O Itinerário da Semana Santa na Liturgia Romana Tradicional – Segunda-feira Santa
Para acompanhar o artigo anterior desta série: O Itinerário da Semana Santa na Liturgia Romana Tradicional – II Domingo da Paixão ou de Ramos
Segunda-feira da Semana Santa
Estação na Igreja de S. Praxedes.
Fontes da liturgia: Introito, Salmo XXXIV, 1-2; Epístola, Is. L, 5-10; Gradual, Salmo XXXIV, 23 e 3; Tracto: mesmo ao tracto das férias da quaresma; Evangelho: Jo. XII, 1-10; Ofertório: Salmo CXLII, 9-10; Comunhão: Salmo XXXIV, 26.
A estação romana para a Segunda-feira da Semana Santa é a Igreja de S. Praxedes, sem dúvida porque esta basílica possui um memorial da paixão de nosso divino Redentor, o pilar no qual Ele foi preso durante sua flagelação. Essa Igreja também possui as sagradas relíquias de um grande número de mártires que foram reitados das catacumbas, sob ordem do Papa Pascal I, no século IX. O objetivo da liturgia durante esta semana é expor diante de nós a sucessão de circunstâncias da Paixão de Nosso Senhor. No domingo de Ramos assistimos a sua triunfal entrada em Jerusalém, mas esta aclamação apenas exasperou seus inimigos, que se reuniram em concílio para decidir como alcançariam a sua morte. Nesta segunda-feira, Nosso Senhor, que havia se retirado para a Betânia, retornou para Jerusalém e então, nesta noite retornou novamente para a Betânia. Nosso Senhor jejuava, pois o Evangelho nos diz que Ele tinha fome. Ele se aproxima de uma figueira, que estava próxima ao seu caminho; mas nada encontra nela além de folhas, apenas. Jesus, desejando nos deixar uma instrução, amaldiçoa a figueira, que imediatamente secou. Com, isso, Nosso Senhor desejava nos ensinar o que se espera daqueles que nada tem além de bons desejos e nunca produzem neles mesmos os frutos da verdadeira conversão. A alusão a Jerusalém não é menos evidente. Esta cidade é zelosa, no seu exterior, pelo culto divino; mas o seu coração é duro e obstinado, e está planejando, neste mesmo momento, a morte do Filho de Deus.
A maior parte do dia se passa no templo, onde Nosso Senhor mantém discussões longas com os chefes dos sacerdotes e anciões do povo. Sua forma de falar a eles é tão poderosa, que triunfa sobre todas as suas perguntas capciosas. É principalmente no Evangelho de S. Matheus que vemos as respostas de Nosso Senhor, que tão energicamente acusa os judeus de rejeitarem o Messias e a anuncia a punição que viria por causa de seus pecados.
A liturgia desta semana está unida com os últimos acontecimentos da vida de Nosso Senhor. Por isso, os fatos relatados no Evangelho que se referem à Segunda-feira Santa são: a visita de Nosso Senhor ao Templo em Jerusalém; a maldição da figueira estéril; Sua resposta às perguntas insidiosas dos fariseus e dos anciões do povo; Seu retorno à Betânia; e sua previsão da destruição do templo; alusões a estes diversos eventos ocorrem na liturgia da Segunda-feira Santa. O Evangelho da Missa, entretanto, relatava a refeição em Betânia, que poderia ter tido lugar no sábado anterior e que no início da Igreja, devido ao fato de não haver estação, não poderia ser lido neste dia.
No Introito, Nosso Senhor Jesus Cristo, pela boca de David, invoca o auxílio de seu Pai contra seus inimigos, pelos quais Ele é cercado. O Gradual clama por vingança dos Céus contra seus ingratos e endurecidos perseguidores. O Ofertório continua a implorar a Divina assistência, enquanto manifesta a resignada sumissão da divina Vítima a seu Eterno Pai. A antífona de Comunhão renova o apelo que clama pela vingança dos Céus contra os inimigos do Divino Senhor. Na Epístola, o grande profeta Isaías nos coloca diante dos olhos os sofrimentos de Nosso Senhor e também a paciência com a qual Ele suportou todos os insultos e infúrias que recebeu. Tanto sofrimento e tanta expiação, ele adiciona, irão beneficiar os gentios, que estão mergulhados em vícios e em idolatria; a luz do Evangelho irá em breve brilhar sobre eles.
Introito (Salmo 34, 1-2)
Coleta
Epístola (Isaías, 50, 5-10)
Gradual (Salmo 34, 23 e 3)
Tracto (Salmo 102, 10)
Evangelho (João 12, 1-10)
Ofertório (Salmo 142, 9-10)
Na ceia ocorrida na Betânia, preparada para Nosso Senhor pelas irmãs de Lázaro, no qual o mesmo alegre Lázaro, tão recentemente ressuscitado dos mortos, tomou parte, vemos Maria derramando o precioso bálsamo sobre os divinos pés de Nosso Senhor e vemos também como, dentre os presentes que, alguns em sua avareza e irritação, lamentam o desperdício, Nosso Senhor Jesus Cristo mesmo mostra a significância de seu ato: isto é uma predição de que sua morte e sepultamento estão próximos; é uma manifestação do grande amor que preenche a alma do penitente e que as futuras gerações irão agradar-se em contemplar. A Coleta nos urge a pedir, pelos méritos da Paixão, por aquelas graças necessárias à nossa fraqueza. A Secreta nos revela a grande eficácia do Santo Sacrifício do Altar pela purificação das almas e para elevá-las a uma perfeita união com Deus, seu criador. A Pós-Comunhão nos pede a todos por um espírito de fervor que provém da caridade. A Oração Sobre o Povo nos prepara para celebrarmos com alegria o aniversário dos dias em que foi realizada a salvação da humanidade.
Secreta
Comunhão (Salmo 34, 26)
Pós-Comunhão
Oração sobre o Povo1
Tradução e adaptação por um congregado mariano.
Fontes: The Liturgy of the Roman Missal – Dom Leduc e Dom Baudot O.S.B
The Rites of the Holy Week – Pe. Frederick R. McManus
The Mass, A Study of the Roman Liturgy – Pe. Adrian Fortescue
The Liturgical Year – D. Prosper Gueranger