Soneto a Nossa Senhora

Se a febre atraiçoada enfim declina,
E se se esconde a aberta sepultura,
Ao vosso rogo o devo, ó Virgem pura,
Por quem me quis livrar a mão divina.

Sem vós debalde a experta medicina
Traça, e aparelha a desejada cura;
Sem vós o índio adusto em vão procura
A amarga casca da saudável quina.

Quando em luta co’ a morte me contemplo,
Sem haver já no mundo quem me valha,
Do vosso gram poder, que grande exemplo!

Vencestes; e em memória da batalha
Penduro nas paredes deste templo,
Rasgando, um novo Lázaro, a mortalha

 

 

Nicolau Tolentino (1741 – 1811)

 

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