Uma lista escolástica de axiomas filosóficos

Axiomas filosóficos são verdades autoevidentes que servem como norma estabelecida para a inteligência, afirmando um princípio universal cuja evidência não é questionável por sua própria natureza. São como pontos de partida para ideias: não se poderia começar um argumento ou prova tomando outra prova como ponto de partida, porque isto exigiria que se passasse por uma regressão infinita de provas, nunca alcançando o primeiro princípio ou a verdade.

A nós, católicos, que defendemos que existem verdades objetivas, diante de tanto relativismo da filosofia moderna, nós que mantemos que não há nada mais evidente que o ser e que a verdade evidente não carece de prova, esta lista de axiomas pode ser útil como estes pontos de partida de nossas ideias.

 

Em latim

Logica

1.1 Impossibile est idem secundem idem simul esse et non esse (principle of non‑contradiction).

1.2 Omnis comparatio claudicat nisi in puncto comparationis.

1.3 Contra factum non fit argumentum.

1.4 Qui nimis probat nihil probat.

1.5 Cum negante principia nequit disputari.

1.6 Definitio declarat essentiam; verbum significat definitionem.

1.7 Quad gratis affirmatur, gratis negatur.

1.8 Parvus error in principiis, magnus in conclusionibus.

1.9 De singularibus non est scientia.

1.10 Ab esse ad posse valet illatio.

 

 

Em português

Lógica:

1.1 É impossível que a mesma coisa seja e não seja ao mesmo tempo e no mesmo aspecto (princípio da não-contradição)

1.2 Toda comparação manca, exceto no ponto de comparação.

1.3 Contra fatos não há argumentos.

1.4 Quem prova demais, não prova nada.

1.5 Com quem nega os princípios não se discute.

1.6 A definição declara a essência, a palavra significa a definição.

1.7 O que é gratuitamente afirmado pode ser gratuitamento negado.

1.8 Um pequeno erro nos princípios torna-se grande nas conclusões.

1.9 Não existe ciência dos singulares.

1.10 O argumento só é válido do ser à possibilidade de ser

Cosmologia:

2.1 Corruptio unius generatio alterius.

2.2 Accidens non migrat de subjecto in subjectum.

2.3 Actiones sunt suppositorum (of the substance itself).

2.4 Individuum est incommunicabile (ineffabile).

2.5 Natura abhorret a vacua.

2.6 Natura nihil facit inane. [I:75:6], [III:9:4], [I:105:5]

2.7 Actio in distans simpliciter repugnat.

2.8 Nihil violentum perpetuum.

Cosmologia

2.1 A corrupção de uma coisa é a geração de outra coisa.

2.2 Os acidentes não migram de sujeito para sujeito.

2.3 As ações são do suposto.

2.4 O indivíduo é incomunicável (e portanto inefável).

2.5 A natureza abomina o vazio.

2.6 A natureza não faz nada em vão.

2.7 A ação (ato) a alguma distância é totalmente repugnante. (Aja se estiver longe, da potência não pode reduzi-lo para agir.)

2.8 Nenhum estado violento dura para sempre.

Psychologia:

3.1 Nihil in intellectu quod non prius in sensu.

3.2 Omnem formam sequitur inclinatio (towards its perfection).

3.3 Nihil appetitur nisi quod apprehenditur.

3.4 Nihil volitum nisi praecognitum (ignoti nulla cupido).

3.5 Intellectus est universalium; sensus est particularium. [I:75:6:@3]

3.6 Quod potest cognoscere aliqua, oportet ut nihil eorum habeat in sua natura. [I:75:2]

3.7 Quidquid recipitur modo recipientis recipitur. [I:75:5]

3.8 Intellectus in actu est intelligibile in actu [I:85:2:ad1] (cognitum et cognoscens sunt unum intentionalter).

3.9 Anima est quodammodo omnia.

3.10 Bonum est diffusivum sui. [I:27:5:ad2]

3.11 Aliquid cognoscibile est inquantum est actu. [I:12:1]

3.12 Abstrahentium non est mendacium. [I:85:1:ad1]

3.13 Voluntas se habet ad finem sicut intellectus ad prima principia.

 

3.14 Sicut principium in speculativis, ita finis in operativis.

 

3.15 Cognitum est proprie in cognoscente, amans in amato. [I:82:3; II.II:23:6:ad1]

3.16 Intellectus in principio est sicut tabula rasa. [I:79:2]

Psicologia:

3.1 Nada existe no intelecto que não esteja primeiro nos sentidos.

3.2 Toda forma é seguida por uma inclinação (para a sua perfeição)

3.3 Nada é desejado exceto o que é apreendido.

3.4 Nada é desejado a menos que seja pré-conhecido (O ignorante não tem desejo)

3.5 O intelecto é dos universais, os sentidos são dos particulares.

3.6 Para estar apto a conhecer algo, não se pode ter a forma deste algo em sua própria natureza.

3.7 Tudo o que é recebido, é recebido no modo do receptor.

3.8 O intelecto em ato é o objeto inteligível em ato.

3.9 A alma é, de certa forma, todas as coisas.

3.10 O bem é, por natureza, difuso.

3.11 Algo é cognoscível na medida em que está em ato.

3.12 A abstração não é mentirosa.

3.13 O fim é para a vontade o que os primeiros princípios são para o intelecto.

3.14 O fim é para as coisas operativas o que o princípio é para as especulativas.

3.15 O objeto conhecido está propriamente no conhecedor, o amante no objeto amado.

3.16 O intelecto no início é como uma lousa em branco (ou um disquete recém-formatado).

Metaphysica:

Actus‑potentia:

4.1 Agere sequitur esse. [I:75:2‑5]

4.2 Tertium non datur (Non est medium inter esse et non esse ‑ foundation of all distinctions).

4.3 Potentia dicitur ad actum et specificatur ab objecto.

4.4 Quod est in potentia non reducitur ad actum nisi per ens actu.

4.5 Est de natura actus communicare se inquantum potest. [I:27:1]

4.6 Quantum distat potentia ab actu, tantum potentior debet esse agens. [I:45:5:ad2; II.II:141:7:ad1]

 

Essentia-existentia:

5.1 Forma dat esse.

5.2 Omne agens agit per formam.

5.3 Omne agens agit sibi simile.

5.4 Nulla substantia creata est per se operans (substances need accidents to act). [I:79:1; I:54:1‑2; I:77:1]

5.5 Quod est per accidens accidit ei quod est per se. [I:116; I:44:2]

 

Causalitas:

6.1 Omne quod movetur ab alia movetur. [I:2:3:ad1]

6.2 Ex nihilo, nihil. [I:44:1‑2]

6.3 Omne agens agit propter finem. [I.II:1:6]

6.4 Causa potior est effectu. [I:16:1:ad3; I:95:1; I:88:3:ad2]

6.5 Nihil est causa suiipsius (Nihil sui causa). [I:3:4:ad1]

6.6 Causae sunt ad invicem causae (sed aliter et aliter).

6.7 Causa causae est causa causati. [I:103:6]

6.8 Sublata causay tollitur effectus. [I:2:3]

6.9 Posito effectus, ponitur causa.

6.10 Finis est causa causarum. [I.II:1:6]

6.11 Finis est primus in intentione, ultimus in executione. [I.II:1:3:ad2]

6.12 Qui vult finem, vult media ad finem.

6.13 Est proprium causae perfectissimae dare dignitatem causae secundariae effectibus imperfectis. [I:103:6]

6.14 Multitudo non reddit rationem unitatis suae. [De Pot. 3:5]

6.15 Compositio non reddit rationem unitatis suae. [I:3:7]

6.16 Nihil agit nisi secundum quod est actu. [I:2:3:ad1]

6.17 Secundum ordinem agentium est ordo finium.

6.18 Corruptio optimi pessima (Corruptio principis et principii.) [II.II:154:12]

6.19 Per se prius est eo quod est per accidens.

6.20 Quod est per participationem causatur ab eo quod est per essentiam. [I:2:3:ad 4]

6.21 Nemo dat quod non habet. [I:2:3]

6.22 Quanto altior est natura, tanto id quod ex ea emanat magis est intimum. [I:27:1]

6.23 Optimi est optima facere. [I:103:1]

6.24 Qualis unusquisque est, talis finis videtur ei conveniens. [I.II:9:2] apud Garrigou- Lagrange [I.II:1:7]

6.25 Quod possibile est non esse quandoque non est. [I:2:3:ad3]

6.26 Quod possibile est fallere quandoque deficit. [I:48]

6.27 Entia (et miracula) non sunt multiplicanda.

6.28 Quod est supremum in genere est causa omnium in genere. [I:44:1]

6.29 Quod potest compleri per pauciora principia, non fit per plura.

6.30 Idem oportet esse judicium de totius multitudinis et unius. Pars et totum sunt quodammodo idem. [II.II:61:1:ad2] [De Reg. Principis 1:14]

6.31 Qui magis potest minus potest.

6.32 Verum et bonum convertuntur

6.33 Virtus consistit in medio

Metafísica:

Potência de Ato:

4.1 “Agir” segue “ser”. A ação segue (e manifesta) o ser de algo.

4.2 Não existe uma terceira via, não pode haver um meio-termo entre o ser e o não-ser.

4.3 A potência está ordenada ao seu ato e é especificada pelo seu objeto.

4.4 O que está em potência não é reduzido a ato senão por um ser já em ato.

4.5 É da natureza do ato comunicar-se na medida do possível.

4.6 Quanto mais distante uma potência está do ato, mais poderoso deve ser um agente para torna-la em ato.

 

Essência-Existência:

5.1 A forma dá o ser.

5.2 Cada agente atua através de sua forma.

5.3 Cada agente produz um efeito semelhante.

5.4 Nenhuma substância criada opera per se (por si só).

5.5 O que é “por acidente” é acidental em relação ao que é “por si” (ou seja, acidental pressupõe essencial, ver [6.19]).

 

Causalidade:

6.1 Tudo o que é movido é movido por outro.

6.2 Nada vem do nada.

6.3 Todo agente age em função de um fim.

6.4 A causa é maior que o efeito.

6.5 Nada é a causa de si mesmo.

6.6 As causas são as causas umas das outras (em diferentes linhas de causalidade).

6.7 A causa da causa é a causa da coisa causada.

6.8 Remova a causa e se eliminará o efeito.

6.9 Se há efeitos, tem-se necessariamente uma causa.

6.10 O fim é a causa das causas.

6.11 O fim é o primeiro na intenção e o último na execução.

6.12 Quem deseja os fins deseja os meios para esse fim.

6.13 É próprio da causa mais perfeita dar aos efeitos imperfeitos a dignidade de causa secundária.

6.14 Uma multidão não tem em si a razão da sua unidade.

6.15 O que é composto não tem em si a razão da sua unidade.

6.16 Nada age a não ser na medida em que está em ato.

6.17 A ordem dos fins corresponde à ordem dos agentes.

6.18 A corrupção dos melhor é o pior (por exemplo, corrupção do príncipe ou dos princípios).

6.19 O essencial é anterior ao acidental.

6.20 O que é por participação é causado por aquilo que é por essência.

6.21 Ninguém pode dar o que não tem.

6.22 Quanto mais elevadas as naturezas, mais íntimo é o que dela flui.

6.23 É próprio do melhor fazer o melhor.

6.24 A maneira como alguém é é a maneira como ele determina qual fim lhe é conveniente.

6.25 O que não pode ser, às vezes não é.

6.26 O que pode ser deficiente às vezes é deficiente.

6.27 O ser (e os milagres) não devem ser multiplicados.

6.28 O que é supremo em um gênero é causa de tudo no gênero.

6.29 O que pode ser feito por poucos princípios não é feito por muitos.

6.30 A parte e o todo são iguais em relação ao fim.

6.31 Quem pode fazer mais pode fazer menos.

6.32 A verdade e o bem são conversíveis

6.33 A virtude está no meio (entre dois extremos)

Prima Principia rationis

7.1 Rationis sufficientem: omne ens habet rationem sufficientem sui essendi in se aut in alio.

7.2 Identitas: Ens est ens.

7.3 Non-contraditas: Ens non est non ens.

7.4 Diversitas: Non potest idem secundum idem simul determinari diversis modis.

7.5 Causalitas: Omne ens contingens est ab alio (causa efficiente).

7.6 Finalitas: omne agens agit propter finem.

Primeiros Princípios da Razão:

7.1 Razão suficiente: Tudo tem razão suficiente de ser em si mesmo ou em outro.

7.2 Identidade: Cada ser é por si constituído em sua natureza específica.

7.3 Não contradição: Um mesmo ser não pode ser e não ser o que é.

7.4 Contrários: Um mesmo ser não pode ser e não ser ao mesmo tempo e no mesmo sentido determinado de duas maneiras diferentes.

7.5 Causalidade: Todo ser que não pode ser precisa de uma causa eficiente para ser.

7.6 Finalidade: Todo agente age para um fim.

7.7 As mesmas causas nas mesmas circunstâncias produzem sempre os mesmos efeitos.

 

Lista baseada e expandida a partir da lista de Catholic Apologetics
Tradução e expansão por um congregado mariano

 

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