Aborto, 2ª Parte: Penalidades da Igreja e as falácias abortistas

Em continuidade ao artigo anterior, falamos agora sobre as penalidades sofridas por quem comete o aborto, o exemplo de uma Santa que decidiu escolher pela vida de seu bebê, apesar do perigo de sua morte e, por último, uma lista de argumentos favoráveis ao aborto e a maneira de combatê-los.

 

Quais são as penalidades para quem comete tal ato?

“Quem provoca o aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae” Códico de Direito Canônico, canôn 1398.

A excomunhão latae sententiae (isto é, automática) atinge a todos os que, com conhecimento e deliberadamente, intervêm no processo abortivo, quer com a cooperação material – médico, enfermeiro, parteira, etc – quer com a cooperação moral verdadeiramente eficaz – como o marido ou o pai da criança que ameaçam a mulher obrigando-a a submeter-se ao aborto ou até mesmo aqueles que apenas aconselham tal ato.

Para a retirada da excomunhão era necessária a procura do bispo para confissão a ele do ato. Porém, após no Ano da Misericórdia por ordem do Papa Francisco, o excomungado não precisa necessariamente ir ao bispo, bastando que se confesse com um sacerdote.

Caso você já tenha cometido aborto, ou aconselhado alguém a cometê-lo, procure imediatamente um padre e o confesse tal ato, busque realizar penitências continuamente e nunca mais cometa tal crime.

Ao abortar tanto se silencia a missão única que Deus incumbe a cada ser humano, quanto se negligencia o pecado gravíssimo de negar ao filho concebido a vida sobrenatural, fazendo-o morrer sem o sacramanento do Batismo.

 

Um exemplo a ser vivivo: Santa Gianna Beretta Molla

Santa Gianna Molla é o nosso maior exemplo de defesa da vida humana. Médica pediatra, nasceu em Magenta, Itália, no dia 4 de outubro de 1922, dia de São Francisco.

Em 1954 conheceu o engenheiro Pietro Molla e sentiu o chamado à vocação do Matrimônio.

Das suas anotações pessoais podemos extrair essa verdadeira pérola: “Toda vocação é vocação à maternidade: material, espiritual, moral, porque Deus nos deu o instinto da vida. O sacerdote é pai; as irmãs são mães, mães das almas. Preparar-se para a própria vocação, preparar-se para ser doador da vida… saber o que é o grande sacramento do Matrimônio”.

Teve seis gravidezes, fruto do seu Matrimônio, onde quatro crianças nasceram: Pierluigi, Maria Zita, Laura e Gianna Emanuela.

Na última gestação, aos 39 anos, descobriu que tinha um fibroma no útero. Três opções lhe foram apresentadas naquele momento: retirar o útero doente, o que ocasionaria a morte da criança, abortar o feto, ou, a mais arriscada, submeter-se a uma cirurgia de risco e preservar a gravidez. Não hesitou! Disse: “Salvem a criança, pois tem o direito de viver e ser feliz!”

Submeteu-se à cirurgia no dia 28 de abril de 1961 e após segurar sua filha nos braços, faleceu.

Com uma coerência cristã que lhe pautou a vida inteira, ainda em 1946, falando às jovens da Ação Católica dissera: “Se na realização de nossa vocação devêssemos morrer, seria esse o dia mais bonito da nossa vida!”.

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Santa Gianna Beretta Molla, Rogai por nós!

 

As falácias abortistas

São muitos os argumentos proferidos pelo movimento abortista favoráveis a este ato tão atroz que é o aborto, os quais podem e devem ser ferozmente combatidos. Abaixo apresentamos alguns deles e a maneira como podemos combatê-los.

1) “ Meu Corpo, Minhas Regras”

Essa alegação tão usada pelas feministas parte do pressuposto de que o que está se formando no seio da mãe não passa de um “grumo celular” agregado ao seu corpo. A mulher, portanto, teria o “direito” de extirpá-lo, como faria com um tumor que tivesse crescido em seu organismo. Entretanto, essa concepção é falsa pois esse “grumo celular” é já um ser humano potencialmente completo e distinto da mãe. Não há direito da própria mãe, pois o que se formou nela, a partir da concepção, constitui um “terceiro” em relação a ela, sobre o qual ela não tem, de forma alguma, o direito de vida e de morte.

Aquele “amontoado de células” começou a ser formado pela soma dos 23 cromossomos do pai com os 23 cromossomos da mãe, que juntos formaram um ser completamente diferente da mãe e do pai, não sendo portanto direito de um ou de outro.

2) “Independente das implicações religiosas ou morais, o fato é que o aborto constitui um problema de saúde pública, que deve ser resolvido de alguma maneira. Milhares de mulheres morrem em abortos realizados clandestinamente. Realizado em hospitais do Estado, o aborto é mais seguro. As mulheres ricas podem fazer o aborto em clínicas especializadas, enquanto as pobres não. É, portanto obrigação do Estado evitar esses abortos clandestinos, oferecendo às mulheres sem recursos a possibilidade de um aborto legal e seguro.”

A obrigação do Estado é favorecer a vida, e nunca a morte. Qualquer que seja a razão da gravidez, a obrigação dos pais é levá-la até o fim. É um outro ser humano que ela leva em seu seio e que tem direito fundamental à vida. A única política pública aceitável é evitar o aborto, com o oferecimento de assistência moral e material durante a gravidez e o parto. Quer a mãe seja rica ou pobre, o problema é o mesmo.

3) “Sendo um crime ou não, o aborto acontece de qualquer maneira. Então, melhor que seja descriminalizado, para que a mãe possa realizá-lo sem sofrer risco de vida”

Não se elimina um mal legalizando-o. Isso equivaleria a propor a legalização do roubo, do estupro, das drogas etc. Afinal, sendo proibido ou não, acontece de qualquer jeito.
Dentro dessa lógica, não deveria existir lei penal alguma. A consequência evidente é que, pelo contrário, os crimes aumentariam, pois estariam protegidos pela total impunidade.

4) “Melhor que seja abortado a ser fruto de uma gravidez indesejada, trazendo mais marginais a sociedade”

Os fins não justificam os meios. O que garante que a criança não será no futuro um empreendedor de sucesso? Ou talvez o policial que o defenderá de um crime?

O futuro só pertence a Deus e não cabe a ninguém decidir por Ele quem deve ter direito a vida ou não, porque Ele sabe até mesmo a contagem exata de todos os fios de cabelo de nossa cabeça. O que podemos e devemos fazer é catequizar nossos jovens para que num futuro, se Deus quiser não tão distante, possamos criar matrimônios fortes, capazes de extinguir gestações indesejadas.

5) “Uma solução, então, seria promover, em larga escala, os métodos artificiais de controle da natalidade. Assim evitar-se-ia a gravidez indesejada, e por consequência o aborto.”

Na verdade não. A contracepção constitui uma violação da Lei divina e da Lei natural, pois impede a realização do fim próprio do ato sexual, que é a procriação. Não é lícito combater uma ação criminosa com uma prática imoral. A contracepção não elimina a prática do aborto, mas abre as portas para ele.

Veja um exemplo: Antigamente, quando os métodos contraceptivos já existiam mas não eram largamente empregados, o pensamento da população a respeito do aborto era um frêmito de repulsa em quase todos os ambientes, sobretudo nos meios católicos. Com o passar do tempo, contraceptivos orais passaram a existir em todas as farmácias a um preço acessível a maior parte da população, preservativos começaram a ser distribuídos nos hospitais e até mesmo nas escolas, fazendo parte da rotina dos jovens e de crianças. E o pensamento sobre o aborto como ficou? Sofreu uma transformação gradual, de maneira que a total repugnância passou a ser “Sou totalmente contrário ao aborto, mas em caso de estupro…” e depois: “Jamais abortarei… mas não condeno quem o faça em casos extremos” e assim por diante, chegando a ser totalmente normal e aceito por diversos grupos de pessoas hoje em dia.

Não estamos dizendo que a causa do aborto seja totalmente devido aos métodos contraceptivos, afinal, não há dúvidas de que o sentimentalismo dos movimentos abortistas tiveram grande influência. No entanto, também não podemos fechar os olhos para a lavagem cerebral que a pornografia, e com ela os métodos contraceptivos, fazem com a mente, cada vez mais fraca, da nossa sociedade.

Como já declarava o ex-diretor médico de uma entidade financiadora e promotora do aborto e do controle da natalidade: “À medida que as pessoas adotam métodos contraceptivos, aumenta e não decresce o número dos abortos”1

 

Referências:
– Catecismo contra o Aborto, Pe. David Francisquini
– Vida de Santa Beretta Molla: http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo237.shtml

 

  1. Andrew Scholberg, The Abortions and Planned Perenthod: Familiar Bedfellows – IRNFP, vol. IV, nº 4, Winter 1980, p. 298.

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