Braço direito do Papa Francisco retorna para a Argentina
Fonte: Perfil oficial do Cardeal Burke
Tradução e grifos por salvemaria.com.br
Reporte de Messa in Latino:
“Sic transit gloria mundi.”
Este famoso lema descreve apropriadamente a história de Dom Juan Cruz Villalón, o poderoso braço direito de Francisco. O padre argentino, ordenado pelo então cardeal Bergoglio em Buenos Aires, em 2011, permaneceu ao seu lado até o fim. No entanto, deixou Roma há poucos dias: Leão XIV não precisava mais dele e, por isso, ordenou seu retorno à Argentina no final de junho.A partida de Villalón marca o fim de uma era no Vaticano. Desde que seu ex-arcebispo o levou ao outro lado do mundo para integrar o Dicastério para o Clero, a rede de poder do jovem padre se expandiu significativamente.
O jornal Il Tempo foi o primeiro a escrever sobre ele durante a última internação de Francisco no Hospital Gemelli, quando Villalón era um dos poucos com acesso ao quarto do ilustre paciente — ao contrário do secretário oficial, Fabio Salerno. Na prática, Dom Juan Cruz atuava como secretário pessoal de Bergoglio, embora sem nomeação formal, o que refletia a conhecida alergia do falecido Papa ao formalismo.
Com o tempo, a influência acumulada nas sombras começou a se manifestar também em aparições públicas: empurrando a cadeira de rodas do Papa na abertura do Jubileu, sussurrando na sacada do Hospital Gemelli no dia da renúncia, ou durante sua última viagem no papamóvel, no Domingo de Páscoa.
A afeição de Francisco era clara, mas na Cúria havia desconfiança. Diversas fontes no Vaticano relatam que Villalón exercia influência privilegiada sobre o número um, influenciando nomeações, decisões e até entrando em conflito com prefeitos de dicastérios.
Sua relação com o superior direto, o Cardeal Lazarus You Heung-sik — reconhecido por sua piedade e paciência — também foi difícil. Fontes ouvidas por Il Tempo afirmam que o prefeito se sentia frequentemente ignorado por seu vice, o chileno Andrés Gabriel Ferrada Moreira, e por Villalón.
Essas tensões ecoavam outras, como no Dicastério dos Bispos, onde o secretário, Ilson de Jesus Montanari, também costumava “se estender” além de seu papel. Talvez essas experiências tenham influenciado Leão XIV na decisão de afastar o braço direito de seu antecessor — afinal, o secretário de um Papa anterior é, historicamente, incômodo para o novo pontífice.
Segundo relatos, Villalón não reagiu bem à ordem de retorno, tentando de todas as formas convencer o Papa a deixá-lo permanecer em Roma. Estava visivelmente adaptado: entre assistir aos jogos da Lazio, seu time, e oferecer visitas guiadas aos Jardins do Vaticano para amigos, sentia-se em casa.
Mas Leão XIV foi inflexível. Uma passagem só de ida para Buenos Aires foi marcada para 30 de junho. O Departamento do Clero não demonstrou insatisfação ao ver seu nome removido do site oficial de pessoal.
Agora, de volta à Argentina, Villalón poderá finalmente ser um “pastor com cheiro de ovelha”. E será, sem dúvida, uma memória viva dos momentos felizes e menos felizes do pontificado bergogliano.