Os Impropérios na Liturgia da Sexta-Feira Santa
Ano Litúrgico, Tomo VI – D. Prosper Guéranger.
Tradução por um congregado mariano.
Uma das riquezas da liturgia tradicional da Igreja são os Impropérios, cantados durante a adoração da Santa Cruz, na Sexta-Feira Santa. Os cantos que são usados nesta cerimônia são extremamente belos. Primeiramente há os Impropérios, que são censuras feitas por Nosso Senhor aos judeus. Cada uma das três primeiras estrofes deste hino de lamentações é seguida pelo Trisagion, ou orações à Santíssima Trindade, que, como Homem, sofre a morte por nós. Esta forma de oração foi usada em Constantinopla desde o século V. A Igreja Latina a adotou mantendo inclusive as palavras originais em grego, às quais são adicionadas a tradução latina. O restante deste belo hino contém a comparação feita por Nosso Senhor entre os favores que Ele concedeu ao povo judeu a as injúrias que Ele recebeu deles em retorno.
I
Popule meus, quid feci tibi,
aut in quo contristavi te?
Responde mihi.
Quia eduxi te de terra AEgypti,
parasti crucem Salvatori tuo.
Agios o Theos
Sanctus Deus
Agios ischyros
Sanctus Fortis
Agios athanatos, eleison imas.
Sanctus immortalis, miserere nobis.
Quia eduxi te per desertum
quadraginta annis: et manna cibavi te,
et introduxi te in terram satis bonam,
parasti crucem Salvatori tuo.
Agios o Theos
Sanctus Deus
Agios ischyros
Sanctus Fortis
Agios athanatos, eleison imas.
Sanctus immortalis, miserere nobis.
Quid ultra debui facere tibi, et non feci?
Ego quidem plantavi te vineam electam meam
speciosissimam: et tu facta es mihi nimis amara:
aceto namque sitim meam potasti:
et lancea perforasti latus Salvatori tuo.
Agios o Theos
Sanctus Deus
Agios ischyros
Sanctus Fortis
Agios athanatos, eleison imas.
Sanctus immortalis, miserere nobis.
ou em que te contristei?
Responde-me!
Porque eu te tirei da terra do Egito:
preparaste uma cruz para o teu Salvador.
Ó Deus Santo
Ó Deus Santo
Santo e Poderoso
Santo e Poderoso
Santo e Imortal, tende piedade de nós.
Santo e Imortal, tende piedade de nós.
Porque eu te conduzi quarenta anos
pelo deserto, te alimentei com o maná
e te introduzi numa terra esplêndida:
preparaste uma cruz para o teu Salvador
Ó Deus Santo
Ó Deus Santo
Santo e Poderoso
Santo e Poderoso
Santo e Imortal, tende piedade de nós.
Santo e Imortal, tende piedade de nós.
Que mais devia ter feito por ti, e não fiz?
Eu te plantei como vinha escolhida e preciosa:
e tu te fizeste amarga para mim:
vinagre me deste a beber na minha sede,
e furaste com uma lança o lado do teu Salvador.
Ó Deus Santo
Ó Deus Santo
Santo e Poderoso
Santo e Poderoso
Santo e Imortal, tende piedade de nós.
Santo e Imortal, tende piedade de nós.
II
AEgyptum cum primogenitis suis:
et tu me flagellatum tradidisti.
Popule meus, quid feci
tibi, aut in quo contristavi te?
Responde mihi.
Ego eduxi te de AEgypto,
demerso Pharaone in mare
Rubrum: et tu me tradidisti
principibus sacerdotum.
Popule meus, quid feci
tibi, aut in quo contristavi te?
Responde mihi.
Ego ante te aperui mare:
Et tu aperuisti lancea latus meum.
Popule meus, quid feci
tibi, aut in quo contristavi te?
Responde mihi.
Ego ante te praeivi in columna nubis:
Et tume duxisti ad praetorium Pilati.
Popule meus, quid feci
tibi, aut in quo contristavi te?
Responde mihi.
Ego te pavi manna per desertum:
Et tu me cecidisti alapis et flagellis.
Popule meus, quid feci
tibi, aut in quo contristavi te?
Responde mihi.
Ego te potavi aqua salutis de petra:
Et tu me potasti felle et aceto.
Popule meus, quid feci
tibi, aut in quo contristavi te?
Responde mihi.
Ego propter te Chananaeorum reges percussi:
et tu percussisti arundine caput meum.
Popule meus, quid feci
tibi, aut in quo contristavi te?
Responde mihi.
Ego dedi tibi sceptrum regale:
Et tu dedisti capiti meo spineam coronam.
Popule meus, quid feci
tibi, aut in quo contristavi te?
Responde mihi.
Ego te exaltavi magna virtute:
Et tu me suspendisti in patíbulo Crucis.
Popule meus, quid feci
tibi, aut in quo contristavi te?
Responde mihi.
e os seus primogênitos:
e tu, flagelado, me entregaste.
Meu povo, que te fiz eu
ou em que te contristei?
Responde-me!
Eu te tirei do Egito, afogando
o Faraó no Mar Vermelho:
e tu me entregaste aos
príncipes dos sacerdotes.
Meu povo, que te fiz eu
ou em que te contristei?
Responde-me!
Eu abri o mar diante de ti:
e tu me abriste o lado com uma lança.
Meu povo, que te fiz eu
ou em que te contristei?
Responde-me!
Eu te guiei na coluna de fogo:
e tu me conduziste ao pretório de Pilatos.
Meu povo, que te fiz eu
ou em que te contristei?
Responde-me!
Eu te alimentei com o maná do deserto:
e tu me alquebraste de tapas e de açoites.
Meu povo, que te fiz eu
ou em que te contristei?
Responde-me!
Eu te dei a beber a boa água da pedra:
e tu me deste a beber fel e vinagre.
Meu povo, que te fiz eu
ou em que te contristei?
Responde-me!
Eu bati por ti os reis de Canaan:
e tu me bateste a cabeça com uma cana.
Meu povo, que te fiz eu
ou em que te contristei?
Responde-me!
Eu te dei o cetro da realeza:
e tu me deste uma coroa de espinhos.
Meu povo, que te fiz eu
ou em que te contristei?
Responde-me!
Eu te exaltei com grande poder:
e tu me suspendeste no patíbulo da Cruz.
Meu povo, que te fiz eu
ou em que te contristei?
Responde-me!
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[…] a Igreja nos faz reverenciar a morte redentora de Cristo pela humanidade, enquanto o coro canta os Impropérios, que relatam de forma belíssima as censuras de Nosso Senhor aos judeus e compara os favores que […]