Preparação para a Consagração – 1º dia da Segunda Semana

Segunda Semana - Conhecimento da Santa Virgem

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Orações

O rosário e a coroinha de Nossa Senhora podem ser encontrados aqui

Veni, Sancte Spiritus

Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado e renovareis a face da terra.
Oremos: Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos da sua consolação.Por Cristo Senhor Nosso. Amém

Veni Sancte Spíritus reple tuórum corda fidélium, et tu amóris in eis ignem accénde. Emítte Spíritum tuum et creabúntur. Et renovábis faciem terrae.

Oremus: Deus, qui corda fidélium Sancti Spíritus illustratióne docuisti da nobis in eódem Spíritu recta sápere, et de ejus semper consolatióne gaudére. Per Christum Dóminum nostrum. Amen

Ladainha do Espírito Santo

Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Divino Espírito Santo, ouvi-nos.
Espírito Paráclito, atendei-nos.

Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, redentor do mundo,
Deus Espírito Santo,
Santíssima Trindade, que sois um só Deus.
Espírito da verdade,
Espírito da sabedoria,
Espírito da inteligência,
Espírito da fortaleza,
Espírito da piedade,
Espírito do bom conselho,
Espírito da ciência,
Espírito do santo temor,
Espírito da caridade,
Espírito da alegria,
Espírito da paz,
Espírito das virtudes,
Espírito de toda graça,
Espírito da adoção dos filhos de Deus,
Purificador das nossas almas,
Santificador e guia da Igreja Católica,
Distribuidor dos dons celestes,
Conhecedor dos pensamentos e das intenções do coração,
Doçura dos que começam a vos servir,
Coroa dos perfeitos,
Alegria dos anjos,
Luz dos patriarcas,
Inspiração dos profetas,
Palavra e sabedoria dos apóstolos,
Vitória doa mártires,
Ciência dos confessores,
Pureza das virgens,
Unção de todos os santos,

Sede-nos propício, perdoai-nos, Senhor.
Sede-nos propício, atendei-nos, Senhor.

De todo o pecado, livrai-nos, Senhor.
De todas as tentações e ciladas do demônio,
De toda a presunção e desesperação.
Do ataque à verdade conhecida,
Da inveja da graça fraterna,
De toda a obstinação e impenitência,
De toda a negligência e tepor do espírito,
De toda a impureza da mente e do corpo,
De todas as heresias e erros,
De todo o mau espírito,
Da morte má e eterna,

Pela vossa eterna procedência do Pai e do Filho,

Pela milagrosa conceição do Filho de Deus,
Pela vossa descida sobre Jesus Cristo batizado,

Pela vossa santa aparição na transfiguração do Senhor,
Pela vossa vinda sobre os discípulos do Senhor,
No dia do juízo,
Ainda que pecadores,nós vos rogamos, ouví-nos.

Para que nos perdoeis,
Para que vos digneis vivificar e santificar todos os membros da Igreja,
Para que vos digneis conceder-nos o dom da verdadeira piedade, devoção e oração,
Para que vos digneis inspirar-mos sinceros afetos de misericórdia e de caridade,
Para que vos digneis criar em nós um espírito novo e um coração puro,
Para que vos digneis conceder-nos verdadeira paz e tranqüilidade no coração,
Para que vos digneis fazer-nos dignos e fortes, para suportar as perseguições pela justiça,
Para que vos digneis confirmar-nos em vossa graça,
Para que vos digneis receber-nos o número dos vossos eleitos,
Para que vos digneis ouvir-nos,
Espírito de Deus,

Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, envia-nos o Espírito Santo.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, mandai-nos o Espírito prometido do Pai.
Cordeiro de Deus que tirais os pecados do mundo, dai-nos o Espírito bom.
Espírito Santo, ouví-nos.
Espírito Consolador, atendei-nos.

V. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. E renovareis a face da terra.

Oremos: Deus, que instruístes o coração de vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo,
concedei-mos que, no mesmo Espírito, conheçamos o que é reto,
e gozemos sempre as suas consolações.

Por Cristo, Nosso Senhor. Amém.

Kyrie, Eleison
Christie, Eleison
Spiritus Sancte, audi nos
Spiritus Paraclite, exaudi nos

Pater de caelis, Deus, miserere nobis.
Fili redemptor mundi Deus,
Spiritus Sancte Deus,
Sancta Trinitas, unus Deus,
Spiritus veritatis,
Spiritus sapientiae,
Spiritus intellectus,
Spiritus foritudinis,
Spiritus pietatis,
Spiritus recti consilit,
Spiritus scientiae,
Spiritus sancti timoris,
Spriritus caritatis,
Spiritus gaudii,
Spiritus pacis,
Spiritus virtutum,
Spiritus multiformis gratiae,
Spiritus adoptionis Filiorum Dei,
Purificatur animarum nostrarum,
Ecclesiæ catholicæ sanctificator et rector,
Caelestium donorum distributor,
Discretor cogitationum et intetionum cordis,

Dulcedo in tuo servitio incipientium,
Corona perfectorum,
Gaudium angelorum,
Iluminatio patriarcarum,
Instpiratio prophetarum,
Os et sapientiae apostolorum,
Victoria Martyrium,
Scientia Condessorum,
Puritas virginum,
Unctio sanctorum omnium,

Propitius esto, parce nobis Domine,
Porpitius esto, exaudi nos Domine,

Ab omni peccato libera nos Domine,
Ad omnibus tentationinbus et insidiis diaboli,
Ab omnine presumptione e desesperatione,
Ab impugnationem veritatis agnitae,
Ab invidentia fraternae gratiae,
Ab omni obstinatione et impoenitentia,
Ab omni negligentia et tepore animi,
Ab omni immunditia mentis et corporis,
Ab haeresibus et erroribus universais,
Ab omni malo spiritu,
A mala et aeterna morte,

Per aeternam ex Patre ex Filioque processionem tuam,
Per miraculosam conceptionem Filii Dei,
Per descensionem tuam super Christum baptizatum,
Per sanctam apparitionem tuam in tranfiguratione Domine,
Per adventum tuum super discípulos Christi,
In die iudicii.
Peccatores, te rogamus, audi nos.

Ut nobis parcas,
Ut omnia Ecclesia membra vivificare et sanctificare digneris,
Ut verae pietatis, devotionis et orationis donum nobis dare digneris,
Ut sinceros misericordiae charitatisque affectus nobis inspirare digneris,
Ut spiritum novum et cor mundum in nobis creare digneris,
Ut veram pacem et cordis tranquilitatem nobis dare digneris,
Ut ad tollerandas propter iustitiam persecutiones nos dignos et fortes efficias,
Ut nos in gratia tua confirmare digneris,

Ut nos in numerum electorum tuorum recipias,
Ut nos exaudire digneris,
Spiritus Dei,

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, effunde in nos Spiritum Sanctum.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, emitte promissum in nos Patris Spiritum.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, da nobis Spiritum bonum.
Spiritus Sanctum, audi nos.
Spiritus Paraclite, exaudi nos.

V. Emitte Spiritum tuum et creabuntur.
R. Et renovabis faciem terrae.

Oremus: Deus qui corda fidelium Sancti Spiritus illustratione docuisti, da nobis in eodem Spiritu recta sapere et de eius semper consolatione gaudere.

Per Christum Dominum nostrum. Amen.

 

Ave Maris Stella

Clique aqui para ouvir o canto gregoriano

Ave, do mar Estrela
De Deus mãe bela,
Sempre virgem, da morada
Celeste Feliz entrada.

Ó tu que ouviste da boca
Do anjo a saudação;
Dá-nos a paz e quietação;
E o nome da Eva troca.

As prisões aos réus desata.
E a nós cegos alumia;
De tudo que nos maltrata
Nos livra, o bem nos granjeia.

Ostenta que és mãe, fazendo
Que os rogos do povo seu
Ouça aquele que, nascendo
Pos nós, quis ser filho teu.

Ó virgem especiosa,
Toda cheia de ternura,
Extintos nossos pecados
Dá-nos pureza e bravura,

Dá-nos uma vida pura,
Põe-nos em vida segura,
Para que a Jesus gozemos,
E sempre nos alegremos.

A Deus Pai veneremos:
A Jesus Cristo também:
E ao Espírito Santo; demos
Aos três um louvor: Amém.

Ave, Maris Stella,
Dei mater alma,
Atque semper Virgo,
Felix caeli porta.

Sumens illud Ave,
Gabrielis ore,
Funda nos in pace
Mutans Evae nomen.

Solve vincla reis,
Profer lumen caecis,
Mala nostra pelle,
Bona cuncta posce.

Monstra te esse Matrem,
Sumat per te preces,
Qui pro nobis natus
Tulit esse tuus.

Virgo singularis,
Inter omnes mitis,
Nos, culpis solutos,
Mites fac et castos.

Vitam praesta puram,
Iter para tutum:
Ut, videntes Jesum,
Semper collaetemur.

Sit laus Deo Patri,
Summo Christo decus
Spiritui Sancto,
Tribus honor unus. Amen.

Leitura Espiritual

Estas leituras espirituais podem ser feitas no dia anterior, em preparação para a meditação do dia.

Evangelho - Lc 1, 1-25 — O anjo Gabriel vem anunciar o nascimento do precursor

1."Muitos empreenderam compor uma história dos aconteci­mentos que se realizaram entre nós,
2.como no-los transmitiram aqueles que foram desde o princípio testemunhas oculares e que se tornaram ministros da palavra.
3.Também a mim me pareceu bem, depois de haver diligentemente investigado tudo desde o princípio, escrevê-los para ti segundo a ordem, excelentíssimo Teófilo,
4.para que conheças a solidez daqueles ensinamentos que tens recebido.
5.Nos tempos de Herodes, rei da Judeia, houve um sacerdote por nome Zacarias, da classe de Abias; sua mulher, descendente de Aarão, chamava-se Isabel.
6.Ambos eram justos diante de Deus e observavam irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor.
7.Mas não tinham filhos, porque Isabel era estéril e ambos de idade avançada.
8.Ora, exercendo Zacarias diante de Deus as funções de sacerdote, na ordem da sua classe,
9.coube-lhe por sorte, segundo o costume em uso entre os sacerdotes, entrar no santuário do Senhor e aí oferecer o perfume.
10.Todo o povo estava de fora, à hora da oferenda do perfume.
11.Apareceu-lhe então um anjo do Senhor, em pé, à direita do altar do perfume.
12.Vendo-o, Zaca­rias ficou perturbado, e o temor assaltou-o.
13.Mas o anjo disse-lhe: “Não temas, Zaca­rias, porque foi ouvida a tua oração: Isabel, tua mulher, vai dar-te um filho, e tu o chamarás João.
14.Ele será para ti motivo de gozo e alegria, e muitos se alegrarão com o seu nascimento;
15.porque será grande diante do Senhor e não beberá vinho nem licor, e desde o ventre de sua mãe será cheio do Espírito Santo;
16.ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus,
17.e irá adiante de Deus com o espírito e poder de Elias para reconduzir os corações dos pais aos filhos e os rebeldes à sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto”.
18.Zacarias perguntou ao anjo: “Como terei certeza disso? Pois sou velho e minha mulher é de idade avançada”.
19.O anjo respondeu-lhe: “Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te trazer esta feliz nova.
20.Eis que ficarás mudo e não poderás falar até o dia em que estas coisas acontecerem, visto que não deste crédito às minhas palavras, que se hão de cumprir a seu tempo”.
21.No entanto, o povo estava espe­rando Zacarias; e admirava-se de que ele se demorasse tanto tempo no santuário.
22.Ao sair, não lhes podia falar, e compreenderam que tivera no santuário uma visão. Ele lhes explicava isto por acenos; e permaneceu mudo.
23.Decorridos os dias do seu ministério, retirou-se para sua casa.
24.Algum tempo depois Isabel, sua mulher, concebeu; e por cinco meses se ocultava, dizendo:
25.“Eis a graça que o Senhor me fez, quando lançou os olhos sobre mim para tirar o meu opróbrio dentre os homens”.

Tratado da Verdadeira Devoção n. 1 - 13 — O reino de Jesus por intermédio de Maria

1. Foi pela Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por ela que deve reinar no mundo.

2. Toda a sua vida Maria permaneceu oculta; por isso o Espírito Santo e a Igreja a chamam Alma Mater – Mãe escondida e secreta.1Tão profunda era a sua humildade, que, para ela, o atrativo mais poderoso, mais constante era esconder-se de si mesma e de toda criatura, para ser conhecida somente de Deus.

3. Para atender aos pedidos que ela lhe fez de escondê-la, empobrecê-la e humilhá-la, Deus providenciou para que oculta ela permanecesse em seu nascimento, em sua vida, em seus mistérios, em sua ressurreição e assunção, passando despercebida aos olhos de quase toda criatura humana. Seus próprios parentes não a conheciam; e os anjos perguntavam muitas vezes uns aos outros: Quae est ista?... – Quem é esta? (Ct 3, 6; 8, 5) pois que o Altíssimo lha escondia; ou, se algo lhes desvendava a respeito, muito mais, infinitamente, lhes ocultava.

4. Deus Pai consentiu que jamais em sua vida ela fizesse algum milagre, pelo menos um milagre visível e retumbante, conquanto lhe tivesse outorgado o poder de fazê-los. Deus Filho consentiu que ela não falasse, se bem lhe houvesse comunicado a sabedoria divina. Deus Espírito Santo consentiu que os apóstolos e evangelistas a ela mal se referissem, e apenas no que fosse necessário para manifestar Jesus Cristo. E, no entanto, ela era a Esposa do Espírito Santo.

5. Maria é a obra-prima por excelência do Altíssimo, cujo conhecimento 2 e domínio ele reservou para si. Maria é a Mãe admirável do Filho, a quem aprouve humilhá-la e ocultá-la durante a vida para lhe favorecer a humildade, tratando-a de mulher – mulier (Jo 2, 4; 19, 26), como a uma estrangeira, conquanto em seu Coração a estimasse e amasse mais que todos os anjos e homens. Maria é a fonte selada (Ct 4, 12) e a esposa fiel do Espírito Santo, onde só ele pode penetrar. Maria é o santuário, o repouso da Santíssima Trindade, em que Deus está mais magnífica e divinamente que em qualquer outro lugar do universo, sem excetuar seu trono sobre os querubins e serafins; e criatura algumas, pura que seja, pode aí penetrar sem um grande privilégio.

6. Digo com os santos: Maria Santíssima é o paraíso terrestre 3 do novo Adão, no qual este se encarnou por obra do Espírito Santo, para aí operar maravilhas incompreensíveis. É o grande, o divino mundo de Deus 4, onde há belezas e tesouros inefáveis. É a magnificência de Deus 5, em que ele escondeu, como em seu seio, seu Filho único, e nele tudo que há de mais excelente e mais precioso. Oh! que grandes coisas e escondidas Deus todo-poderoso realizou nesta criatura admirável, di-lo ela mesma, como obrigada, apesar de sua humildade profunda: Fecit mihi magna qui potens est (Lc 1, 49). O mundo desconhece essas coisas porque é inapto e indigno.

7. Os santos disseram coisas admiráveis desta cidade santa de Deus; e nunca foram tão eloqüentes nem mais felizes, – eles o confessam – que ao tomá-la como tema de suas palavras e de seus escritos. E, depois, proclamam que é impossível perceber a altura dos seus méritos, que ela elevou até ao trono da Divindade; que a largura de sua caridade, mais extensa que a terra, não se pode medir; que está além de toda compreensão a grandeza do poder que ela exerce sobre o próprio Deus; e, enfim, que a profundeza de sua humildade e de todas as suas virtudes e graças são um abismo impossível de sondar. Ó altura incompreensível! Ó largura inefável! Ó grandeza incomensurável! Ó insondável!

8. Todos os dias, dum extremo da terra ao outro, no mais alto dos céus, no mais profundo dos abismos, tudo prega, tudo exalta a incomparável Maria. Os nove coros de anjos, os homens de todas as idades, condições e religiões, os bons e os maus. Os próprios demônios são obrigados, de bom ou mau grado, pela força da verdade, a proclamá-la bem-aventurada. Vibra nos céus, como diz São Boaventura, o clamor incessante dos anjos: Sancta, sancta, sancta Maria, Dei Genitrix et Virgo; e milhões e milhões de vezes, todos os dias, eles lhe dirigem a saudação angélica: Ave, Maria..., prosternado-se diante dela e pedindo-lhe a graça de honrá-la com suas ordens. E a todos se avantaja o  príncipe da corte celeste, São Miguel, que é o mais zeloso em render-lhe e procurar toda a sorte de homenagens, sempre atento, para ter a honra de, à sua palavra, prestar um serviço a algum dos seus servidores.

9. Toda a terra está cheia de sua glória, particularmente entre os cristãos, que a tomam como padroeira e protetora em muitos países, províncias, dioceses e cidades. Inúmeras catedrais são consagradas sob a invocação do seu nome. Igreja alguma se encontra sem um altar em sua honra; não há região ou país que não possua alguma de suas imagens milagrosas, junto das quais todos os males são curados e se obtêm todos os bens. Quantas confrarias e congregações erigidas em sua honra! quantos institutos e ordens religiosas abrigados sob seu nome e proteção! Quantos irmãos e irmãs de todas as confrarias , e quantos religiosos e religiosas a entoar os seus louvores, a anunciar as suas maravilhas! Não há criancinha que, balbuciando a Ave-Maria, não a louve; mesmo os pecadores, os mais empedernidos, conservam sempre uma centelha de confiança em Maria. Dos próprios demônios no inferno, não há um que não a respeite, embora temendo.

10. Depois disto é preciso dizer, em verdade, com os santos: De Maria nunquam satis... Ainda não se louvou, exaltou, amou e serviu suficientemente a Maria, pois muito mais louvor, respeito, amor e serviço ela merece.

11. É preciso dizer, ainda, com o Espírito Santo: Omnis gloria eius filiae Regis ab intus – Toda a glória da Filha do Rei está no interior (Sl 44, 14), como se toda a glória exterior, que lhe dão, a porfia, o céu e a terra, nada fosse em comparação daquela que ela recebe no interior, da parte do Criador, e que desconhecem as fracas criaturas, incapazes de penetrar o segredo dos segredos do Rei.

12. Devemos, portanto, exclamar com o apóstolo: Nec oculus vidit, nec auris audivit, nec in cor hominis ascendit (1Cor 2, 9) – os olhos não viram, o ouvido não ouviu, nem o coração do homem compreendeu as belezas, as grandezas e excelências de Maria, o milagre dos milagres da graça 6, da natureza e da glória. Se quiserdes compreender a Mãe – diz um santo – compreendei o Filho. Ela é uma digna Mãe de Deus: Hic taceat omnis lingua –Toda língua aqui emudeça.

13. Meu coração ditou tudo o que acabo de escrever com especial alegria, para demonstrar que Maria Santíssima tem sido, até aqui, desconhecida 7, e que é esta uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser. Quando, portanto, e é certo, o conhecimento e o reino de Jesus Cristo tomarem o mundo, será uma conseqüência necessária do conhecimento e do reino da Santíssima Virgem Maria. Ela o deu ao mundo a primeira vez, e também, da segunda, o fará resplandecer.

Meditação

Entremos com alegria nesta segunda Semana, que devemos empregar no conhecimento da Santíssima Virgem. Trabalho amável e exaltante, impede-nos de nos demorar em demasia na consideração de nossas misérias.

Se Maria não é tão amada quanto deveria ser, é porque não é conhecida o bastante. Muitos de seus filhos testemunham-lhe apenas uma devoção limitada. Eles a amariam mais, se possuíssem mais luz.

Consideraremos, nesta primeira meditação, o lugar da Santíssima Virgem no plano divino redentor: ela está no centro, com Jesus e na dependência de Jesus. Deus quis cumprir a Encarnação por meio de Maria, e Deus quer ainda cumprir por meio de Maria a santificação das almas.

Valendo-nos dessa luz reveladora, perguntar-nos-emos que lugar nós mesmos desejamos dar à Santíssima Virgem em nossa vida interior. Recitemos todos os dias, como na primeira Semana, as ladainhas do Espírito Santo e a Ave, maris Stella. Além disso, é-nos recomendado recitar um rosário todos os dias, ou, pelo menos, um terço, para obter do Espírito Santo essa graça do conhecimento de sua Esposa Imaculada. (V. D., n. 229.)

 

I. DEUS QUIS CUMPRIR A ENCARNAÇÃO POR INTERMÉDIO DE MARIA

Montfort começa por mostrar-nos as três Pessoas divinas fixando sobre Maria a escolha de seu eterno conselho:

“Deus Pai deu seu Filho único ao mundo por intermédio de Maria. Por mais que tenham suspirado os patriarcas, por mais que tenham pedido os profetas e os santos da antiga Lei, durante milênios, para ter esse tesouro, somente Maria o mereceu e achou graça diante de Deus (Lc 1, 30), pela força de suas preces e pela elevação de suas virtudes. O mundo era indigno, diz Santo Agostinho, de receber o Filho de Deus imediatamente das mãos do Pai; deu-o a Maria, a fim de que o mundo o recebesse por meio dela.

“Deus Filho se fez homem por nossa salvação, mas em Maria (em seu ventre virginal) e por Maria (por sua cooperação voluntária e amorosa).

“(Foi por isso que) Deus Espírito Santo formou Jesus Cristo em Maria, mas depois de ter-lhe pedido seu consentimento por intermédio de um dos primeiros ministros de sua corte”. (V. D., n. 16.)

Que excessos de deferência, poder-se-ia dizer! Entre todas as filhas de Israel, somente Maria de Nazaré é o objeto dos olhares divinos. O Pai foi amorosamente vencido por suas preces. O Filho escolheu, para encarnar, o caminho mariano de preferência a todos os outros. O Espírito Santo não realizará essa grande obra sem ter obtido previamente o consentimento da Virgem.

Se refletirmos sobre essa inefável conduta das três Pessoas divinas escolhendo Maria para dar Jesus às almas e uni-las a ele, como não reconhecer lealmente que amar Maria de todo o nosso coração não nos impede, de modo algum, de centrar nossa vida espiritual sobre a Trindade?

Nós imitamos a conduta das três Pessoas divinas; damos a Maria o lugar que o próprio Deus quis lhe dar. Nosso amor por ela não pode se desviar.

 

II

QUANTO À SANTIFICAÇÃO DAS ALMAS, prolongamento da Encarnação, DEUS QUER TAMBÉM CUMPRI-LA POR INTERMÉDIO DA SANTÍSSIMA VIRGEM: Sua conduta não muda e não mudará até a consumação dos séculos. É por isso que Montfort nos mostra, agora, as três Pessoas divinas derramando sobre Maria tudo o que possuem, para que nós mesmos sejamos enriquecidos por seu intermédio.

“Deus Pai fez uma reunião de todas as águas, que chamou mar; fez uma reunião de todas as suas graças, que chamou Maria. Esse grande Deus tem um tesouro riquíssimo, onde encerrou tudo o que há de belo, de luminoso, de raro e de precioso, até seu próprio Filho; e esse tesouro imenso não é outro senão Maria, chamada pelos santos o tesouro do Senhor, da plenitude do qual os homens são enriquecidos.” (n. 23.)

O Pai, encerrando em Maria “até seu próprio Filho”, cobriu-a de uma riqueza tamanha que nenhuma criatura pode receber riqueza maior. A Virgem carrega em si a Pessoa divina do Verbo encarnado. Esse contato com a humanidade e a divindade de Jesus faz afluir em ondas intensas na bem-aventurada Mãe, cujas disposições são tão perfeitas, uma vida sobrenatural, por assim dizer, sem limite. É uma plenitude de superabundância. Mesmo a imensidão do mar – única comparação possível – pode nos dar apenas uma fraca ideia dessa plenitude.

“Deus Filho comunicou à sua Mãe tudo o que ele adquiriu por sua vida e sua morte, seus méritos infinitos e suas virtudes admiráveis; e a constituiu como tesoureira de tudo o que seu Pai lhe deu como herança. É por meio dela que ele aplica seus méritos aos seus membros, que ele comunica suas virtudes e distribui suas graças. Ela é seu canal misterioso, seu aqueduto, por onde ele faz passar docemente e abundantemente suas misericórdias.” (n. 24.) 

Esse papel de Maria, que lhe é atribuído na distribuição das graças da Redenção, é a consequência do papel que ela teve em sua aquisição, tendo Jesus “escolhido-a como companheira indissolúvel de sua vida e de sua morte”. (n. 74.) O Salvador podia, seguramente, dispensar qualquer auxiliar na obra redentora; mas agradou-lhe, e era o plano eterno, que a Virgem fosse associada às suas dores. Tendo um só decreto decidido, ao mesmo tempo, a Encarnação e a Maternidade divina, o Cristo e a Virgem foram inseparáveis na obra de nossa salvação. O que Jesus mereceu por justiça, Maria o mereceu por afinidade.

“Deus Espírito Santo comunicou a Maria, sua fiel Esposa, seus dons inefáveis, e escolheu-a como dispensadora de tudo o que possui; de modo que ela distribui a quem deseja, tanto quanto deseja, como e quando deseja, todos os seus dons e suas graças; pois não se dá nenhum dom celeste aos homens sem que passe por suas mãos virginais.” (n. 25.)

O Espírito Santo não deixou de enriquecê-la, a ponto de querer, no dia do Pentecostes, que ela fosse a dispensadora visível de seus dons e graças de santificação, e dos carismas que os acompanham. Por meio dela, presente no meio do Cenáculo, ele se derramou sobre os Apóstolos e sobre os fiéis que compunham, então, o berço da Igreja nascente.

Desde esse dia, todas as santificações visíveis, todos os Pentecostes que se cumprem no íntimo das almas, se fazem por sua ação, unida à do Espírito Santo. Essa união é tão grande que Maria pode livremente dar a quem desejar: tanto a uma Teresa de Lisieux quanto a um Charles de Foucauld ou a um Alphonse Ratisbonne; quanto desejar, pois não há limite à sua generosidade: quantas graças de luz distribuiu ela a São Bernardo, a São Francisco de Sales, a São Luís Maria de Montfort, e a tantos outros; como desejar, isto é, da maneira que julgar mais eficaz para atingir e ganhar os corações, seja por meio de suas aparições, seus milagres, ou pelo sentimento de sua presença na alma obediente; quando desejar: encontramo-la trabalhando em todas as épocas da Igreja, mas é manifesto que nestes tempos que são os nossos, sua ação se afirma com um poder extraordinário. Não se dá, assim, nenhum favor celestial aos homens, sem que passe por suas mãos virginais.

 

III

Essa adorável conduta das três divinas Pessoas em relação a Maria, no cumprimento do mistério da Encarnação e na obra da santificação das almas, mostra-nos claramente o LUGAR da Virgem no plano redentor. Cumprindo a eterna e misericordiosa vontade de Deus, ela está no CENTRO com Jesus e na dependência de Jesus. Esse é o mesmo lugar que todas as almas cristãs deveriam dar-lhe em sua vida interior. Felicitemo-nos por querer conceder-lho.

A maior parte dos fiéis de nossas paróquias se contenta em cumprir seus deveres de cristãos, sem manifestar-lhe uma devoção especial.

Outros fiéis são mais atentos a recorrer com maior frequência à Santíssima Virgem. Oram a ela pela manhã e à noite, gostam de recitar seu terço e até mesmo, em determinados dias, seu Rosário, assim como seu pequeno Ofício. Veem com prazer chegar cada uma de suas festas, inclusive as que não são solenizadas. Os meses de maio e de outubro são-lhes meses de fervor amoroso. Suas almas se comprazem na leitura de um livro que trata das grandezas de Maria, assim como na audição de um sermão que celebra um ou outro de seus mistérios. Gostam também de manifestar um cuidado particular por seus altares, suas estátuas e capelas. Frequentam suas peregrinações, seus Congressos, se possível, como testemunho dos sentimentos de estima, de amor, de confiança e de veneração que têm por ela.

Essa devoção é a de nossas elites cristãs, e, com maior razão, das almas religiosas e sacerdotais. Ela é boa, santa e louvável; concede a Maria um grande lugar na piedade. É possível contentar-se com essa devoção, e muitos o fazem.

Há, entretanto, os que desejam ir mais além, pois, por mais louvável que seja essa maneira de honrar Maria, é preciso reconhecer que não lhe concede senão uma parte do tempo, uma parte das preces e das boas obras. Não se pode dizer que essas práticas exteriores e transitórias se harmonizam com o lugar dado à Virgem no plano divino.

É por isso que, se desejamos imitar a conduta das três Pessoas divinas em relação a Maria, devemos chegar até a DOAÇÃO TOTAL de nós mesmos e até uma VIDA DE UNIÃO em todos os instantes, que dela decorre. É preciso – e meditaremos sobre isso nos dias que seguem – escolher Maria como a Mãe e a Senhora de toda a nossa vida sobrenatural, como o Verbo encarnado a escolheu como sua Mãe e sua Cooperadora na obra de nossa salvação. É preciso entregar às suas mãos tudo o que nos é possível dar-lhe, sem nenhuma restrição nem reserva; assim como Deus Pai comunicou-lhe todas as suas graças, Deus Filho todos os seus méritos, Deus Espírito Santo todos os seus dons inefáveis; bem convencidos de que o que damos é pouco em relação ao que eles lhe deram.

Doravante, não haverá mais uma prece, um trabalho, uma fadiga, um sacrifício, um sofrimento do espírito ou dos membros, um ato de virtude, uma ocasião de mérito que, previamente, não lhe seja dado, entregue, confiado, com a generosidade de um amor sem limite.

Essa Consagração é oferecida à livre escolha de cada um. Não é imposta; mas se impõe por si mesma, quando a luz brilha sobre uma alma reta e generosa, que compreendeu que jamais incluirá em demasia a Santa Virgem em sua vida interior. Por isso, tanto em todas as famílias religiosas quanto em todas as dioceses do mundo, almas acolhem-na com gratidão e alegria. É uma questão de santificação pessoal. Nenhum limite pode ser estabelecido nesse domínio.

  1. Antífona à Santíssima Virgem para o tempo de Natal; hino “Ave Maris Stella”.
  2. .ut soli Deo cognoscenda reservatur (São Bernardino de Sena, Sermão 51, art. 1, cap. 1).
  3. Racionalis secundi Adam paradisus. São Leão Grande (Sermo de Annunctiatione).
  4. Mundus specialissimus altissimi Dei. (São Bernardo).
  5. Magnificentia Dei. Ricardo de São Lourenço (De laud. Virg., lib. IV).
  6. Miraculum miraculorum (São João Damasceno, Oratio I de Nativitate B.V.).
  7. No sentido de: conhecida insuficientemente, como se depreende de todo este parágrafo e da expressão: “Jesus Cristo não é conhecido como deve ser”

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