Academias

Cada vez mais se faz necessária a formação de bons católicos. Em nossos tempos de informação rápida e instantânea, de ataques à fé em todos os meios, urge-se ter não apenas católicos sérios e piedosos, mas também bem formados na  reta Doutrina e Moral Católica, a fim de não só ser capaz de defender a Santa Igreja dos ataques de seus inimigos, mas também praticar uma fé racional, livre de sentimentalismo e relativismo.

Disse Bento XVI em sua viagem apostólica a Camarões em 2009:

O avanço de seitas e movimentos esotéricos e a influência crescente de uma religiosidade supersticiosa como também do relativismo são um premente convite a dar um novo impulso à formação dos jovens e dos adultos, particularmente nos meios universitários e intelectuais. Por isso encorajo-vos vivamente a perseverar nos vossos esforços para uma sólida formação cristã que permita desempenharem plenamente o seu papel de apostolado cristão da ordem temporal (política, cultural, económica, social), que é empenho característico da vocação secular do laicado

 

As academias

As Congregações Marianas, como disse Pio XII, foram pioneiras nessa resposta. Desde seu início tem como um de seus princípios a verdadeira formação católica de seus membros, sempre aliada a uma frutuosa vida interior, condição necessária para a fecundidade da vida intelectual.

De muitos modos incentiva a Congregação a Educação Cristã de seus membros, conforme um dos preâmbulos da regra: através da difusão da boa imprensa, do apoio de fundação de escolas católicas, das obras de catecismo e das aulas semanais e, de modo todo particular, através das Academias.

As Academias são grupos de congregados que se reunem para o estudo de temas de interesse comum.  As Regras Comuns da Congregação Mariana, em seu artigo terceiro, seção 14, explicam-nos este fecundíssimo campo de atividade:

É também muito conforme aos estatutos primitivos das Congregações Marianas que haja nestas, mormente se são estudantes, uma ou mais Academias, em que os jovens se exercitem em meios, para se aperfeiçoarem nos seus estudos ou profissão e adquirirem, sob a direção de pessoas competentes, um são critério nas questões que tem relação com a fé e com a moral Católica.

As academias da Congregação oferecem infinitas possibilidades para o crescimento dos congregados. Nelas, desperta-se maior interesse pela vida intelectual e pelo estudo; nela, aprende-se métodos de estudo e se ganha prática na retórica, por meio das disputas e apresentações; nela, provam-se os argumentos, desafiam -se os limites da má timidez e do embaraço, promove-se uma santa emulação e competição, que gera crescimento, descobrem-se vocações; nela, amadurece-se a inteligência e se desenvolve o amor pelo conhecimento. As academias são um dos mais belos frutos da Congregação!

Apesar de a regra recomendar as academias especialmente para congregações de estudantes, elas são propícias para todas as congregações em que os membros sejam maduros o suficiente para comprometerem-se com os exercícios propostos, sobretudo porque através desses exercícios se formarão os instrutores que difundirão o apostolado da Congregação nas aulas de catecismo, preleções e disputas. Procurem, no entanto, os acadêmicos não só aos estudos, senão também à piedade; valendo-se, para este fim, do exemplo de virtudes e, em se oferecendo a ocasião, de conversas particulares.

 

Temas

Os temas abordados pelas academias não precisem ser necessariamente temas relacionados à religião, mas podem também ser temas relacionados à vida temporal, à profissão, às ciências ou artes. Dificilmente haverá tema relevante para a vida religiosa, profissional e pessoal dos congregados que não possa ser abordado em uma Academia.

Dentre as academias mais comuns na história da Congregação, destacam-se as Academias de Filosofia, de Apologética, de Sagradas Escrituras, de Estudos Sociais, de História, de Artes e de Direito.

 

Método

Como todas as coisas autenticamente nascidas da Congregação Mariana, filha de Santo Inácio de Loyola, as Academias tem métodos. Por métodos entendemos as formas de trabalho. Às academias é dada grande liberdade quanto à forma de trabalhar, mas em forma geral alguns passos serão sempre necessários:

 

Definição do escopo e do calendário

O primeiro passo de trabalho de uma academia ou núcleo é a definição do escopo, isto é, do objeto de estudo. Reúnem-se os membros da academia e decidem que assunto estudarão e que abordagem darão

Tendo-se bem dividido o escopo, deve-se organizar um calendário de apresentações da academia. Para cada apresentação, deve-se escolher o tema e os responsáveis. Se não houver voluntários, deve o prefeito da academia indicar a ordem.

 

O estudo prévio

Tendo sido definido o calendário, os membros da academia se exercitarão, mormente de forma espontânea, no estudo dos temas. Esse estudo devem, em primeiro lugar, ser apoiado em uma profunda e segura bibliografia. Os estudos e apresentações das academias não podem se fundamentar em opiniões dos membros ou em conhecimentos pré-adquiridos, mas sempre ter apoio em livros.

Aqui cada academia ou núcleo encontrará a maneira de melhor estudar. Deve-se, apenas, evitar que os núcleos dividam o assunto entre seus membros de maneira arbitrária, pois a experiência prova que muitas vezes isso faz com que os membros estudem apenas a “sua parte” e o objetivo do estudo não seja plenamente alcançado

 

Apresentação

Na data definida, os acadêmicos devem proceder à apresentação do tema. Embora comumente sejam fechadas apenas aos membros da academia, muito se incentiva que sejam abertas e recebam convidados. Tradicionalmente, a apresentação costuma ser feita em algum dos seguintes modos:

  • Preleção
    Os responsáveis expõe aos demais acadêmicos e a convidados, se for uma apresentação pública, o conteúdo que ficaram responsáveis. A maneira de apresentar é livre, podendo ou não usar-se de recursos, slides, quadro, etc. Importa passar o conteúdo e responder às perguntas. Após a preleção, no caso das preleções privadas, todos os acadêmicos são convidados a fazer comentários sobre a preleção que foi dada, fazendo perguntas, dando conselhos e críticas, se for o caso, a fim de melhorar o nível das apresentações da academia.
  • Repetição
    A repetição é, via de regra, a reapresentação de uma preleção que foi recebida anteriormente ou dada. Pode-se fazer repetições, também de aulas famosas dadas por grandes doutores ou santos.
  • Produções
    Para o caso sobretudo das academias artísticas ou materiais (como a famosa academia de marcenaria de Barcelona), as produções consistem em apresentar o fruto do trabalho dos acadêmicos, sejam textos, obras cênicas, artesania, etc
  • Disputas
    Método escolástico por excelência, é o método mais caro na história das academias. Devem ser, conforme as orientações da Ratio, revestidas de solenidade. O prefeito da academia ou alguém de maior dignidade deve dirigi-la.  A disputa consiste num debate entre os alunos acerca de determinada tese ou assunto; ao contrário da preleção que costuma apresentar, nos alunos, forma passiva. Após uma apresentação inicial, faz-se um debate, por método socrático, com três elementos de discussão: pro, contra e solutio, isto é, pela exposição da argumentação afirmativa, pela da negativa, ou contrária, terminando pela resolução do tema.
  • Defesa de teses
    São preleções constituídas de maior dignidade que passam pelo julgamento de uma banca

 

Organização

As Academias, embora em estrita submissão à diretoria da Congregação, assim como as seções constituem um corpo de vida própria. Devem possuir um líder, chamado nas antigas fontes de prefeito, e, se necessário, outros oficiais auxiliares.

Dependendo da realidade de cada congregação, pode-se formar apenas uma academia, em que haja núcleos de estudo, ou várias academias, cada uma dedicada a determinado tema. A segunda opção parece ser a mais indicada, pois assim dará às diferentes áreas de estudo maior liberdade.

Se há várias academias, cada uma deve ter um prefeito e se organizar segundo os métodos próprios. Caso seja apenas uma academia que englobe vários núcleos, convém que o prefeito tenha uma supervisão geral sobre os diferentes núcleos de estudo, mas que estes possuam igualmente uma espécie de vida própria e possam organizar a maneira de estudo conforme julgarem adequado.

Crescendo o número de núcleos e de membros, convém criar outras academias, cada um com sua organização interna própria, embora – como já o dissemos – em comunhão com as demais academias e seções e em submissão à diretoria e ao padre diretor.

O bom resultado da Academia depende principalmente da freqüência e do empenho nos exercícios, da parte seus membros. Por isso, os que faltarem muitas vezes ou recusarem desempenhar-se dos exercícios que lhes tocarem, principalmente os que, por sua imodéstia, perturbarem e escandalizarem os outros, deverão ser despedidos.

Para as academias, valem de igual modo muitos os conselhos dados às seções particulares.

 

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