Os dois estandartes
A vida cristã é um combate, mas para bem lutar, é necessário acima de tudo seguir o bom estandarte e tomar cuidado para não se deixar ser seduzido pelo estandarte do inimigo: Videte, ne seducamini (Lc 21, 8). Cristo ergueu seu estandarte diante de todo o universo, e Ele convida a cada homem a segui-Lo, uma coroa imortal será o preço da vitória: Naqueles dias, diz Isaias, o rebento da raiz de Jessé, posto por estandarte dos povos, será invocado pelas nações, e será gloriosa sua morada. (Is 11, 10)
Mas além do estandarte de Cristo, posso ver outro erguido. É o estandarte do Demônio, o chefe da hoste rebelde. Por vinte séculos esses dois estandartes elevaram-se sobre o mundo: De um lado Cristo, o Verdadeiro Rei, que leva seus seguidores à vida eterna; do outro, o Demônio, o príncipe das trevas, que leva suas vítimas à ruína e eterna perdição.
Obrigados a escolher um desses dois chefes tão distintos, não pareceria que todos os homens sem hesitação se poriam abaixo do estandarte de Cristo e fugiriam com horror ao estandarte do tirano que só quer sua ruína? Mas que pena! Os homens não agem dessa maneira. Posso ver a humanidade dividida em duas partes: Uma se agrupa sob a Bandeira de Cristo; a outra na do Demônio e, quão estranho, é mais numerosa.
De onde vem essa incrível divisão? Como podem os homens serem tão insensatos de querer seguir aquele que os pode levar apenas à perdição? Como podem ser tão numerosos os que se agrupam sob esse tirano? Qual a causa de tal insanidade? A resposta é simples: Nós nos deixamos seduzir. É por isso que nosso salvador nos alertou, dizendo: “Cuidai para não serdes seduzidos“.
Para não sermos vítimas de sedução tão fatal, consideremos e nos esforcemos para compreender as características desses dois estandartes:
I. O Estandarte de Cristo
O estandarte de Cristo não é outro senão a Cruz, o instrumento de sua morte, o sinal da salvação, o símbolo da fé e das virtudes. É o próprio Cristo que carrega este estandarte por todas as eras: Ele o carrega pelas mãos de sua Igreja. Ele o carrega diante de todo o Universo.
Aqueles que o seguem são, em primeiro lugar, o papa, os bispos e toda a hierarquia da Igreja; então, todos os leigos zelosos e militantes que se associam ao clero para combater o bom combate. Finalmente, todos os fiéis que se esforçam sinceramente para manter a fé e serem fiéis à religião.
Aonde o seguimento desse estandarte leva seus seguidores? À virtude e verdadeira civilização neste mundo, e a felicidade eterna no próximo. Esse é o fim de todas as ações da Igreja – táticas que constituem a estratégia dos soldados de Cristo. Entre essas táticas, além do culto, na Santa Missa, da pregação e do Ofício Divino nos templos, há também a educação e escolas, a boa imprensa e a defesa dos Direitos de Deus na política. A forma do combate é determinada pelas manobras de nossos inimigos: devemos confundir essas manobras e atacar os inimigos no solo onde eles nos atacam.
II. O Estandarte do Demônio
Este é o estandarte de revolta contra Deus e de sedução dos homens. É erguido com o esplendor do ouro e de mil cores, marchando em deslumbrantes palavras: Liberdade, Igualdade, Riqueza, Grandeza.
É carregado não pelo Demônio, que se mantém oculto, mas pelos seus ministros, seus tenentes, seus instrumentos: Os poderosos inimigos da Igreja, os chefes das lojas maçônicas, os magistrados corruptos, os escritores infames, os professores e mestres ateus e anti-cristãos, libertinos e liberais, que corrompem a juventude. Podemos distinguir desses homens primeiro os inimigos declarados da Igreja, ao qual se juntam aqueles que por fraqueza, indiferença ou interesse se deixaram seduzir. Finalmente, os maus cristãos, que querem não mais que satisfazer suas paixões.
Aonde o Demônio leva os seus apoiadores? À perdição eterna, através do amor pela riqueza e pelos prazeres a uma profunda rebelião contra Deus. O objetivo de todas as estratégias e manobras é a destruição da Fé no mundo e substituir por um espírito de independência, impiedade, sensualidade e espalhar esses pensamentos por meio das escolas, da imprensa, das festas profanas.
Vede os dois estandartes, erguidos sobre a Terra. Vede como dividem a humanidade em dois campos inimigos. Vede a grande batalha, o grande duelo cuja arena é nosso planeta. Qual deles vencerá? Será o Demônio, o rei do mal, ou Cristo, o Rei da Justiça? A vitória é de Cristo e daqueles que se mantêm fiéis. Esses triunfarão no dia de sua vinda. Então, o estandarte de sua cruz resplandecerá glorioso diante do incalculável exército dos justos e o estandarte do Demônio perecerá, e junto com ele os seus seguidores, cobertos de vergonha e desesperados pela punição que os aguarda.
Em que lado você está, meu irmão? Em que lado você quer estar? Não queres lutar sob o estandarte de Cristo e dos eleitos? Vede o destino feliz dos que escolhem esse caminho, de sacrifícios, sem dúvidas, mas de eterna glória. Se queres associar-te com Cristo, associa-te com seus seguidores tendo uma vida Cristã; combate com os eleitos contra o Mundo, contra o Demônio.
Ó Santíssima Virgem, cujo estandarte queremos sempre seguir e em cuja sombra queremos sempre combater, vós que tornais vossos servos invencíveis no combate, obtende para nós a graça de não nos deixar ser seduzidos, vencer as tentações e jamais abandonar o estandarte de Vosso Filho
Pe. F.X. Schouppe, S.J., em Sodality Director’s Manual (1882)
Tradução por um congregado mariano
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[…] – e, por extensão, a espiritualidade da Congregação Mariana – leva-nos ao corolário dos dois estandartes: A Vitória de Cristo deve acontecer em primeiro lugar no mais profundo de nossa própria […]
[…] mas porque neste princípio, assim como em outros como a luta pela perfeição, a espiritualidade dos dois estandartes, o amor ao dever, a radical devoção e consagração a Nossa Senhora, etc, […]
[…] comum aos Religiosos da Companhia de Jesus, e pela tua particular, és chamado a seguir a bandeira de Cristo e de seus Santos, donde se segue que qualquer cargo, ofício, ou exercício, em tanto […]