Membros da Congregação e seu número

Uma das três características das Congregações Marianas, bem em suas regras e estatutos, é “uma certa exclusividade“. Sem dúvidas, este é um dos temas mais controversos da Congregação. Isso acontece não por haver dúvidas de sua importância e modo de aplicação – que será melhor abordado neste artigo – mas porque neste princípio, assim como em outros, como a luta pela perfeição, a espiritualidade dos dois estandartes, o amor ao dever, a radical devoção e consagração a Nossa Senhora, etc., expressam-se princípios irreconciliáveis com a modernidade e com a mornidão infelizmente tão comuns aos católicos dos nossos tempos.

Infelizmente, em meio às congregações marianas modernas, muitas vezes esses princípios são esquecidos ou substituídos, dando mais importância a outros elementos – sem dúvidas importantes, mas não essenciais – da congregação. Por isso, julgamos conveniente iniciar este artigo com as solenes resoluções do Congresso Mundial da Congregação realizado em Roma em Setembro de 1904:

I. Aquele a cargo da Congregação terá sempre em mente que o objetivo final de toda congregação mariana é a VERDADEIRA PERFEIÇÃO DA VIDA CRISTÃ, e para atingir esse objetivo ordenará todas as suas ações;

II. Ele buscará formar entre os congregados um grupo seleto, que expresse melhor esta perfeição, de modo que sua conduta em particular possa servir de exemplo e encorajamento para os demais;

III. Para satisfazer uma necessidade que hoje é especialmente sentida, ele irá inspirar todos os seus congregados com o espírito de APOSTOLADO, que cada um exercitará de acordo com seu estado de vida, por palavra e exemplo1

Ao Padre Diretor da Congregação será impossível manter sua congregação seleta se não tiver o devido cuidado em admitir membros. Na maior parte das congregações, o primeiro passo para a admissão é tomado por ele; que esteja, portanto, atento e possa analisar bem o caráter dos candidatos antes de fazer julgamento favorável. O dirigente deve ter certeza de que o candidato entende o que significa ser congregado e sinceramente deseja honrar Nossa Senhora e levar, como congregado, uma vida “a mais do que o comum dos fiéis”, isto é, em que se busque uma perfeição com mais intensidade, com mais esforço, com mais dedicação e amor e, também, com mais renúncias e sofrimentos.

É melhor adotar um plano cauteloso até mesmo com membros de outras congregações que se candidatam. O melhor seria pô-los igualmente à prova e à análise antes de pronunciar sua admissão à congregação. Esta prática, com efeito, existe em vários lugares e produz bons resultados. Conhecemos casos em que membros dos mais altos cargos da diretoria de outra congregação passaram mais de um ano esperando antes de serem admitidos.

Às vezes, porém, ao contrário, há pessoas muitos desejáveis que estão relutantes em entrar. O Diretor não deve esperar ser contatado por um desses, mas deve fazer o possível para trazê-los prontamente à congregação, para a honra de Nossa Senhora. O que é, no fim das contas, necessário é a excelência, ou ao menos um sincero, coerente e constante esforço de adquiri-la.

Em alguns casos, não convém ainda admitir algum candidato por faltarem algumas coisas nele. Nesse caso, o dirigente deve conversar com o candidato, expor os motivos com sinceridade e simplicidade, sugerir os passos a cumprir e propor um plano pra uma admissão futura. Muitos congregados excelentes passaram por essa situação!

Finalmente, os membros da congregação devem ser, o quanto possível, de nível exemplar. A mediocridade não serve. Uma devoção sólida e forte, um caráter ilibado, boa habilidade e espírito de sacrifício… Isso faz um bom congregado. Fora desse caso, o dirigente deve esforçar-se para aconselhar, rezar, acompanhar o candidato… Mas a admissão jamais deve ser realizada se faltam essas condições.

 

O número de membros

Quantos congregados deve ter uma congregação? Depende muito das circunstâncias. Um número alto é difícil de gerenciar. Para dirigir bem uma congregação, a diretoria deve conhecer bem cada membro e ter contato pessoal frequente com cada um.

A verdade é que, em uma congregação mariana, há dois perigos quanto ao número de congregados: Haver muita preocupação e não haver nenhuma. A congregação precisa de membros para agir. Uma baixa quantidade de membros prejudica o apostolado, sobrecarrega alguns membros, muitas vezes tolhe o ânimo e mergulha os congregados em cansaço. Congregações pequenas devem se esforçar por conquistar novos membros. O dirigente deve aproveitar oportunidades para convidar pessoas desejáveis, expor os inúmeros benefícios da Congregação e sanar eventuais dúvidas. Muitas vezes, pessoas desejáveis não se candidatam por mal-conhecimento da espiritualidade particular da Congregação.

Já um número grande demais muitas vezes é indicativo de falta de seleção ou, caso a seleção seja bem feita, pouco cuidado com a adequada tratativa de classes e idades. Para estas congregações, recomenda-se a criação de círculos internos, limitados, onde as exigências da regra quanto à busca da perfeição sejam mais fortemente vistas e acompanhadas. Para estas, recomenda-se criar uma espécie de “Lista de espera” para novas entradas, em que haja alguma dificuldade para entrar, o que ao mesmo tempo torna o ingresso mais interessante e ajuda quanto ao gerenciamento da congregação em si.

Trecho do livro “Hints and Helps for those in Charge of the Sodality of Our Lady” (1907), do Pe. Elder Mullan, S.J.,
Traduzido e ampliado por um Congregado Mariano

Este artigo foi produzido por um congregado da Seção da Boa Imprensa da Congregação Mariana da Imaculada Conceição e Santo Afonso de Ligório, Manaus, Amazonas. A reprodução deste conteúdo é livre, desde que se cite a fonte de origem. Para contato, envie-nos um e-mail

  1. Hints and Helps for those in charge of the Sodality of Our Lady, p. VI

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  1. 18 de junho de 2019

    […] Regras sempre reforçaram a exigência de boa seleção dos membros e o cuidado em uma avaliação especial de cada um. Os motivos podemos entender bem no […]