Preparação para a Consagração – 5º dia da Primeira Semana

Primeira Semana - Conhecimento de Si Mesmo

Permanecemos fracos e frágeis

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Orações

O rosário e a coroinha de Nossa Senhora podem ser encontrados aqui

Veni, Sancte Spiritus

Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação.Por Cristo Senhor Nosso. Amém

Veni Sancte Spíritus reple tuórum corda fidélium, et tu amóris in eis ignem accénde. Emítte Spíritum tuum et creabúntur. Et renovábis faciem terrae.

Oremus: Deus, qui corda fidélium Sancti Spíritus illustratióne docuisti da nobis in eódem Spíritu recta sápere, et de ejus semper consolatióne gaudére. Per Christum Dóminum nostrum. Amen

Ladainha do Espírito Santo

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Divino Espírito Santo, ouvi-nos.
Espírito Paráclito, atendei-nos.

Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, redentor do mundo,
Deus Espírito Santo,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus.
Espírito da verdade,
Espírito da sabedoria,
Espírito da inteligência,
Espírito da fortaleza,
Espírito da piedade,
Espírito do bom conselho,
Espírito da ciência,
Espírito do santo temor,
Espírito da caridade,
Espírito da alegria,
Espírito da paz,
Espírito das virtudes,
Espírito de toda graça,
Espírito da adoção dos filhos de Deus,
Purificador das nossas almas,
Santificador e guia da Igreja Católica,
Distribuidor dos dons celestes,
Conhecedor dos pensamentos e das intenções do coração,
Doçura dos que começam a vos servir,
Coroa dos perfeitos,
Alegria dos anjos,
Luz dos patriarcas,
Inspiração dos profetas,
Palavra e sabedoria dos apóstolos,
Vitória doa mártires,
Ciência dos confessores,
Pureza das virgens,
Unção de todos os santos,

Sede-nos propício, perdoai-nos, Senhor.
Sede-nos propício, atendei-nos, Senhor.

De todo o pecado, livrai-nos, Senhor.
De todas as tentações e ciladas do demônio,
De toda a presunção e desesperação.
Do ataque à verdade conhecida,
Da inveja da graça fraterna,
De toda a obstinação e impenitência,
De toda a negligência e tepor do espírito,
De toda a impureza da mente e do corpo,
De todas as heresias e erros,
De todo o mau espírito,
Da morte má e eterna,

Pela vossa eterna procedência do Pai e do Filho,

Pela milagrosa conceição do Filho de Deus,
Pela vossa descida sobre Jesus Cristo batizado,

Pela vossa santa aparição na transfiguração do Senhor,
Pela vossa vinda sobre os discípulos do Senhor,
No dia do juízo,
Ainda que pecadores,nós vos rogamos, ouví-nos.

Para que nos perdoeis,
Para que vos digneis vivificar e santificar todos os membros da Igreja,
Para que vos digneis conceder-nos o dom da verdadeira piedade, devoção e oração,
Para que vos digneis inspirar-mos sinceros afetos de misericórdia e de caridade,
Para que vos digneis criar em nós um espírito novo e um coração puro,
Para que vos digneis conceder-nos verdadeira paz e tranqüilidade no coração,
Para que vos digneis fazer-nos dignos e fortes, para suportar as perseguições pela justiça,
Para que vos digneis confirmar-nos em vossa graça,
Para que vos digneis receber-nos o número dos vossos eleitos,
Para que vos digneis ouvir-nos,
Espírito de Deus,

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, envia-nos o Espírito Santo.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, mandai-nos o Espírito prometido do Pai.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, dai-nos o Espírito bom.
Espírito Santo, ouví-nos.
Espírito Consolador, atendei-nos.

V. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. E renovareis a face da terra.

Oremos: Deus, que instruístes o coração de vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo,
concedei-mos que, no mesmo Espírito, conheçamos o que é reto,
e gozemos sempre as suas consolações.

Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.

Kyrie, Eleison
Christie, Eleison
Spiritus Sancte, audi nos
Spiritus Paraclite, exaudi nos

Pater de caelis, Deus, miserere nobis.
Fili redemptor mundi Deus,
Spiritus Sancte Deus,
Sancta Trinitas, unus Deus,
Spiritus veritatis,
Spiritus sapientiae,
Spiritus intellectus,
Spiritus foritudinis,
Spiritus pietatis,
Spiritus recti consilit,
Spiritus scientiae,
Spiritus sancti timoris,
Spriritus caritatis,
Spiritus gaudii,
Spiritus pacis,
Spiritus virtutum,
Spiritus multiformis gratiae,
Spiritus adoptionis Filiorum Dei,
Purificatur animarum nostrarum,
Ecclesiæ catholicæ sanctificator et rector,
Caelestium donorum distributor,
Discretor cogitationum et intetionum cordis,

Dulcedo in tuo servitio incipientium,
Corona perfectorum,
Gaudium angelorum,
Iluminatio patriarcarum,
Instpiratio prophetarum,
Os et sapientiae apostolorum,
Victoria Martyrium,
Scientia Condessorum,
Puritas virginum,
Unctio sanctorum omnium,

Propitius esto, parce nobis Domine,
Porpitius esto, exaudi nos Domine,

Ab omni peccato libera nos Domine,
Ad omnibus tentationinbus et insidiis diaboli,
Ab omnine presumptione e desesperatione,
Ab impugnationem veritatis agnitae,
Ab invidentia fraternae gratiae,
Ab omni obstinatione et impoenitentia,
Ab omni negligentia et tepore animi,
Ab omni immunditia mentis et corporis,
Ab haeresibus et erroribus universais,
Ab omni malo spiritu,
A mala et aeterna morte,

Per aeternam ex Patre ex Filioque processionem tuam,
Per miraculosam conceptionem Filii Dei,
Per descensionem tuam super Christum baptizatum,
Per sanctam apparitionem tuam in tranfiguratione Domine,
Per adventum tuum super discípulos Christi,
In die iudicii.
Peccatores, te rogamus, audi nos.

Ut nobis parcas,
Ut omnia Ecclesia membra vivificare et sanctificare digneris,
Ut verae pietatis, devotionis et orationis donum nobis dare digneris,
Ut sinceros misericordiae charitatisque affectus nobis inspirare digneris,
Ut spiritum novum et cor mundum in nobis creare digneris,
Ut veram pacem et cordis tranquilitatem nobis dare digneris,
Ut ad tollerandas propter iustitiam persecutiones nos dignos et fortes efficias,
Ut nos in gratia tua confirmare digneris,

Ut nos in numerum electorum tuorum recipias,
Ut nos exaudire digneris,
Spiritus Dei,

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, effunde in nos Spiritum Sanctum.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, emitte promissum in nos Patris Spiritum.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, da nobis Spiritum bonum.
Spiritus Sanctum, audi nos.
Spiritus Paraclite, exaudi nos.

V. Emitte Spiritum tuum et creabuntur.
R. Et renovabis faciem terrae.

Oremus: Deus qui corda fidelium Sancti Spiritus illustratione docuisti, da nobis in eodem Spiritu recta sapere et de eius semper consolatione gaudere.

Per Christum Dominum nostrum. Amen.

 

Ladainha de Nossa Senhora

Kyrie, eleison.
Christe, eleison.
Kyrie, eleison.

Christe, audi nos.
Christe, exaudi nos.

Pater de cælis, Deus, miserere nobis.
Fili Redemptor mundi, Deus, miserere nobis.
Spiritus Sancte, Deus, *
Santa Trinitas, unus Deus, miserere nobis.

Sancta Maria, ora pro nobis.
Sancta Dei Genitrix, *
Sancta Virgo virginum, *
Mater Christi, *
Mater divinæ gratiæ, *
Mater purissima, *
Mater castissima, *
Mater inviolata,
Mater intemerata,
Mater amabilis,
Mater admirabilis,
Mater boni consilii,
Mater Creatoris,
Mater Salvatoris,
Mater Ecclesiae,
Virgo prudentissima,
Virgo veneranda,
Virgo prædicanda,
Virgo potens,
Virgo clemens,
Virgo fidelis,
Speculum justitiæ,
Sedes sapientiæ,
Causa nostræ lætitiæ,
Vas spirituale,
Vas honorabile,
Vas insigne devotionis,
Rosa mystica,
Turris Davidica,
Turris eburnea,
Domus aurea,
Fœderis arca,
Janua cæli,
Stella matutina,
Salus infirmorum,
Refugium peccatorum,
Consolatrix afflictorum,
Auxilium Christianorum,
Regina Angelorum,
Regina Patriarcharum,
Regina Prophetarum,
Regina Apostolorum,
Regina Martirum,
Regina Confessorum,
Regina Virginum
Regina Sanctorum omnium,
Regina Sine labe originali concepta,
Regina in cælum assumpta,
Regina sacratissimi Rosarii,
Regina pacis,

Agnus Dei, qui tollis peccata 
mundi,
parce nobis, Domine.
Agnus Dei, qui tollis peccata 
mundi,
exaudi nos, Domine
Agnus Dei, qui tollis peccata 
mundi,
miserere nobis

℣. Ora pro nobis, sancta Dei Genitrix.
℟. Ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Oremus: Concede nos famulos tuos, quæsumus, DomineDeus, perpetua mentis et corporis sanitate gaudere: et gloriosa beatæ Mariæ semper Virginis intercessione, a præsenti liberari tristitia, et æterna perfrui lætitia. Per Christum Dominum nostrum. Amen.

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade *
Senhor, tende piedade de nós.

Cristo, ouvi-nos.
Cristo, atendei-nos.

Deus, Pai dos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, *
Deus Espírito Santo, *
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, *

Santa Maria, rogai por nós.
Santa Mãe de Deus, *
Santa Virgem das virgens, *
Mãe de Jesus Cristo, *
Mãe da divina graça, *
Mãe puríssima, *
Mãe castíssima, *
Mãe intacta,
Mãe intemerata,
Mãe amável,
Mãe admirável,
Mãe do bom conselho,
Mãe do Criador,
Mãe do Salvador,
Mãe da Igreja,
Virgem prudentíssima,
Virgem venerável,
Virgem louvável,
Virgem poderosa,
Virgem benigna,
Virgem fiel,
Espelho de justiça,
Sede da sabedoria,
Causa de nossa alegria,
Vaso espiritual,
Vaso honorífico,
Vaso insigne de devoção,
Rosa mística,
Torre de David,
Torre de marfim,
Casa de ouro,
Arca da aliança,
Porta do Céu,
Estrela da manhã,
Saúde dos enfermos,
Refúgio dos pecadores,
Consoladora dos aflitos,
Auxílio dos cristãos,
Rainha dos Anjos,
Rainha dos Patriarcas,
Rainha dos Profetas,
Rainha dos Apóstolos,
Rainha dos Mártires,
Rainha dos Confessores,
Rainha das Virgens,
Rainha de todos os Santos,
Rainha concebida sem pecado original,
Rainha assunta aos céus,
Rainha do santo Rosário,
Rainha da paz,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
tende piedade de nós

℣. Rogai por nós, santa Mãe de Deus
℟. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Oremos: Concedei, Senhor, a vossos servos lograr perpétua saúde de alma e corpo; e que, pela gloriosa intercessão da bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da presente tristeza e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

Ave Maris Stella

Clique aqui para ouvir o canto gregoriano

Ave, do mar Estrela
De Deus mãe bela,
Sempre virgem, da morada
Celeste Feliz entrada.

Ó tu que ouviste da boca
Do anjo a saudação;
Dá-nos a paz e quietação;
E o nome da Eva troca.

As prisões aos réus desata.
E a nós cegos alumia;
De tudo que nos maltrata
Nos livra, o bem nos granjeia.

Ostenta que és mãe, fazendo
Que os rogos do povo seu
Ouça aquele que, nascendo
Pos nós, quis ser filho teu.

Ó virgem especiosa,
Toda cheia de ternura,
Extintos nossos pecados
Dá-nos pureza e bravura,

Dá-nos uma vida pura,
Põe-nos em vida segura,
Para que a Jesus gozemos,
E sempre nos alegremos.

A Deus Pai veneremos:
A Jesus Cristo também:
E ao Espírito Santo; demos
Aos três um louvor: Amém.

Ave, Maris Stella,
Dei mater alma,
Atque semper Virgo,
Felix caeli porta.

Sumens illud Ave,
Gabrielis ore,
Funda nos in pace
Mutans Evae nomen.

Solve vincla reis,
Profer lumen caecis,
Mala nostra pelle,
Bona cuncta posce.

Monstra te esse Matrem,
Sumat per te preces,
Qui pro nobis natus
Tulit esse tuus.

Virgo singularis,
Inter omnes mitis,
Nos, culpis solutos,
Mites fac et castos.

Vitam praesta puram,
Iter para tutum:
Ut, videntes Jesum,
Semper collaetemur.

Sit laus Deo Patri,
Summo Christo decus
Spiritui Sancto,
Tribus honor unus. Amen.

Leitura Espiritual

Estas leituras espirituais podem ser feitas no dia anterior, em preparação para a meditação do dia.

Evangelho - Lc 11, 37-54 — Censuras de Jesus aos fariseus

37.Enquanto Jesus falava, pediu-lhe um fariseu que fosse jantar em sua companhia. Ele entrou e pôs-se à mesa.
38.Admirou-se o fariseu de que ele não se tivesse lavado antes de comer.
39.Disse-lhe o Senhor: “Vós, fariseus, limpais o que está por fora do vaso e do prato, mas o vosso interior está cheio de roubo e maldade!
40.Insensatos! Quem fez o exterior não fez também o conteúdo?
41.Dai antes em esmola o que possuís, e todas as coisas vos serão limpas.
42.Ai de vós, fariseus, que pagais o dízimo da hortelã, da arruda e de diversas ervas e desprezais a justiça e o amor de Deus. No entanto, era necessário praticar essas coisas, sem contudo deixar de fazer aquelas outras coisas.
43.Ai de vós, fariseus, que gostais das primeiras cadeiras nas sinagogas e das saudações nas praças públicas!
44.Ai de vós, que sois como os sepulcros que não aparecem, e sobre os quais os homens caminham sem o saber”.
45.Um dos doutores da Lei lhe disse: “Mestre, falando assim também a nós outros nos afrontas”.
46.Ele respondeu: “Ai também de vós, doutores da Lei, que carregais os homens com pesos que não podem levar, mas vós mesmos nem sequer com um dedo vosso tocais os fardos.
47.Ai de vós, que edificais sepul­cros para os profetas que vossos pais mataram.
48.Vós servis assim de testemunhas das obras de vossos pais e as aprovais, porque em verdade eles os mataram, mas vós lhes edificais os sepulcros.
49.Por isso, também disse a sabedoria de Deus: Eu lhes enviarei profetas e apóstolos, mas eles darão a morte a uns e perseguirão a outros.
50.E assim se pedirá conta a esta geração do sangue de todos os profetas derramado desde a criação do mundo,
51.desde o sangue de Abel até o sangue de Zacarias, que foi assassinado entre o altar e o templo. Sim, declaro-vos que se pedirá conta disso a esta geração!
52.Ai de vós, doutores da Lei, que tomastes a chave da ciência, e vós mesmos não entrastes e impedistes aos que vinham para entrar”.
53.Depois que Jesus saiu dali, os escribas e fariseus começaram a importuná-lo fortemente e a persegui-lo com muitas perguntas,
54.armando-lhe dessa maneira ciladas, e procurando surpreendê-lo em alguma palavra de sua boca.

Imitação de Cristo - Livro III, Cap XX

Da confissão da própria fraqueza, e das misérias desta vida

1. A alma: Confesso contra mim mesmo minha maldade (Sl 31,5), confesso, Senhor, minha fraqueza. Muitas vezes a menor coisa basta para me abater e entristecer. Proponho agir valorosamente, mas assim que me sobrevém uma pequena tentação, vejo-me em grandes apuros. Às vezes é de uma coisa mesquinha que me vem grave aflição. E quando me julgo algum tanto seguro, vejo-me, não raro, vencido por um sopro, quando menos o penso

2. Olhai, pois, Senhor, para esta minha baixeza e fragilidade, que conheceis perfeitamente. Compadecei-vos de mim e tirai-me da lama, para que não fique atolado (Sl 68,18) e arruinado para sempre. É isto que a miúdo me atormenta e confunde em vossa presença: o ser eu tão inclinado a cair, e tão fraco a resistir às paixões. E embora não me levem ao pleno consentimento, muito me molestam e afligem seus assaltos, e muito me enfastia o viver sempre nesta peleja. Nisto conheço minha fraqueza, que mais depressa me vem do que se vão essas abomináveis fantasias da imaginação.

3. Ó poderosíssimo Deus de Israel, zelador das almas fiéis, olhai para os trabalhos e dores de vosso servo, e assisti-lhe em todos os seus empreendimentos! Confortai-me com a força celestial, para que não me vença e domine o homem velho, a mísera carne, ainda não inteiramente sujeita ao espírito, contra a qual será necessário pelejar enquanto estiver nesta miserável vida. Ai! que vida é esta, em que nunca faltam as tribulações e misérias, em que tudo está cheio de inimigos e ciladas! Porque mal acaba um tribulação ou tentação, outra já se aproxima, e até antes de acabar um combate, muitos outros já sobrevêm, e inesperados.

4. E como se pode amar uma vida cheia de tantas amarguras, sujeita a tantas calamidades e misérias? Como se pode chamar vida o que gera tantas mortes e desgraças? E, não obstante, muitos amam e procuram nela deleitar-se. Muitos acoimam o mundo de enganador e vão, e ainda assim lhes custa deixá-lo, porque se deixam dominar pelos apetites da carne. Muitas coisas nos inclinam a amar o mundo, outras a desprezá-lo. Fazem amar o mundo a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida; mas as penas e as misérias que estas coisas se seguem geram o ódio e aborrecimento do mundo.

5. Infelizmente, o vil deleite vence a alma mundana, que julga delícia o estar em meio dos espinhos (Jó 30,7), porque nunca viu nem provou a doçura de Deus, nem a intrínseca suavidade da virtude. Mas aqueles que perfeitamente desprezam o mundo e procuram viver para Deus, em santa disciplina, experimentam a doçura divina, e mais claramente conhecem os erros grosseiros do mundo e seus vários enganos.

Meditação

Não chegamos ainda ao termo do conhecimento de nossas misérias. São Luís Maria de Montfort (V. D., n. 87) pede-nos ainda que consideremos o quanto “é difícil, dada nossa fraqueza e fragilidade, conservar em nós as graças e os tesouros que recebemos de Deus”, se não os confiamos à Santíssima Virgem. É preciso lutar constantemente, com efeito, contra nós mesmos, contra a malícia e a astúcia dos demônios, contra a corrupção do mundo.

Importa, pois: 1º RECONHECER nossa fraqueza e fragilidade, face a inimigos que nunca se desarmam; 2º RENUNCIAR a nos pensar capazes de conservar, por nossos próprios meios, os tesouros recebidos de Deus. Confiando-os a Maria, essa boa Mãe nos ajudará poderosamente a triunfar sobre nossos inimigos, e assegurará nossa perseverança. Essa é a imensa vantagem que nos oferece nossa doação total entre suas mãos.

Oremos a ela com um novo ímpeto de fervor: Ave, Maria! 

I. RECONHECER nossa fraqueza e fragilidade, face a inimigos que nunca se desarmam

Reconheçamos primeiro a grande dificuldade de conservar em nós os tesouros que recebemos de Deus. Esses tesouros são a graça santificante, nossas virtudes, os méritos de nossas boas obras. “Eles valem mais, diz Montfort, do que o Céu e a terra”, isto é, toda a criação material, visto que nos asseguram a eterna beatitude. 

É certo que teremos sempre de lutar contra nós mesmos. Nossas meditações precedentes provaram-no de forma abundante. Nosso corpo corruptível, se não é duramente tratado, busca seu bem-estar fora de todo espírito de mortificação. Nossa alma, abandonada a si mesma, é fraca e inconstante: qualquer insignificância a perturba e abate. Se não ficamos atentos, nossas melhores resoluções se dissipam, e vemo-nos novamente a vegetar em vez de progredir. Como não temer, então, perder o que trabalhosamente adquirimos? Na primeira ocasião que se apresentar, nossa pobre natureza humana saberá resistir? Lembremo-nos do exemplo do apóstolo Simão Pedro: ele prometera tudo, e com que fervor; e, diante das interrogações de uma serva, soçobra miseravelmente.

O espírito está pronto para prometer, isto é, a alma, a vontade, com seus entusiasmos fáceis; mas a carne, isto é, a natureza humana, permanece tristemente frágil na presença de uma ocasião que a tenta. Não pensamos que isso poderá nos arrastar para longe. Detemo-nos, argumentamos; expomo-nos, assim, ao perigo, cultivamo-lo, brincamos com ele, presumimos de modo imprudente sobre nossa força, até que chega um momento em que a fraqueza da carne prevalece contra essa força do espírito, e caímos gravemente.

Devemos considerar também os demônios, “que são sutis ladrões, diz-nos Montfort: eles podem nos surpreender inesperadamente para nos roubar e saquear; espreitam noite e dia o momento favorável para isso; rodeiam incessantemente para nos devorar (1Pdr 5, 8), e tirar de nós em um instante, por um pecado, tudo o que pudemos ganhar de graças, de méritos em vários anos.

“Ah!, quantos cedros do Líbano e estrelas do firmamento vimos cair miseravelmente, e perder toda sua altura e claridade em pouco tempo!”. Alusão à palavra de Santo Agostinho, que dizia: “Vi caírem cedros do Líbano, isto é, homens de uma virtude consumada, cuja queda pensava ser tão possível quanto a de um Jerônimo e de um João Crisóstomo.” A história da Igreja, com efeito, poderia nos lembrar de certas quedas retumbantes, que rasgaram sua túnica sem costura. Nós mesmos, em nosso meio mais ou menos próximo, não ficamos, às vezes, surpresos ao saber, de repente, do escândalo ocasionado por este ou aquele tão destacado, que pensávamos ao abrigo de semelhante desastre?

“De onde vem essa mudança?” – interroga nosso santo missionário, que tinha uma longa experiência com as almas. E responde: “Não foi falta de graça, que não falta a ninguém, mas falta de humildade. Eles pensaram ser mais fortes e autossuficientes do que eram, acreditaram ser capazes de conservar seus tesouros; se fiaram e se apoiaram sobre si mesmos; pensaram que sua casa estava segura o bastante, e que seus cofres eram fortes o bastante para guardar o precioso tesouro da graça, e foi por causa desse apoio, mesmo imperceptível, que eles tinham em si mesmos (embora lhes parecesse que se apoiavam unicamente sobre a graça de Deus), que o Senhor justíssimo permitiu que fossem roubados, abandonando-os a si mesmos.” (V. D., n. 88.)

Isso não lhes teria sucedido, se tivessem confiado seu tesouro à Santíssima Virgem, consagrando-se inteiramente a ela, como em breve diremos.

Em todo tempo, o mundo foi corrompido e corruptor; mais hoje ele expõe claramente sua corrupção, sem sombra de pudor, atacando, assim, a infância, a juventude, as almas cristãs que não tencionam de modo algum querer pertencer-lhe.

Como fez dizer o Papa Pio XII por meio de uma Carta do Cardeal Prefeito da Sagrada Congregação do Concílio aos bispos do mundo inteiro, “ninguém ignora que, durante a estação estival, sobretudo, vemos, aqui e ali, coisas que não podem deixar de ofender os olhos e as almas daqueles que não põem em segundo plano ou não desprezam completamente a virtude cristã e o pudor humano.

“Não somente nas praias, ou nos locais de veraneio, mas por toda parte, mesmo nas ruas das cidades e dos vilarejos, nos lugares privados e públicos, e amiúde quase nos templos consagrados a Deus, se exibe uma indigna e inconveniente moda do vestuário... Em particular, as vestimentas femininas são às vezes tais que parecem favorecer mais a impudicícia do que o pudor.

“Chegamos ao ponto em que tudo o que se passa ou se exibe na vida privada ou em público, como depravação ou desonestidade, é relatado impudentemente nos jornais, nas publicações e revistas de todos os gêneros; enquanto nas incontáveis salas de cinema isso é exposto aos olhos de todos sobre a tela; de modo que não somente a fraca e displicente juventude, mas também a idade madura é profundamente impressionada por esses espetáculos imorais, tão perniciosos para os espíritos sãos. Que males decorrem deles, a que perigos expõem, e ninguém se dá conta disso.”

Entretanto, se for preciso um milagre, “é a Virgem unicamente fiel... que o fará em favor daqueles e daquelas que a servem da maneira correta” (n. 81), isto é, pela Consagração vivida para a qual nos preparamos.

II. RENUNCIAR a nos pensar capazes de conservar, por nossos próprios meios, os tesouros recebidos de Deus

Renunciando, pois, a nos acreditar capazes de conservar, por nós mesmos, nossos tesouros de graça, confiá-los-emos a Maria. Essa boa Mãe nos ajudará poderosamente na luta contra nossos inimigos, e assegurará assim nossa perseverança.

Por meio da Consagração que Montfort nos propõe, “confiamos à Santa Virgem, que é fiel, diz ele, tudo o que possuímos; constituímo-la depositária universal de todos os nossos bens de natureza e de graça. É na sua fidelidade que nos fiamos, é sobre seu poder que nos apoiamos, é sobre sua misericórdia e sua caridade que nos fundamos, a fim de que ela conserve e aumente nossas virtudes e méritos, apesar do diabo, do mundo e da carne, que se esforçam para roubá-los de nós.

“Dizemos-lhe, como um bom filho à sua mãe, e um fiel servo à sua senhora: minha boa Mãe e Senhora, reconheço que até aqui recebi mais graças de Deus, por vossa intercessão, do que mereço; e minha funesta experiência me ensina que carrego esse tesouro em um vaso muito frágil e que sou fraco demais e miserável demais para conservá-las em mim mesmo; por vossa graça, recebei como depósito tudo o que possuo, e conservai-mo por vossa fidelidade e vosso poder. Se me guardardes, nada perderei; se me sustentardes, não cairei; se me protegerdes, estarei a salvo dos meus inimigos”.

Como vemos, nossa inteira confiança em Maria não nos dispensa, de modo algum, de prosseguir na luta contra nós mesmos e contra os inimigos de nossa alma; mas que segurança ela nos assegura, e quanto facilita nossas renúncias, sempre penosas em si mesmas! Jamais nos desencorajemos. Nossa inconstância pode ser muito grande, e nossa fraqueza, extrema; razão a mais para entregar tudo às mãos de Maria e para continuar a trabalhar com sua ajuda para aumentar a cada dia nosso tesouro de méritos e de virtudes.

Reconheçamo-lo; esta primeira Semana de nossos Exercícios não apresenta mais, doravante, sua austeridade do princípio: Maria Mediadora se encontra cada vez mais em nosso caminho, fiel e vigilante Guardiã.

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