como um rochedo, que vos manterá firme e contente no meio das tempestades e tormentas; uma fé ativa e penetrante que, semelhante a uma chave misteriosa, vos dará entrada em todos os mistérios de Jesus Cristo, nos novíssimos do homem e no coração do próprio Deus; fé corajosa que vos fará empreender sem hesitações, e realizar grandes coisas para Deus e a salvação das almas; fé, finalmente, que será vosso fanal luminoso, vossa via divina, vosso tesouro escondido da divina Sabedoria e vossa arma invencível, da qual vos servireis para aclarar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte, para abrasar os tíbios e os que necessitam do ouro candente da caridade, para dar vida aos que estão mortos pelo pecado, para tocar e comover, por vossas palavras doces e poderosas, os corações de mármore e derrubar os cedros do Líbano, e para, enfim, resistir ao demônio e a todos os inimigos da salvação.
Artigo III
Graça do puro amor215. 3o Esta Mãe do amor formoso (Ecli 24, 24) aliviará vosso coração de todo escrúpulo e de todo temor servil; ela o abrirá e alargará para correr pelo caminho dos mandamentos de seu Filho (cf. Sl 118, 32), com a santa liberdade dos filhos de Deus, e para nele introduzir o puro amor, de que ela possui o tesouro; de tal modo que não mais vos conduzireis, como o fizestes até aqui, pelo receio ao Deus de caridade, mas pelo puro amor, unicamente. Passareis a olhá-lo como vosso bondoso Pai, tratando de agradar-lhe incessantemente; com ele conversareis confidentemente, à semelhança de um filho com seu pai. Se, por acaso, o ofenderdes, humilhar-vos-eis em continente diante dele, pedir-lhe-eis perdão humildemente, lhe estendereis simplesmente a mão, e vos levantareis amorosamente, sem perturbação nem inquietação, se sem desfalecimentos continuareis a caminhar para ele.
Artigo IV
Grande confiança em Deus e em Maria216. 4o A Santíssima Virgem vos encherá de grande confiança em Deus e nela:
1o porque não vos aproximareis mais de Jesus Cristo por vós mesmo, mas sempre por intermédio desta bondosa Mãe;
2o porque, tendo lhe dado todos os vossos méritos, graças e satisfações, para que deles disponha à sua vontade, ela vos comunicará suas virtudes e vos revestirá de seus méritos, de sorte que podereis dizer confiantemente a Deus: “Eis Maria, vossa serva: faça-se em mim conforme a vossa palavra: Ecce ancilla Domini; Fiat mihi secundum verbum tuum” (Lc 1, 38);
3o porque, desde que vos destes a ela inteiramente, de corpo e alma, ela, que é liberal com os liberais, e mais liberal que os próprios liberais, dar-se-á a vós em troca, e isto de um modo maravilhoso, mas verdadeiro; assim podereis dizer-lhe ousadamente: “Tuus sum ego, salvum me fac! – Eu vos pertenço, Santíssima Virgem, salvai-me!” (Sl 118, 94) ou, como já disse (cf. no 179), com o discípulo amado: “Accepi te in mea” – eu vos tomei, Mãe Santíssima, como todo o meu bem. Podereis ainda dizer com São Boaventura: “Ecce Domina salvatrix mea, fiducialiter agam, et non timebo, quia fortitudo mea, et laus mea in Domino es tu...”81 e em outro lugar: “Tuus totus ego sum, et omnia mea tua sunt; o Virgo gloriosa, super omnia benedicta, ponam te ut signaculum super cor meum, quia fortis est ut mors dilectio tua82 – Minha querida Senhora e Salvadora, agirei com confiança e não temerei porque sois minha força e meu louvor no Senhor... Sou todo vosso, e tudo que tenho vos pertence; ó gloriosa Virgem, bendita sobre todas as coisas criadas, que eu vos ponha como uma marca sobre meu coração, pois vossa dileção é forte como a morte!” Podereis dizer a Deus com os sentimentos do profeta: “Domine, non est exaltatum cor meum, neque elati sunt oculi mei; neque ambulavi in magnis, neque in mirabilibus super me; si non humiliter sentiebam, sed exaltavi animam meam; sicut ablactatus est super matre sua, ita retributio in anima mea (Sl 130, 1-2) – Senhor, nem meu coração nem meus olhos têm motivo para se elevar e ensoberbecer, nem de buscar coisas grandes e maravilhosas; e mesmo assim, ainda não sou humilde; mas elevei e encorajei minha alma pela confiança; sou como uma criança, afastada dos prazeres da terra e apoiada ao seio de minha mãe; e é neste seio que sou cumulado de bens. 4o O que aumenta ainda vossa confiança nela é que, tendo lhe dado em depósito tudo o que tendes de bom para dar ou guardar, confiareis menos em vós e muito mais nela, que é vosso tesouro. Oh! que confiança e consolação para uma alma poder chamar também seu o tesouro de Deus, onde Deus depositou o que tem de mais precioso! “Ipsa est thesaurus
217. 5o A alma da Santíssima Virgem se comunicará a vós para glorificar o Senhor; seu espírito tomará o lugar do vosso para regozijar-se em Deus, contanto que pratiqueis fielmente esta devoção. “Sit in singulis anima Mariae, ut magnificet Dominum; sit in singulis spiritus Mariae, ut exultet in Deo84 – Que a alma de Maria esteja em cada um para aí glorificar o Senhor; que o espírito de Maria esteja em cada um para aí regozijar-se em Deus”. Ah! quando virá este tempo feliz em que Maria será estabelecida Senhora e Soberana nos corações, para submetê-los plenamente ao império de seu grande e único Jesus? Quando chegará o dia em que as almas respirarão Maria, como o corpo respira o ar? Então, coisas maravilhosas acontecerão neste mundo, onde o Espírito Santo, encontrando sua querida Esposa como que reproduzida nas almas, a elas descerá abundantemente, enchendo-as de seus dons, particularmente do dom da sabedoria, a fim de operar maravilhas de graça. Meu caro irmão, quando chegará esse tempo feliz, esse século de Maria, em que inúmeras almas escolhidas, perdendo-se no abismo de seu interior, se tornarão cópias vivas de Maria, para amar e glorificar Jesus Cristo? Esse tempo só chegará quando se conhecer e praticar a devoção que ensino, “Ut adveniat regnum tuum, adveniat regnum Mariae”.
Prossigamos ainda hoje com esse luminoso trabalho, primeira- mente reconhecendo nosso inteiro PERTENCIMENTO à Santíssima Virgem; depois, constatando com alegria que o escravo de amor de Maria quer ser seu FILHO sempre submisso e dependente.
Agradeçamos a São Luís Maria de Montfort pelas abundantes luzes que ele projetou, assim, sobre nossa filiação mariana.
Ave, Maria.
I. PERTENCEMOS A MARIA NA QUALIDADE DE ESCRAVOS.
Lembremo-nos da meditação do segundo Dia de nossa pri- meira Semana, sobre nosso total pertencimento a Jesus Cristo. Esse
pertencimento decorre dos direitos de sua Redenção. Ele pagou por nossas almas um alto preço, o preço de todo o seu sangue. Ele der- ramou por nós um resgate infinito, como compensação da ofensa infinita do pecado.
Estamos, pois, como dizíamos, divinamente marcados com o selo de sua posse. Somos seu bem, sua propriedade, sua conquista, em estrito rigor de justiça. Tornamo-nos “seus verdadeiros escravos”, que não devem viver, trabalhar e frutificar senão para ele. Ele é nosso Senhor e Mestre: Dominus noster; um Mestre de coração infinitamente bom, que nos arrancou da servidão tirânica do demônio, e que se apresenta a nós como soberanamente respeitoso de nossa liberdade. Ele não se impõe à força. Mesmo possuindo sobre nós todos os direitos, solicita que nos coloquemos livremente a seu serviço.
É por isso que nós mesmos devemos nos alegrar por reconhe- cer esse total pertencimento, e desejar, em retorno, servir esse bom Senhor, não somente como servos mercenários (o desejo da recom- pensa celestial não deve ser excluído de nossas intenções), mas, também, como escravos de amor, que, por uma escolha refletida, se doam e se entregam sem nenhum motivo de interesse pessoal, somente pela honra de pertencer-lhe. (V. D., n. 68, 73.)
Nessa passagem de seu Tratado, Montfort acrescentava: “O que digo absolutamente de Jesus Cristo, digo-o relativamente da Santíssima Virgem.” (n. 74.) O que significa que Maria, ela também, tem direito à home- nagem de nossa amorosa e inteira dependência, mas por um motivo diferente. Jesus tem direito a ela a título pessoal: ele é nosso Redentor por conquista, somente ele podia igualar a reparação à ofensa. Maria tem direito pelo motivo puramente gratuito de união ao seu Filho: ela é nossa Corredentora por graça, pela graça da vontade divina que a associou à Encarnação.
O Salvador podia dispensar qualquer auxiliar na obra de nossa reparação; agradou-lhe – e era o plano eterno – que a Virgem lhe fosse associada em todas as coisas. “Tendo Jesus Cristo escolhido-a como a companheira indissolúvel de sua vida, de sua morte, de sua glória e de seu poder no Céu e sobre a terra, deu-lhe por graça, relativamente à
ua Majestade, todos os mesmos direitos e privilégios que ele possui por natureza”, enquanto Filho de Deus, Redentor dos homens. (V. D., n. 74.)
Esses direitos e privilégios são não somente semelhantes, mas idênticos, numericamente os mesmos. Mas convêm a Jesus por causa de si mesmo, e a Maria por causa de seu Filho. “De modo que, acres- centa Montfort, tendo os dois a mesma vontade e o mesmo poder, têm os mesmos súditos, servos e escravos.” (n. 74.) Maria é, pois, a Senhora de todos os resgatados: “Domina nostra”, como Jesus Cristo é seu Senhor: “Domi- nus noster”. Somos, na verdade, seus escravos, como somos os escra- vos de Jesus Cristo. Depende somente de nós reconhecer esse inteiro pertencimento e escolher Maria como nossa Senhora, consagrando- nos ao seu serviço como seus escravos de amor. Seremos, então, de modo mais perfeito, os escravos de amor de Jesus Cristo.
Retomamos aqui nossa meditação precedente, na qual havíamos considerado a Dominação de Maria nas almas predestinadas. Se a Santa Virgem tem em sua inteira posse todos os resgatados, com maior razão alegra-lhe exercer sua Dominação materna sobre aqueles de seus filhos que não querem tornar inútil o sangue de Jesus Reden- tor nem ignorar seus sofrimentos de Corredentora. Daqueles, como vimos, ela é plenamente Senhora e Rainha. É, pois, uma felicidade confiar-lhe a condução de nossa alma e entregar às suas mãos toda a nossa riqueza espiritual. Assim corresponderemos ao seu belo título de “Rainha dos corações”; e nossa denominação de “escravos de amor” não faz senão acentuar a denominação tão amada de filhos da Santa Virgem, como veremos na segunda parte desta meditação.
II O ESCRAVO DE AMOR DE MARIA DESEJA SER SEU FILHO SEMPRE SUBMISSO E DEPENDENTE.
Consagrando- nos como escravos de amor à Santíssima Virgem, não deixamos de ser seus filhos. Desejamos, na verdade, nos tornar seus filhos de maneira mais perfeita do que nunca. Contudo, por mais justo e mais belo que seja em si mesmo, o termo “filho”, sozinho, não nos basta aqui. É necessária outra coisa que venha do mais profundo de nossa
alma livre e amorosa, e que corresponda adequadamente à Domina- ção que Maria exerce dentro de nós mesmos.
Essa outra coisa, essa espontaneidade de um amor, emanando da luz e que conduz à doação total, só se exprime em nossas línguas humanas pela palavra “escravo”, tão comumente empregada na Bíblia e nas orações da Igreja.
O escravo é, por definição, aquele que se encontra inteiramente, pessoa e bens, sob a posse e a dependência de um senhor. No caso concreto que nos ocupa, sendo o Senhor o próprio Deus, revelan- do-se por intermédio de Maria, não podemos experimentar senão uma alegria intensa ao nos proclamar escravos da Virgem, exata- mente como ela mesma se proclamou escrava do Senhor. Esse termo não é mais desusado hoje do que no tempo da Anunciação, visto que implica sempre a mesma viva realidade.
Se Montfort se contentasse em se entregar na qualidade de filho, no sentido de dependência limitada que esse termo comporta na lingua- gem usual, seu amor não conseguiria corresponder, tanto quanto lhe é possível, à plenitude de dominação que ele descobre em Maria.
Por outro lado, ao se entregar na qualidade de escravo por vontade, ele atinge adequadamente seu duplo título de “Mãe” e de “Senhora” das almas. Glorifica sua Maternidade, apresentando-se com toda a força de seu querer à formação do Corpo místico do qual é membro.
Da mesma forma, a palavra escravo está longe de se opor a filho. Existe entre esses dois termos exatamente a mesma conexão que descobrimos entre os termos correlativos de Senhora e de Mãe, apli- cados a Maria.
Em Maria, a denominação de Senhora inclui o conceito de Mãe e o intensifica: a Virgem estende seu domínio de amor para dentro de nós, na medida em que desabrocha sua Maternidade de graça.
Em nós, semelhantemente, a denominação de escravo de Maria supõe a de filho e a intensifica; supera-a, acrescentando-lhe a ideia de uma dependência sem limite e sem fim. Consagramo-nos escravos de Maria, porque – sendo já seus filhos desde nosso batismo – deseja- mos viver nossa filiação mariana da maneira mais perfeita, por meio de uma inteira submissão de nossa vontade, que jamais conhecerá emancipação ou independência.
O filho pode se libertar da autoridade dos seus. Chega mesmo um dia em que ele escolhe para si um estado de vida independente. Permanece, no entanto, filho daquela que o pôs no mundo, mas não lhe é mais submisso.
O escravo de amor da Virgem é seu filho incansavelmente sub- misso e dependente. Mesmo tendo chegado à idade de homem, e sobretudo então, ele deseja conservar sempre sua dependência e sua submissão da infância. A Virgem, sua Mãe, se torna cada vez mais sua Senhora, em companhia do Senhor interior, o Espírito Santo de Jesus. Ela o governa, rege, dirige, protege, santifica dia após dia. Ela conduz nele sua Maternidade espiritual a um bom termo.
É por isso que o filho da Virgem, que compreendeu essa signifi- cação da palavra “Senhora”, unida à de “Mãe”, alegra-se por se entre- gar a ela na qualidade de escravo que o amor conduz à doação total.
“Ó minha divina Mãe, exclamará ele, numa súbita iluminação de graça, sede também, de maneira perfeita, minha Senhora. Vós que me gerastes filho do Pai, membro do Filho, templo do Espírito Santo, estendei agora em mim vossa dominação materna tão cheia de doçura. Sede a pacífica Soberana das faculdades de minha alma. Imprimi em mim a semelhança do Filho primogênito, o filho de Nazaré, cujo Evangelho nos diz que ele quis permanecer amorosa- mente submisso a vós. Então, tornar-me-ei vosso perfeito filho, deixan- do-me conduzir em tudo e sempre por esse espírito de submissão de Jesus, até o tempo determinado pelo Pai dos Céus. Esse tempo será precisamente aquele em que me gerareis para a glória eterna.”